A pecuária brasileira corre perigo

08/08/2013 20:28

Custos elevados, margens reduzidas, baixo controle do rebanho, falta de investimentos e mercado concentrado desestimulam a produção de carne

 

José Annes Marinho

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Os resultados expressivos da pecuária brasileira mostram que o rebanho dobrou nos últimos 36 anos, passando de 102,5 milhões de cabeças para 204 milhões. Vocês sabem quais são os motivos? Podemos citar alguns mais eminentes: os custos elevados, a margem de retorno cada vez menor, o abate enorme de fêmeas, a falta de investimentos no setor e o mercado concentrado com poucas opções aos produtores para vendas. Esses são alguns dos problemas, além da pressão por terras antes utilizadas pela pecuária e agora sendo incorporadas por grãos, exatamente pelo fato do mercado estar pagando pouco por uma produção com custos elevados. 

 

Mas qual seria a melhor forma de escapar desses problemas? Seria investindo mais? Seria fazendo a integração lavoura-pecuária? Talvez esteja nesta última sugestão a forma para o pecuarista não sofrer com as intempéries do mercado. Alguns resultados mostram que, por exemplo, o sistema “Santa Fé”, desenvolvido pela Embrapa, gerou ganhos tanto na pecuária como na produção de grãos. Outros sistemas utilizados com o “barreirão” podem ser uma alternativa para as oscilações do mercado.

Em outras ocasiões, citamos que nossa média de natalidade gira em torno de 56%, isto é, para cada 100 matrizes, nascem 56 bezerros; ou seja, 44 matrizes estão comendo e bebendo às custas do pecuarista. Esse é um grande desafio aos produtores: melhorar o controle do rebanho para que os resultados cheguem a patamares superiores, como 80%, índice exemplar nas condições brasileiras e plenamente factível. Mas, é claro: com planejamento.

Os sistemas utilizados como exemplo demonstram o que o pecuarista mais deseja: redução do período dos animais nas pastagens, ganho de peso e menor tempo, manutenção dos parâmetros químicos e físicos do solo; como consequência a redução do tempo para abate dos animais em 50%, ou seja, de 20 a 22 meses, para estarem com 450 kg.

Não podemos deixar de pensar que tudo isso é viável. Os exemplos estão aí para serem seguidos e melhorados. As manifestações que estão ocorrendo no País nos mostram que é possível: com muito trabalho, esforço e dedicação podemos ter melhores resultados em diversos setores.

O que não podemos esquecer é que a pecuária corre perigo. Produtores estão vendendo suas áreas, arrendando e/ou até mesmo abandonando a atividade. Os exemplos são vivos: falta de bezerros, falta de matrizes.

Mas e o preço? Pelo visto, continua praticamente o mesmo. Esse é um fator determinante para mantermos a motivação dos pecuaristas, mas não podemos esquecer que se as mudanças não surgirem, a pecuária brasileira corre perigo e irá definhar. A hora para mudar é agora, mas precisamos de união para que isso venha a ocorrer! O perigo está batendo na porta do setor pecuário.

José Annes Marinho, engenheiro agrônomo, é gerente de Educação da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF).

 

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