Corrida pelo etanol celulósico

10/12/2012 20:17

 

Crescem os investimentos em projetos para fabricação do biocombustível de segunda geração

O ano de 2013 deverá marcar a arrancada para o início efetivo da produção em escala comercial do etanol celulósico, também chamado de segunda geração, no Brasil. Entre a construção de novas fábricas e a instalação de plantas em unidades já existentes de grandes usinas três projetos se destacam.

Um do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), especializado no desenvolvimento de novas tecnologias para o setor da cana-de-açúcar, outro da Raízen Energia, joint venture resultante de parceria entre Cosan e Shell, e por fim, um da GraalBio, empresa de biotecnologia do grupo Graal.
Com investimentos na casa de R$ 80 milhões, a planta-piloto do CTC será construída na usina São Manoel, na cidade de mesmo nome, localizada no interior de São Paulo. Gustavo Leite, presidente do centro de pesquisas, estima que o etanol celulósico deverá estar disponível comercialmente em 2016/17.

Diferentemente do etanol hoje disponível nos postos de combustíveis, feito a partir do processamento e do tratamento do caldo da cana, o celulósico é obtido a partir da biomassa, ou seja, da quebra da celulose do bagaço ou da palha da planta por meio de enzimas.

Além disso, o biocombustível de segunda geração requer novos tipos de leveduras, que são usadas no processo de fermentação. Segundo Leite, um hectare de cana rende atualmente sete mil litros de etanol. Com o celulósico, um hectare produzirá entre 30 mil a 35 mil litros. Robson Freitas, diretor de negócios e novas tecnologias do CTC, prevê que, até 2014, o Brasil deverá ter cinco plantas de etanol celulósico, entre projetos-piloto e em escala comercial, incluindo também iniciativas das empresas Petrobras e Evonik.

A planta, em escala comercial, da GraalBio consumirá cerca de R$ 300 milhões em investimentos, e terá uma capacidade de produção próxima a 82 milhões de litros de etanol por ano. A unidade, que será construída no Estado de Alagoas, deverá começar a operar no último trimestre do ano que vem.

Pedro Mizutani, vice-presidente da Raízen, afirma que a empresa deverá investir, em 2013, entre R$ 180 milhões a R$ 200 milhões em projetos para produção de etanol celulósico em escala comercial. Segundo ele, a Raízen implantará em suas unidades plantas para fabricação do biocombustível de segunda geração. O executivo estima que, inicialmente, a empresa conseguirá produzir cerca de 40 milhões de litros de etanol celulósico por ano, aproximadamente 50% a mais do que fabrica hoje.

Desafios

Achilles Antônio Clement, diretor de negócios para América Latina da Codexis, empresa norte-americana de biotecnologia, assinala que os desafios para a viabilização comercial do etanol de segunda geração ainda são o alto custo e o tempo de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de enzimas. “Este é o grande calcanhar de Aquiles do negócio”, diz. No caso da Codexis, conta, o processo de P&D para uma nova enzima exige, em média, uma quantia entre US$ 300 a US$ 400 milhões e todo o processo dura aproximadamente dez anos.

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