Guerra de insetos: controle biológico pode reduzir doença em laranjais

16/07/2013 15:36

Uso de vespas nos pomares pode reduzir em até 68% a ocorrência do greening, aponta pesquisa da Esalq/Usp

por Viviane Taguchi
 Shutterstock
O greening ataca pomares até definhá-los; vespas podem ajudar no controle de vetores

O uso de vespas Tamarixia radiata nos pomares de laranjapode ser muito eficaz para combater o greening, principal – e ameaçadora – doença que ataca os pés da fruta. Pesquisa realizada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba (SP), mostra que a seu uso pode reduzir em até 68% a ocorrência da doença. Isso porque, no campo, as Tamarixia radiata “brigam” com as Diaphorina citri, que são as vespas vetores da doença. 

Segundo o engenheiro agrônomo Alexandre José Ferreira Diniz, responsável pela pesquisa, as Tamarixia radiatalevam a melhor na disputa e, eliminando os vetores, acabam por reduzir a incidência do greening. Ele destaca ainda que isso implica na redução significativa das aplicações de inseticidas no campo. 

greening tem sido um pesadelo para os citricultores desde o ano de 2004, quando quase destruiu os pomares do interior de São Paulo. Diniz explica que ela é causada, principalmente por três bactérias do gênero Candidatus Liberibacter, que chegam ao pomar através dos insetos vetores.

“A bactéria provoca um entupimento nos vasos das plantas, o que impede o movimento da seiva, fazendo com que as árvores comecem a definhar e acabam morrendo”, explica Diniz. “A doença é capaz de acabar com a produção dos pomares ativos em cinco anos e os novos não conseguem produzir”. 

Como funciona 

Na “guerra biológica”, as vespas Tamarixia radiata são soltas no pomar. Lá, elas começam procurar ovos para depositarem os seus próprios. Ao encontrar os ovos dos insetos vetores, as pequenas vespinhas ‘matam e comem’ o embrião que está ali dentro e depositam o seu próprio ovo. Assim, a população de vetores começa a ser controlada. 

Nas pesquisas de Diniz, as vespas foram distribuídas em seis regiões diferentes e, de acordo com ele, em algumas delas, a redução chegou a 100%. Mas ele diz que o controle biológico ainda tem que ser usado como complemento a outras técnicas de combate ao greening.

“Utilizando o controle biológico, juntamente com um inseticida seletivo, que elimina apenas o vetor, é possível diminuir despesas e o perigo de contaminação do meio ambiente, das laranjas e do próprio produtor”.

Por ora, o agrônomo diz que a técnica será bastante eficaz se aplicada em pomares que foram abandonados por conta da doença, para evitar a disseminação contínua da praga.

 

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