Em queda nos Estados Unidos, venda de suco de laranja sobe no Brasil

08/08/2013 20:12

Cooperativas acreditam que o mercado interno pode ser solução para driblar a crise da citricultura

por Luciana Franco

 

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Cooperativa começa a envasar suco com foco no mercado interno (Foto: Shutterstock)

Coperfam – braço da Coopercitrus para a agricultura familiar – está iniciando o envase de suco de laranja integral para ser comercializado no mercado interno. A produção, que começou há dois meses, vai atender a programas do governo federal de fornecimento para presídios e também de governos municipais de abastecimento de suco em merendas escolares. A cooperativa também planeja comercializar parte da produção no varejo nacional. “Para isso, nosso primeiro passo é esclarecer o consumidor sobre a diferença entre suco integral, néctar e refresco”, explica o vice-presidente da Coperfam, Claudionor Gianello 

O potencial de produção da cooperativa é de 5 milhões de litros por mês e a estimativa é de que até o início de 2014 o suco integral da marca Coperfam comece a ser comercializado inicialmente no estado de São Paulo. “Também criamos uma embalagem com 12 laranjas que são comercializadas descascadas e estão sendo oferecidas em supermercados de Campinas como teste. Percebemos que é um produto de altíssima aceitação”, avalia Gianello. 

As ações da Coperfam, que conta com 1.800 associados, dos quais 70% são produtores de citros, visam amenizar a crise da citricultura para os produtores familiares. “Eles não podem mais depender das grandes indústrias, por isso resolvemos esmagar laranja e produzir suco”, diz. 

A estratégia da Coperfam está em linha com uma tendência verificada no Brasil: a de aumento do consumo de suco de laranja. No ano passado o consumo de concentrado de laranja somou 55 mil toneladas, em alta 22% sobre o desempenho de 2003, segundo estudo realizado pela empresa Markestrat. A dificuldade ainda é o tamanho do mercado brasileiro, considerado pequeno em relação ao americano, que consumiu 708 mil toneladas em 2012, mas em queda 29% sobre 2003.

Como o Brasil lidera a produção e exportação mundial de suco de laranja, ainda prefere exportar a vender no mercado interno, mas a citricultura nacional tem sofrido impacto direto da queda das vendas do setor. De acordo com uma matéria publicada no The Wall Street Journal nesta semana, os americanos estão bebendo menos suco de laranja. Uma das razões foi a retomada da dieta Dr. Atkins – de baixo consumo de carboidratos – no mercado norte-americano. Além disso, a maior variedade de bebidas disponíveis nos supermercados, como energéticos e águas vitaminadas, estão roubando espaço do suco. 

Pesquisa da Nielsen revelou que as vendas no varejo de suco de laranja nos EUA caíram para 150 milhões de litros nas quatro semanas encerradas em 6 de julho, o nível mais baixo já registrado, segundo análise dos dados feita pelo The Wall Street Journal. 

O mercado de futuros tem passado por um declínio similar. Havia 20.636 contratos futuros de suco de laranja em aberto em 05 de agosto. Durante um dia semelhante do ano de 2008, o número era 52% maior. No mercado futuro de suco de laranja, os operadores detinham no início desta semana US$ 440,8 milhões em contratos, 60% menos que o registrado em agosto de 2011. 

Na Flórida, principal produtor de citros dos Estados Unidos, a produção caiu de um pico de 244 milhões de caixas de 40,8 quilos em 1998, para 133,4 milhões de caixas em 2013, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

 

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