Área com transgênicos no Brasil deverá crescer 7,3% na próxima safra

08/08/2013 20:34

Levantamento feito pela consultoria Céleres prevê área total de 40,3 milhões de hectares no país, a maior adoção desde o início do cultivo de tais variedades

 

Redação*

 

O cultivo de lavouras de soja e milho transgênicos está crescendo no Brasil. Um levantamento feito pela consultoria Céleres aponta que na safra 2013-2014, a soja transgênica deverá ocupar uma área de 26,9 milhões de hectares, um incremento de 8,9% sobre o levantamento feito em abril deste ano. De acordo com o relatório da consultoria, a expectativa é de que o cultivo da soja transgênica no País chegue a níveis próximos de países como Argentina e Estados Unidos, locais em que a tecnologia está há mais tempo estabelecida.

 

A adoção do milho geneticamente modificado (GM) também deve crescer. Estima-se que a área total ocupada pelo cultivo seja de 12,9 milhões de hectares. Isso significa, considerando as safras de inverno e verão, uma taxa de adoção de 81,4%. Em relação a 2008-09, o primeiro ano em que a biotecnologia foi adotada para o milho, o aumento foi de 11,7 milhões de hectares. O algodão GM também registrou crescimento de 4,8% na área plantada.

Para a diretora executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani, o levantamento revela a confiança dos agricultores brasileiros na biotecnologia. “Em virtude de um sistema regulatório estável e comprometido com o rigor técnico, o produtor do Brasil tem à sua disposição cada vez mais variedades transgênicas adaptadas às diferentes realidades do País”, avalia.

De acordo com o relatório, a área total cultivada com variedades transgênicas deverá totalizar 40,3 milhões de hectares na safra que começa a ser plantada em outubro (crescimento de 7,3% frente ao plantio do ano anterior). Essa é a maior adoção desde o início dos cultivos GM no Brasil.

Ela explica que, do ponto de vista agronômico, os produtores têm verificado os benefícios da adoção de tais tecnologias, como, por exemplo, a maior produtividade com menor custo, já que essas variedades, de forma geral, demandam menor uso de defensivos agrícolas. “Esses benefícios também chegam ao consumidor final, já que, ao ser produzido em larga escala e com custo menor, o preço final tende a ser mais baixo também”, diz.

Anderson Galvão, diretor da Céleres, concorda que a expansão de cultivos GM no Brasil também é motivada por fatores econômicos. “O agricultor sempre busca opções para reduzir despesas e a biotecnologia é uma ferramenta para aumentar a produtividade e facilitar o manejo”, afirma.

O levantamento também destaca forte expansão (de 45%) na adoção de tratamentos combinados (resistência a insetos e tolerância a herbicidas) já disponíveis para soja, milho e algodão. A área de plantio total estimada é de 8,2 milhões de hectares, ou 20,4% da área total dos cultivos GM no Brasil.

A adoção da biotecnologia por região mostra crescimento expressivo das regiões que compreendem o oeste da Bahia, sul do Maranhão e Piauí, e norte do Tocantins. Entretanto, o Mato Grosso continua liderando o ranking por estado, com um total de 10,7 milhões de hectares de variedades GM e expansão de 9,2% frente a safra passada. Seguem-se Paraná (7,2 milhões de hectares e alta de 5,6%) e Rio Grande do Sul (5,6 milhões de hectares e crescimento de 2,0%).

Novas variedades

De acordo com Adriana, do CIB, nos próximos anos o mercado brasileiro contará com uma nova onda de produtos transgênicos com características diferenciadas. Uma delas trata da resistência à seca, ou a condições climáticas adversas. “Ainda não há nenhuma variedade transgênica que seja resistente à seca, o que existe atualmente no mercado são alguns produtos resultados de melhoramentos genéticos, o que é algo bastante diferente”, especifica.

Ela também acredita que em breve chegarão ao mercado produtos com características nutricionais diferenciadas, como é o caso do estudo que vem sendo feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para desenvolver uma alface rica em ácido fólico. “Produtos como esse serão de fundamental importância na questão da segurança alimentar, porque seu custo no varejo é baixo; então ele poderá contribuir com a melhor nutrição de populações de todas as faixas econômicas, com segurança e mais qualidade”. Para ela, é provável que dentro de dois ou três anos, produtos como esses comecem a chegar ao mercado brasileiro.

* Com assessoria do CIB

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