
De olho na origem
02/04/2013 19:30Verificar a procedência dos alimentos é medida-chave no momento de escolher o que comprar
Lívia Andrade - Sou Agro
Nos últimos meses, uma série de reportagens deixou o brasileiro preocupado com aquilo que come. A primeira delas foi a notícia de carne de cavalo sendo vendida como carne bovina na Europa. A segunda foi veiculada no “Fantástico” e abordava os maus tratos com os animais e falta de higiene em abatedouros legalizados.
Tais fatos provocam uma reação, muitas vez, de total descrédito com a indústria de alimentos. “Hoje há frigoríficos de ponta, com qualidade excelente e auditorias quase semanais, mas há abatedouros municipais e estaduais que nem sempre são fiscalizados”, diz Fernando Sampaio, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), que reúne dez empresas, que juntas respondem por 90% da exportação de carne bovina do Brasil.
Por ano são abatidas 40 milhões de cabeças de gado em território nacional. Metade é inspecionada pelo governo federal e recebe o carimbo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), a outra parte deveria ser fiscalizada por governos estaduais e municipais, o que nem sempre acontece. “Todas as empresas filiadas da Abrafrigo têm inspeção federal, a única que funciona plenamente no Brasil. E neste caso há rigor absoluto de higiene e inspeção sanitária”, diz Péricles Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
Segundo a denúncia do Fantástico, 30% da carne bovina brasileira não tem fiscalização. No entanto, é preciso lembrar que a maior parte (70%) segue o arcabouço de normas e padrões exigidos não só pelas leis brasileiras, mas também pelas leis dos países importadores. “A indústria organizada tem acordos com ONGs, clientes e bancos financiadores”, diz Sampaio.
É o caso do JBS Friboi, maior frigorífico da carne bovina do mundo, que no momento está com uma propaganda televisiva com o ator Tony Ramos mostrando a garantia de origem e qualidade de sua carne. Isto é o que se chama de rastreabilidade, quando a indústria tem o controle de todo o histórico, desde o nascimento do animal até a carne pronta para o consumo.
Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) mostra que um a cada quatro consumidores está atento a informações dos rótulos dos produtos. “Isto não quer dizer ele está atrás da origem”, diz João Paulo Amaral, pesquisador do Idec. Antecipando-se a esta demanda, o Mc Donald’s no início deste ano lançou a campanha “Além da Cozinha”, que tem por objetivo mostrar a qualidade e origem de seus ingredientes. A campanha teve investimento proporcional ao lançamento de um produto e será veiculada o ano todo em mídias online e TV.
O hambúrguer foi o primeiro a ganhar uma propaganda, que pode ser acessada no sitewww.alemdacozinha.com.br. A peça mostra que a carne é procedente de gado nelore, criado a pasto em propriedades preocupadas com o meio ambiente e que prezam pelo bem estar animal e pelas condições de trabalho de seus funcionários. O rebanho tem alto padrão de genética e segue normas rígidas de manejo e sanidade. “Nossa preocupação é gerenciar toda a cadeia de alimentos”, diz Gustavo Faria, gerente de Supply Chain do Mc Donald´s.
Hoje a rede, que recebe 2 milhões de clientes por dia, tem 20 frigoríficos cadastrados para fornecer carne para as três unidades de fabricação de hambúrguer. Essas plantas têm auditorias anuais e seguem o protocolo Mc Donald´s de fabricação, que está atrelado a várias certificações internacionais reconhecidas pelo Global Food Safety Initiative (GFSI), iniciativa dos varejistas para reconhecer as boas práticas de segurança alimentar.
O fato é que há muitas empresas idôneas no país. Basta o brasileiro se informar e escolher bem na hora de comprar sua carne. “Todos os estabelecimentos de varejo estão obrigados a afixar nas suas paredes uma informação para o público que contenha o nome do fornecedor, número do SIF, Estado, etc.”, diz Salazar.
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