Leite: produtores farão protestos em todo País contra importação

19/12/2012 20:56

 

Será formalizado um manifesto contra a política de importação de lácteos do Uruguai e da Argentina

por Estadão Conteúdo
João Marcos Rosa
O relator da subcomissão do leite, o deputado Alceu Moreira, observa que o Brasil tem condições de competir com os países vizinhos caso adote o modelo das grandes fazendas leiteiras (Foto: João Marcos Rosa/Ed. Globo)

Os produtores de leite estão preparando para o próximo ano uma série de manifestações em todo País para tentar convencer o governo a impor restrições ao crescimento dasimportações de lácteos do Uruguai e da Argentina. O deputado federal Alceu Moreira (PMDB-RS), relator da subcomissão do leite, afirmou que o primeiro passo será dado nesta quarta-feira (19/12) às 19 horas, na Câmara dos Deputados, quando será apresentado um manifesto assinado por 30 mil produtores, condenando a atuação do governo federal na importação de leite e derivados. 

Alceu Moreira afirmou que "os limites diplomáticos se esgotaram, porque o governo se mantém insensível ao problema provocado pelo aumento das importações de leite, que aviltam os preços e tornam inviável a produção nacional, pois os criadores estão convivendo com a seca e alta de custo". Moreira destacou que no mês passado as importações de leite em pó atingiram 14 mil toneladas, que correspondem a volume diário de 4 milhões de litros de leite. 

A maior parte do leite em pó importado em novembro, cerca de 10 mil toneladas, veio do Uruguai. Moreira lembra que os uruguaios só têm condições de exportar carnes e lácteos. Por isso, diz ele, "o governo massacra os criadores de leite para beneficiar os setores industriais brasileiros que exportam para o mercado uruguaio". No caso dos lácteos da Argentina, o deputado afirmou que o sistema de cota está funcionando bem, mas os argentinos estão relutantes em renovar o acordo. 

O deputado questiona a competitividade dos países vizinhos, ao citar que os laticínios argentinos conseguem colocarqueijo mussarela no varejo na cidade de São Paulo a R$ 7/kg, sendo que no Brasil apenas produzir 1 quilo do derivado, que leva 10 litros de leite, o custo sairia a R$ 8/kg. Ele argumenta que a vantagem dos outros países, além da maior produtividade dos rebanhos, se deve também aos impostos mais baixos pagos pelos criadores. "Na Argentina o tributo do leite incide sobre o lucro, enquanto no Brasil é sobre o custo, na teta da vaca", diz ele. 

Moreira observa que a matriz de produção de leite brasileira difere da dos países vizinhos. Na Argentina, 11 mil produtores produzem 12 bilhões de litros de leite. No Brasil são 1,350 milhão de produtores. Ele lembra que historicamente nas colônias a produção de leite gerava uma receita mensal que ficava com a mulher. "Até hoje muitas famílias no interior são mantidas com a renda do leite, que é o salário mensal", diz o deputado. 

Ele observa que o Brasil tem condições de competir com os países vizinhos caso adote o modelo das grandes fazendas leiteiras, que tem maior produtividade e menores custos. Entretanto, diz ele, se o governo pensar que este é o caminho, milhares de pequenos produtores serão expulsos do campo. 

 

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