
A interferência da água na maximização dos agroquímicos
09/07/2013 18:44
INTRODUÇÃO
Esta matéria esta sendo escrita com a finalidade de alertar sobre um tema de muita importância no meio agronômico e muito pouco divulgado, e na maioria das vezes quando comentado, deixa alguns pontos fundamentais que deveriam ser relatados para que o assunto se completasse. Deixamos claro que este tema envolve muito mais detalhes do que se abordará neste espaço.
Dados nacionais, internacionais e literaturas especializadas comentam grande interferência da presença de sais comumentes encontrados em águas de pulverização agrícola. Estes sais uma vez presentes, se o produtor não inativá-los com os adjuvantes antes de adicionar os agroquímicos, estes reagem entre si, e só a partir desta interação que os princípios ativos (p.a.) dos agroquímicos ficam liberados para a solução. Estes p.a. uma vez unidos com os sais formarão novos compostos não tendo então eficiência agronômica.
ADJUVANTES NACIONAIS
Existem centenas e centenas de marcas e fábricas, vamos nos atentar apenas aos “bons adjuvantes”. Estes prometem e geralmente realizam os seguintes quesitos:
- Quebra de Tensão Superficial da Calda.
- Redução de pH da Calda.
- Antideriva.
- Antiespumas.
COMO PROVAR?
Estas características são facilmente observáveis quanto a maneira prática de se estar mensurando isto:
Coletamos 1 litro da água que vai-se utilizar na pulverização agrícola e adicionamos a dosagem recomendada proporcional do adjuvante neste recipiente (Ex. Se o fabricante recomenda 50 ml/100 lt, utiliza-se então 0,5 ml/1lt.). A partir daí com uma fita de medição de pH de boa qualidade (Ex: Merck), introduza na calda (água já adicionado o adjuvante) a fita e faça a leitura do pH; faça isto várias vezes, ou seja, a cada 2 a 4 horas, neste processo você irá certificar do poder tampão deste adjuvante. O poder tampão serve para saber se este adjuvante resiste a não mudança de faixa do pH, isto é, a segurança que ao longo do trabalho de pulverização não haja reação de hidrólise, pois isto diminuiria muito a eficiência do seu agroquímico principalmente se houver alguns entraves tipo ter de parar para o almoço durante a aplicação, consertar um pneu ou reparos no conjunto (trator + pulverizador), chuvas que irão atrapalhar a continuidade da aplicação, etc. etc. .
Com relação à Antideriva todos os adjuvantes que consigam transferir para a calda propriedades que impedirão formação de bolha de ar na gota, isto por si só ajuda no processo de Antideriva.
Antiespumas é a mais facilmente detectável pelo produtor, pois adjuvantes que contém esta propriedade impedem que os agroquímicos formem espumas.
No quesito quebra de tensão, não impressionar com certos produtos que aparentemente fazem isto com grande impressão aos nossos olhos, tipo, fazer “estourar” uma gota com algum objeto pontiagudo. Esta característica tem de ser transferido à calda de pulverização.
Como provar? Após a equivalência da dosagem recomendada aplicada em um litro de água que vai ser utilizada na pulverização agrícola, introduza rapidamente uma folha bem serosa nesta calda, retira-se imediatamente, a parte que foi mergulhada nesta calda teria de aparecer nitidamente 100% (ideal) coberta por um filme (ambos os lados da folha), imediatamente após introduza esta folha em uma água pura, e deixe a secar, com isto você estará mensurando (parte prática) a capacidade da formação filme deste adjuvante e sua adesividade e a quebra de tensão (espalhabilidade). Nota-se que esta parte mergulhada ficará na folha mais tempo umectante em relação a não tratada ou em relação a outros adjuvantes que deverão fazer partes dos testes.
Um bom adjuvante necessariamente tem de efetivamente transferir para a calda de pulverização outros importantes quesitos.
- O poder tampão tem de durar por mais de 50 a 70 horas, (evitando desperdícios da calda que porventura ficam dentro do tanque pulverizador neste período aguardando condições para ser aplicado).
- A ação Antievaporante tem de ser efetiva, pois as gotas de menores tamanhos são geralmente de maior eficiência agronômica e também mais sujeitas a evaporação.
- O adjuvante tem de ajudar na qualidade da formação de gotas, ou seja, este adjuvante tem de ser “ajudador” também nesta função, pois este tem de transferir para a calda de pulverização propriedades químicas que irão facilitar o sistema a formar gotas próprias da característica do bico que está sendo utilizado dentro das especificações técnicas.
Erros cruciais dos fabricantes de adjuvantes nacionais: Para “ganhar” mercado eles reduzem muito à dosagem. Há no mercado adjuvantes de 10, 15, 20, 30 ml/para se corrigir 100 litros de água, geralmente estes não conseguem tamanha eficiência com tão pouca dosagem. Nos nossos experimentos constatamos que a dosagem mínima média para transferir qualidade de gotas, é de 0,5 ml/ 1 lt. de água; melhores resultados tem sido na dosagem de 1ml/1lt.
- Muitos adjuvantes líderes no mercado nacional além de NÃO realizarem a principal função deste que é o ‘SEQUESTRO’ dos sais presentes na água (efetivamente que vão inativar partes dos p.a.), liberam ainda mais sais, tornando-a esta pior (neste item) do que na sua forma original. Não conseguimos até o momento (exceção de uma empresa, uma marca) detectar laboratorialmente que os adjuvantes testados realizam esta função de SEQUESTRO plenamente.
O mercado tem de oferecer mais opções de adjuvantes, de boa qualidade e segmentado, pois no Brasil, água ácida, pura e cristalina virou sinônimo de uma água ideal para pulverização agrícola, ou seja, basta reduzir o pH para ser considerado um bom adjuvante. Há diversos trabalhos científicos em literaturas especializadas, onde estes demonstram claramente que este “conhecimento popular” é infundado. Cito apenas um trabalho como ex. da Zêneca (hoje Syngenta), que demostram claramente os resultados de eficiência agronômica de alguns agroquímicos onde o diferencial era apenas a inativação dos sais presentes na água de pulverização, ou seja, as águas tinham os mesmos pH, embora uma das amostras era realizada os “sequestros” dos sais, e o resultado não diferiu o que a ciência conclui, ou seja, o grau de interferência média foi de 30% aproximadamente, comprovando assim que mesmo em uma água ácida, existindo presença de sais, estes irão reagir com o p.a. dos agroquímicos inativando-os. Portanto em uma escala de valores, o sequestro dos sais é mais importante que a simples redução de pH.
No mercado comenta-se muito a respeito do item Antideriva, pois o adjuvante dá peso nas gotas; pergunto como pode 10, 20, 50 ,100, 200 ml/etc. dar peso em 100 lt de água?. Como o óleo sendo mais leve que a água pode dar peso as gotas? O processo é outro.
No mercado há diversas moléculas que se comportam melhor agronomicamente em ambientes muito poucos ácidos (pH maior ou igual a 5,5), pH neutros e muitos em pH alcalinos. Existem tabelas onde relatam as melhores faixas de pH para diversos agroquímicos.
Na prática realiza-se muita mistura de tanque com produtos que atuam bem em diferentes faixas de pH, o que fazer?
Neste caso deve-se eleger qual é o tratamento prioritário que esta-se realizando e trabalhar na faixa de pH ideal deste agroquímico, permitindo assim que este maximize todo seu potencial agronomicamente falando. Ex: Irei pulverizar minha lavoura de soja contra ferrugem, mas há também pragas , irei misturar com fosforado. O que fazer?
Sabedor que pH ideal dos Triazóis e Estriburilinas se comportam bem em pH aproximadamente de 5,5 e os fosforados se comportam bem em ambientes mais ácidos, priorizarei a ferrugem (é muito mais agressiva e exige mais cuidado), então não é que o fosforado não vai surtir o efeito por não trabalhar na faixa ideal da sua acidez, o que vai ocorrer é que o fosforado vai demorar mais um pouco para “entrar” dentro da planta, ou seja, a acidez da calda está ligada diretamente com a velocidade de absorção.
Nesse segmento de adjuvante há muitas inverdades que o produtor necessariamente tem de ficar atento. Os adjuvantes são efetivamente bons “ajudadores” dos agroquímicos, permitindo a estes que se maximizem suas funções agronômicas, é esta a principal finalidade de um bom e verdadeiro adjuvante.
*Geraldo de Jesus Gomes Albino
Engenheiro Agrônomo
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