Notícias dos Principais Jornais Brasileiros (15-01-2013)

15/01/2013 18:50

 

AGRONEGÓCIO
CHINA VIRA MAIOR VENDEDOR DE FEIJÃO-PRETO PARA O BRASIL

Maior compradora dos produtos agrícolas brasileiros, a China também tem enviado mais bens "naturais" ao país. Em 2012, o Brasil comprou US$ 2,3 bilhões do agronegócio chinês, alta de 4,5% ante 2011, quando essas importações já haviam subido 47%, segundo o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

 

O feijão-preto é o grande destaque da pauta. No ano passado, a China ultrapassou a Argentina e se tornou o principal fornecedor de feijão para o Brasil em toneladas. Em dólares, as vendas aumentaram 200% ante 2011. A seca em regiões produtoras, como o Sul e o Nordeste, estimulou as importações em 2012. Com a produção argentina também afetada pelo clima, a indústria nacional procurou uma alternativa. "O país foi buscar feijão na China em razão da boa oferta e da qualidade do produto", diz Vlamir Brandalizze, sócio da Brandalizze consultoria, especializada no setor.

 

O preço também fez a diferença. "O feijão argentino estava pelo menos R$ 20 mais caro, por saca, do que o chinês, já considerando o frete."

Segundo Brandalizze, o Brasil novamente precisará importar cerca de 200 mil toneladas de feijão, devido à menor área plantada no Sul e à seca de dezembro na região central do país, o que reduzirá a produção.

A posição dos principais exportadores, porém, deve se inverter. "O clima está muito desfavorável para o feijão na China e muitos produtores migraram para o milho", diz o consultor. "Vamos depender mais da Argentina."

 

BACALHAU CHINÊS

Os pescados também ganharam relevância nas exportações chinesas para o Brasil. A China se tornou a principal vendedora de merluza para o Brasil em 2012, novamente superando a Argentina.

O Brasil comprou US$ 111 milhões em merluza da China no ano passado -mais do em que motocicletas (US$ 93 milhões) e automóveis (US$ 50 milhões). Em 2011, esse produto nem constava na pauta dos dois países. As importações de bacalhau chinês já ocorrem há mais tempo -em 2011, ultrapassaram US$ 200 milhões.

 

Mas o CEBC percebeu uma mudança no perfil das vendas. Os chineses começaram a substituir o bacalhau em carcaça pelo filé de bacalhau, processado na origem. "A China busca agregar valor em todos os seus produtos", afirma o presidente do CEBC, Sergio Amaral.

"Esse é o maior potencial da pauta agrícola, que é muito importante na relação entre os dois países. Também devemos exportar produtos com valor agregado", afirma. Para o presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, a importação de produtos agrícolas chineses não pode ser vista como uma tendência.

"A China detectou oportunidades comerciais e, com a oferta de preços baixos, soube se aproveitar delas", diz.

 
15/01/2013 
AGRONEGÓCIO
COHEITA COMEÇA EM GOIÁS E INDICA PERDAS

Assim como em Mato Grosso, os produtores de soja começaram a colher as variedades de ciclo mais curto em Goiás. Em Jataí, principal região produtora do Estado, os primeiros relatos indicam uma ligeira quebra decorrente da falta de regularidade das chuvas na época de desenvolvimento das plantas.

 

Segundo o diretor-geral do Sindicato Rural de Jataí, Silomar Cabral Faria, a região costuma colher 54 sacas do grão por hectare. Para este ano, no entanto, ele projeta 52 sacas. "O veranico prejudicou algumas lavouras. Então, a produtividade média ficará comprometida". A região de abrangência do sindicato é de 240 mil hectares.

Como retardou o plantio da soja, a falta de chuvas também deve afetar a produção de milho de inverno (safrinha). "Começamos o plantio de soja apenas em meados de novembro, embora o ideal fosse começar no fim de outubro. Mas não tínhamos chuva na época", diz. Dessa forma, cerca 30% das lavouras não vão ter a soja em plenas condições de colheita antes de meados de fevereiro, período ideal para o plantio da safrinha. "Cerca de 170 mil hectares (70% da área total de Jataí) vão ter o milho safrinha, o resto vai ter que trabalhar com sorgo".

 

Apesar disso, a projeção oficial aponta para um aumento na produção de soja em Goiás. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita deste ano deve crescer 10,2%, para 9,01 milhões de toneladas, graças principalmente ao aumento de área plantada. Em compensação, a safrinha de milho deve encolher 5,3%, a 3,97 milhões de toneladas.

 
15/01/2013 
AGRONEGÓCIO
CURTAS

Curtas

 

 

Frigoríficos (1) A JBS retomou as operações das unidades de abate e desossa de Pontes e Lacerda e Vila Rica (MT).

Frigoríficos (2) A Moody's elevou a nota de crédito do Minerva para B1, em razão da melhoria na estrutura de capital.

Fertilizantes

A empresa de fertilizantes Uralkali disse que sua produção de cloreto de potássio caiu 16% em 2012.

 

 
15/01/2013 
AGRONEGÓCIO
GOVERNO APOSTA EM RECUO NOS PREÇOS DOS ALIMENTOS EM 2013

Por Tarso Veloso | De Brasília

 

Com os alimentos responsáveis por quase metade da alta de 5,84% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2012, oMinistério da Agricultura avalia que os preços de alguns produtos devem cair no primeiro trimestre, contribuindo para arrefecer as pressões inflacionárias. Apesar da expectativa positiva, existem incertezas quanto ao clima, que pode prejudicar as lavouras em desenvolvimento.

Após subir mais de 30% em 2012, a cotação do arroz deve cair com força nos próximos meses. Com o início da colheita do grão, o governo prevê que a saca de 50 quilos, atualmente em R$ 37, deve ficar perto do preço mínimo - R$ 25,80 - até março. O cereal subiu 36,6% em 2012. Em virtude dessa expectativa, o ministério anunciou que não realizará leilão de venda do grão nos próximos meses e cancelou o pregão que ocorreria na semana passada.

O arroz foi um dos alimentos que mais contribuíram para a alta da inflação. O preço do grão subiu 36,6% em 2012 e respondeu por 0,65% da alta do IPCA. Com a previsão de queda, começam a ser estudadas formas de auxiliar o escoamento do grão. Hoje, o Rio Grande do Sul colhe 70% do arroz produzido no país, ante 45% em 2004. Isso equivale a 8 milhões das 12 milhões de toneladas que devem ser produzidas em todo o país.

 

Dessa forma, existe receio de que seja preciso uma intervenção, da mesma maneira que ocorreu com o milho no ano passado, para o produto chegar a outras regiões do país. Por enquanto, o governo aguarda para ver se o próprio mercado é capaz de resolver o problema. Caso existam problemas no escoamento, a Conab intervirá, por meio de leilões de escoamento, para garantir o abastecimento.

Já sobre o feijão, que sofreu alta de 31,53% na variedade carioca - a mais consumida no Brasil -, ainda pairam incertezas em relação à sua produção. O clima instável em regiões produtoras, como o Paraná, pode frustrar a safra. A Conab espera que haja quebra no Estado que já registra chuvas acima do ideal. Por isso, a colheita foi suspensa em alguns municípios, e parte do que foi colhido e estocado pode ser perdido com a umidade.

 

Apesar de contar uma quebra, a Conab avalia que não será nada"significativo" e que haverá outras duas safras para recuperar as perdas. Segundo uma fonte da estatal, a alta de preços é especulativa, e a segunda e terceira safras serão suficientes para recuperar as perdas.

 

Outro problema com o feijão carioca é sua difícil armazenagem e o fato de perecer em apenas um ano, ao contrário do feijão preto. Para a fonte, falta investimento da Embrapa para melhorar a semente e expandir a durabilidade do grão.

 

O pior cenário está no pão francês, responsável pelo impacto de 1,04% no IPCA. Com a previsão de colheita da menor safra de trigo em cinco anos - de 4,3 milhões de toneladas -, o país terá que importar 7 milhões de toneladas.

A safra ruim coincide com restrições argentinas à exportação de trigo. Com isso, o Brasil será obrigado a importar volumes elevados do cereal de fora do Mercosul, com o pagamento de 10% de Tarifa Externa Comum (TEC). Normalmente, menos de 5% das importações brasileiras são trazidas de fora do bloco. Nesta temporada, essa fatia deve alcançar entre 35% e 42%.

 

O setor produtivo nacional espera uma forte alta no custo de aquisição pelos moinhos. No ano passado, a alta superou os 50% e grande parte desse reajuste já foi passado para o preço da farinha. Outros repasses devem ser feitos no primeiro semestre deste ano.

Para fontes do governo, o peso do pão no IPCA só é grande devido a dificuldade de incluir farinha de mandioca na receita. O projeto de lei 5332/2009, de autoria da deputada Elcione Barbalho (PMDB/PA), cria o "pão brasileiro" com a inclusão de mandioca e derivados na receita tradicional, mas está parado desde 2009 na Câmara dos Deputados. Segundo uma fonte do governo, o lobby das indústrias de trigo consegue paralisar essas iniciativas, que tornariam o pão mais barato ao usar um produto brasileiro e que pode ser cultivado em quase todo o território nacional.

 

A inflação da mandioca e da farinha extraída desse tubérculo em 2012, de 91% segundo a Conab, foi um "ponto fora da curva". Para técnicos da estatal, o preço só subiu devido à seca que atingiu o Nordeste, mas deve se normalizar este ano. Além disso, a área com a cultura no Paraná perdeu força nos últimos cinco anos para a cana.

O segmento de carnes, que apresentou deflação em 2012, deve começar 2013 em alta, segundo o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Antenor Nogueira. A tendência, diz ele, é de alta no preço devido a fatores como falta de chuva nos pastos. Segundo Nogueira, em Goiás, Tocantins, norte de Minas Gerais e em Mato Grosso a chuva ficou abaixo do necessário para preparar o pasto.

Para o produtor de leite, 2012 não foi bom. Enquanto o preço do litro pago ao produtor permaneceu em cerca de R$ 0,80 por litro, os custos de produção subiram mais de 20%, segundo o Cepea/Esalq, afetados pela guinada nos preços do milho e farelo de soja e a seca. Os produtores aguardam a entrada da nova safra de grãos para baratear a ração e esperam que janeiro traga as chuvas desejadas.

 

 

 

 
15/01/2013 
AGRONEGÓCIO
INVESTIMENTO DE USINAS EM COGERAÇÃO PERDE FORÇA

No momento em que o país discute a segurança energética e os preços da energia batem recordes no mercado livre, o interesse de usinas sucroalcooleiras por investimentos em cogeração com bagaço de cana-de-açúcar se apresenta entre os mais baixos dos últimos anos.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o principal financiador desse tipo de negócio no país, tem hoje em carteira apenas dois projetos de cogeração - um deles, da Adecoagro, anunciado ontem (ver texto abaixo) . Nos leilões do mercado regulado, onde se negocia cerca de 75% da eletricidade consumida no país, os preços médios caíram 10% em 2012, o que ajudou a minar de vez o interesse já arranhado do investidor.

O chefe do Departamento de Biocombustíveis do BNDES, Carlos Eduardo Cavalcanti, conta que, em 2012, a instituição tinha em carteira quatro projetos dessa natureza, o que já era um número baixo, se comparado à demanda de anos anteriores. No entanto, depois dos preços baixos praticados no último leilão, no fim do ano, três deles comunicaram ao banco a desistência de seguir em frente.

Realizado em dezembro de 2012, o único leilão regulado do ano passado teve a inscrição de dez projetos de biomassa. Nenhum deles vendeu energia devido ao preço médio baixo, de R$ 91,25 Megawatt/hora (MWh), uma queda de 10,74% em relação ao preço médio de 2011, que já foi baixo, explica o sócio da consultoria FG Agro, Cláudio Barreira.

 

Em 2008, quando foram feitos os primeiros leilões exclusivos para negociação de energia de biomassa, o preço médio atingiu R$ 152,92 o MW/h, segundo a consultoria. Esse valor veio recuando até chegar, em 2011, à média de R$ 102,23 o MW/h, abaixo do custo de investir nessa energia, na casa dos R$ 130 a R$ 140 por MW/h - no caso das ampliações a partir de uma unidade de cogeração já existente, os chamados "retrofits".

 

Dessa forma, os desembolsos do BNDES para projetos dessa natureza voltaram a recuar em 2012. Foram concedidos R$ 700 milhões para cogeração no ano passado, 18% menos do que em 2011, quando as liberações já haviam caído 41% em relação a 2010. "Não há sinais de que esse desinteresse possa se reverter de forma significativa em 2013", diz Cavalcanti.

 

Entre 2006 e 2011, o BNDES chegou a financiar 110 plantas de cogeração, uma média anual de 18 projetos - 52 retrofits (2 mil MW) e 58 "greenfields" (1,6 mil MW). Juntos, eles somavam uma potência instalada de 3,6 mil MW, o suficiente para abastecer por um ano uma cidade com 7 milhões de habitantes.

 

Os preços recordes da energia negociada no mercado livre, que chegaram a bater R$ 500 o MW/h em janeiro, estão viabilizando alguns investimentos em unidades retrofit, mas são casos pontuais. Segundo o sócio da FG Agro, Luiz Gustavo Correa, fora dos leilões regulados, cujos contratos são de 15 anos de duração, é possível fazer vendas de prazo de cerca de três anos a R$ 120 o MW/h (energia incentivada, ou seja, de projetos com potência máxima de 30 MW). Mas ele pondera que esse tipo de negócio só traz retorno se o projeto demandar investimento mais baixo do que a média por alguma razão particular da usina, como por exemplo, pouca necessidade de investimento em conexão (linha e subestação).

A capacidade instalada ligada à rede de energia do Brasil ainda é marginal quando comparada ao seu potencial, explica Correa. "Dos 6,487 mil MW médios que usinas de cana do Brasil têm potencial para produzir, apenas 792 MW médios estão interligados ao sistema elétrico nacional. Os 5,695 mil MW restantes equivalem a mais de duas vezes uma usina hidrelétrica do porte de Jirau", diz o especialista.

Desembolsos totais caem 29% em 2012

 

Por De São Paulo

 

O desinteresse de usinas de cana-de-açúcar por investimentos não se restringiu em 2012 aos projetos de cogeração. Segundo dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os desembolsos totais ao setor sucroalcooleiro no ano passado caíram 29%, para R$ 4,2 bilhões, o nível mais baixo desde o início do "boom do etanol", em 2007.

 

O principal recuo veio dos desembolsos na categoria "industrial", que basicamente abriga construção de usinas novas (greenfields) ou ampliações industriais de unidades já existentes. Foram R$ 2,3 bilhões em 2012, 44% abaixo dos R$ 4,14 bilhões de 2011. O chefe do Departamento de Biocombustíveis do banco, Carlos Eduardo Cavalcanti, esclarece que a maior parte dos desembolsos de 2012 se refere a projetos protocolados no banco em anos anteriores, e que há em carteira pouca demanda nova do setor. "As empresas ainda estão com dificuldade de acesso a crédito", observa.

Os desembolsos agrícolas foram os únicos a subir em 2012. O banco liberou R$ 1,2 bilhão para o plantio de cana, 33% acima do ano anterior. Desse total, R$ 400 milhões foram via Prorenova - linha especial de crédito voltada ao cultivo de cana, que disponibilizou R$ 4 bilhões em 2012 e que foi renovada para os próximos 12 meses com o mesmo valor. "Há ainda R$ 950 milhões em projetos aprovados ou contratados para serem desembolsados do Prorenova em 2013", afirma Calvancanti.

 

Ele informa que a expectativa é de crescimento para os desembolsos de 2013, para cerca de R$ 5 bilhões. "Bancos e empresas estão mais familiarizados com o programa. Além disso, há os desembolsos previstos para inovação tecnológica e os próprios investimentos em ampliação de usinas já existentes, que tendem a continuar tendo uma boa demanda", diz. (FB)

 

Adecoagro terá nova usina no MS

 

Por Janice Kiss | De São Paulo

A usina Adecoagro Vale do Ivinhema obteve o financiamento de R$ 488,6 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a implantação de uma nova usina de açúcar e etanol em Ivinhema (MS), com capacidade para processar 4,1 milhões de toneladas de cana por safra.

 

O projeto inclui a instalação de uma unidade de cogeração de energia elétrica com capacidade de 120 megawatts (MW) e de linha de transmissão associada. A Adecoagro Vale do Ivinhema integra o Grupo Adecoagro, de controle internacional. Fundado em 2002, o grupo opera no Brasil, na Argentina e no Uruguai e atua na produção de cereais, oleaginosas, lácteos, café, algodão e açúcar e pecuária.

Este é o segundo projeto do grupo no setor sucroenergético brasileiro. O primeiro é de 2008, com a operação da Angélica Agroenergia (MS), com capacidade de processar 4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Em 2014, quando a unidade de Ivinhema começar a operar, o grupo chegará à moagem de cerca de 9,3 milhões de toneladas.

 
15/01/2013 
AGRONEGÓCIO
MSD DECIDE FECHAR FÁBRICA DE VACINAS CONTRA AFTOSA

A MSD Saúde Animal, braço veterinário da farmacêutica americana Merck, confirmou ontem que vai fechar a fábrica de vacinas contra a febre aftosa localizada em Fortaleza (CE), conforme antecipou o Valor. A companhia permanecerá no mercado, mas a produção das vacinas será terceirizada para a brasileira Vallée.

De acordo com a MSD, a fábrica de Fortaleza encerrará todas as atividades até março deste ano. A produção efetiva, no entanto, está paralisada desde junho do ano passado por determinação do Ministério da Agricultura. Desde então, a empresa trabalha apenas com os estoques de vacina produzidos antes da paralisação.

A multinacional americana foi obrigada a suspender as atividades da fábrica cearense para se adequar às novas regras de biossegurança adotadas pelo Ministério da Agricultura em março de 2012. A unidade da empresa tinha problemas na chamada "área biocontida", responsável pelo processo de inativação do vírus - o antígeno do vírus é "morto" mas mantém a capacidade imunológica.

Após submeter o problema à direção global da companhia, a MSD decidiu não fazer as adequações. O Valor apurou que a empresa considerou muito alto os investimentos necessários para retomar a produção da fábrica. Por conta disso, a produção terceirizada se tornou a opção mais viável para a empresa. Até a paralisação, a empresa detinha a maior fábrica do gênero no país, com capacidade para produzir 140 milhões de doses por ano.

A estrutura do parque produtivo brasileiro também pesou na decisão da MSD. Com excesso de oferta de vacinas contra aftosa, algumas empresas chegaram a registrar quedas no faturamento com as vendas do produto em 2011. Essas vacinas representam cerca de um quinto do faturamento do setor de saúde animal no Brasil. A MSD fatura cerca de R$ 500 milhões por ano.

 

Ontem, a multinacional americana também anunciou seu novo presidente no Brasil, o veterinário Edival Santos. O executivo substitui Vilson Simon, que foi para o cargo de liderança global de operações comerciais da MSD No comando da companhia no país, Santos terá o desafio de estruturar essa nova estratégia da companhia para a aftosa. O fim das atividades da empresa em Fortaleza também reduz o "tamanho" da MSD no Brasil. Agora, a companhia possui apenas uma fábrica de parasiticidas em Cruzeiro (SP), município localizado no Vale do Paraíba.

 
15/01/2013 
AGRONEGÓCIO
SECRETÁRIO DE POLÍTICA AGRÍCOLA VISITA EMBRAPA AGROSSILVAPASTORIL

No último domingo, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento na última semana, Neri Geller fez uma visita à Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT). Na ocasião, conversou com a chefia do Centro de Pesquisa e demonstrou que irá demandar ajuda de diferentes entidades ligadas ao setor agropecuário para o desenvolvimento de suas atividades.

Geller assumiu o cargo na última semana e tem como principal compromisso a elaboração do Plano Safra 2013/2014. Para isto, espera estimular o debate entre as entidades em busca de opiniões técnicas e de boas práticas que possam ser ampliadas para todo o país.

"Vamos nos pautar muito pela orientação técnica da Embrapa. Eu vejo que, além do trabalho muito forte em pesquisa e em capacitação de técnicos, estão fazendo também um trabalho de articulação política do setor extremamente importante. Então nós vamos discutir com todo o setor agropecuário, e a Embrapa é um braço muito forte nisso", afirma Geller.

 

Durante a visita à Embrapa Agrossilvipastoril, o novo Secretário de Política Agrícola conheceu alguns dos laboratórios que estão sendo equipados e obteve Mais informações sobre as ações de pesquisa e de transferência de tecnologia desenvolvidas em Mato Grosso. Em conversa com o chefe-geral da Unidade, João Flávio Veloso Silva, e com os chefes-adjuntos de Pesquisa e de Transferência de Tecnologia, Austeclínio Farias e Lineu Domit, pôde tirar algumas dúvidas técnicas que serão importantes norteadores para o desenvolvimento da política agrícola brasileira.

 

"Temos hoje, no Mapa, técnicos extremamente capacitados e que têm feito um grande trabalho. Vamos trazê-los para fazer a discussão aqui na Embrapa. Precisamos ampliar o debate para então colocarmos em prática. Queremos fazer um Plano Safra diferenciado, com participação das diferentes entidades do setor", afirma o secretário.

Para o chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril, João Flávio Veloso Silva, a visita do secretário foi um primeiro passo de uma aproximação que será importante para o planejamento da política agrícola brasileira.

"O país vive uma situação de crescimento da importância da agricultura e dos produtosagrícolas. Nestes novos tempos, de turbulência do mercado externo, a política agrícola e o Plano Safra assumem uma importância muito grande. Ouvir as instituições antes de avançar na elaboração do plano é fundamental. Tanto as instituições de pesquisa, quanto as associações de classe e cooperativas", afirma.

 

Neri Gueller ainda destacou outros desafios a serem trabalhados pela Secretaria, como a sustentação de preços, logística, preço mínimo e seguro agrícola. Entretanto, de acordo com ele, o Plano Safra pode ter resultados muito impactantes para o setor, sobretudo na pecuária de corte e de leite, com incentivo à recuperação de pastagens por meio da integração lavoura-pecuária, e na viabilização de alternativas de produção, como, por exemplo, a piscicultura.

"Nós organizaremos a cadeia produtiva por meio da Embrapa, e o Plano Safra dá o suporte em termos de custeio e de investimento do que precisa ser feito. Acho que dá para fazer um grande trabalho", avalia.


 
 recolher ECONOMIA
15/01/2013 
ECONOMIA
ENERGIA MAIS BARATA EM MARÇO

O baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas e, por consequência, o acionamento das termelétricas podem diminuir o valor do desconto

 

O pacote elétrico que prevê redução de 20,2% na conta da energia elétrica foi oficializado ontem pela presidente Dilma Rousseff, com a sanção da Lei nº 12.783. O desconto começa em fevereiro e vai aparecer na conta de março. Lançadas no último 11 de setembro, as medidas antecipam a renovação de contratos do setor por mais 30 anos, mediante corte de 70% na remuneração dos concessionários e redução do peso de encargos na conta de luz. O arranjo, criado pela Medida Provisória (MP) 579, agora transformada em lei, visa ajudar no controle da inflação e abrir espaço para a Petrobras reajustar o preço da gasolina neste ano.

Antes mesmo de a queda entrar em vigor, especialistas avaliam que parte do desconto será anulada em 2014 por causa do impacto da energia mais cara fornecida pelas termelétricas, acionadas para compensar os baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas. Apontam também o risco de contestação judicial da nova lei. “O ciclo da MP acabou, mas não o de sua legalidade”, observou Guilherme Schmidt, advogado do escritório L.O.Baptista, especializado em energia. Ele acredita que podem chegar aos tribunais a desoneração de tributos federais na tarifa e os pleitos de empresas que querem renovar contratos a partir de 2015.

Publicada ontem no Diário Oficial da União, a lei foi aprovada pelo Congresso em 18 de dezembro e sancionada com seis vetos, que basicamente restauraram o texto original da MP 579. Entre as modificações dos parlamentares que foram excluídas está a que mandava o governo devolver os valores arrecadados, mas não utilizados, com a Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica (TFSEE).

Com alíquota de 0,4%, o encargo serve para custear a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas parte dos recursos tem permanecido bloqueada para ajudar na formação do superavit primário das contas públicas. Outro veto atingiu um artigo que estimulava a autogeração de energia, mediante uso dos recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), encargo gerido pela Eletrobras e destinado a projetos de universalização do serviço de eletricidade e a descontos para consumidores de baixa renda.

João Melo, presidente da consultoria internacional Andrade & Canellas, afirma que a nova lei se destaca mais pelos aportes assumidos pela União para garantir o barateamento da conta de luz, e pela manutenção dos chamados penduricalhos setoriais. “Embora fundamentais ao desenvolvimento energético nacional, os encargos colocam nossas tarifas entre as mais caras do mundo e emperram o crescimento econômico”, sublinha.

Tesouro
O governo estima que as faturas dos consumidores terão um alívio de 7% com a cobertura, pelo Tesouro, das obrigações da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), da Reserva Geral de Reversão (RGR) e da redução a um quarto da CDE. Mas a própria Aneel calcula que, se todos os 10 encargos fossem extintos, as tarifas ficariam 10% mais baratas em média, ou seja, metade da meta do governo.
Na véspera do feriado de 7 de setembro, Dilma prometeu baixar a conta de luz, atendendo antiga reivindicação da indústria para tornar-se mais competitiva em meio à crise global. A receita para isso só foi revelada dias depois, com a proposta feita às empresas de geração e transmissão com concessões a vencer de 2015 a 2017. Foi fixado que o patrimônio pago pelas tarifas sofreria depreciação e o que faltasse amortizar seria indenizado, de acordo com cálculos da Aneel.

No entanto, de um total de 123 usinas que se enquadravam na renovação da concessão pelas novas regras, 14 — pertencentes às concessionárias Cesp (SP), Cemig (MG), Copel (PR) e Cesc (SC) — preferiram ficar de fora e forçaram a presidente a prometer que bancaria a diferença.

Diante da impossibilidade de um subsídio direto, a tendência é que a CDE seja também zerada para compensar as resistências. O secretário do Tesouro, Arno Augustin, um dos mentores da MP que virou lei, avisou recentemente que antecipará créditos de Itaipu para fechar a conta, envolvendo financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).  As concessionárias “rebeldes” continuarão cobrando os valores atuais até o vencimento dos contratos originais e não apenas os referentes a operação e manutenção. Devido ao plano do governo, em pouco mais de quatro meses, as empresas brasileiras do setor elétrico com ações na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) perderam R$ 37,2 bilhões, conforme estimativa da consultoria Economática. 

Mais geração térmica Em reunião extraordinária, realizada ontem, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou o Operador Nacional do Sistema (ONS) a contratar a térmica de Uruguaiana (RS), parada desde 2008. C


 
15/01/2013 
ECONOMIA
INFLAÇÃO FAZ BRASILEIRO CORTAR ATÉ ALIMENTOS

VÂNIA CRISTINO PRISCILLA OLIVEIRA

 

O governo terá que contar com a sorte para que a inflação não fure o teto da meta deste ano, de 6,5%. A maioria dos economistas espera um primeiro trimestre de preços sob pressão, principalmente os dos alimentos. E como ninguém acredita que o Banco Central mexerá na taxa básica de juros (Selic) tão cedo — o indicador deverá permanecer em 7,25% em 2013 — para não prejudicar a retomada do crescimento, qualquer evento extraordinário pode provocar uma disparada no custo de vida.

 

Na avaliação da economista Tatiana Pinheiro, do Banco Santander, a inflação deste ano ficará em ao menos 6%. Para ela, não haverá alívio no valor dos alimentos a curto prazo, sobretudo porque tudo dependerá de um fator imponderável, o clima, que afetará, além dos produtos agrícolas, o frágil sistema de eletricidade do país. Para piorar, a maior seca dos últimos 50 anos nos Estados Unidos continua a fazer estragos. Ou seja, há a possibilidade de eventos externos e domésticos elevarem os preços dos alimentos para muito além do desejável.

O que Tatiana vê nas projeções dos gráficos do computador, a dona de casa Maria Eunice Oliveira, 32 anos, já está sentido no orçamento doméstico. Com renda familiar mensal de R$ 700 e nove bocas para alimentar, manter o mínimo de bem-estar da família tem sido uma tarefa difícil, tamanha é a carestia nos supermercados. “Tivemos que diminuir a quantidade das compras, porque não temos como pagar tudo. Hoje, com R$ 300, R$ 400, não dá mais para levar nem o necessário. E olha que isso é quase a metade de tudo o que ganhamos”, reclamou.

 

Além do marido, Edilson Santos de Oliveira, 42, que é caseiro, dos três filhos e do irmão, Jail Gonçalves de Brito, 44, que está desempregado, Eunice alimenta cunhadas e sobrinhos, que vêm de longe para trabalhar e estudar. “Está muito difícil dar o que comer para todo mundo. A cada semana que vou ao supermercado, tudo está mais caro”, assinalou. Apenas para comprar um pacote de cinco quilos de arroz, um quilo de feijão, um litro de leite, um quilo de tomate, uma lata de óleo e um quilo da carne mais barata, precisa desembolsar mais de R$ 50. O problema é que esses produtos duram, no máximo, quatro dias, assim mesmo, com muito racionamento.

 

Repasses

Responsável pelo mercado Dona de Casa, no Paranoá, Morais Alves disse que a alta de preços está assustando a todos. “Os alimentos já chegam às distribuidoras com preços bem elevados. Os reajustes vêm desde o meio do ano passado. Está impossível para nós não repassar os aumentos para a clientela”, frisou. A faxineira Maria José Rodrigues, 51, notou os reajustes. Ela contou que gasta a maior parte do salário no supermercado, com comida. “Nos últimos meses, só levo para casa o básico”, ressaltou.

 

Além das despesas com alimentação, Maria sente o aumento dos medicamentos. “De uns três meses para cá, deu para ver uma diferença de até R$30 em alguns remédios. Às vezes, abro mão de cuidar da minha saúde para não deixar de comer”, afirmou. A situação não é muito diferente na casa da comerciante Irani Oliveira da Silva, 42. “Estou cortando uma série de produtos da minha lista de supermercado. Tomate, por exemplo, não compro mais, pois está custando até R$ 9 o quilo. Iogurte e suco, só das marcas mais baratas. Tudo ficou muito caro de uns três meses para cá: óleo, arroz, carne, feijão. Ela lembrou que, há um ano, gastava cerca de R$ 350 com a compra mensal de alimentos. Hoje, desembolsa, no mínimo, R$ 700.

Diante desse quadro, está difícil para os consumidores entenderem a tranquilidade do governo quando se refere à inflação. Pelos dados oficiais, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 5,84%, com os alimentos subindo quase o dobro. Segundo o Banco Central, apesar de pressionados no primeiro trimestre deste ano, os preços vão ceder ao longo de 2013, fechando em 4,7%. “Sinceramente, não acredito nesses números. Para mim, a inflação real é a que encontro nas gôndolas do supermercado. E ela está muito alta, subindo todos os meses”, disse o marceneiro José Antunes, 34.

O economista Eduardo Velho, da Planner Corretora, reconhece o descontentamento dos consumidores. E avisou que, com a carestia dos alimentos e a alta dos preços dos serviços e da educação, a inflação ficará, nos próximos meses, bem acima do centro da meta, de 4,5%, perseguida pelo Banco Central. Nas suas contas, somente na primeira quinzena de janeiro, o reajuste médio dos alimentos foi superior a 2,5%.

Não à toa, Sílvio Campos Neto, economista da Consultoria Tendências, mostra preocupação com os fatores de risco que podem elevar o IPCA nos próximos meses. Além da retomada do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), para 3,2% no ano, haverá reajustes nas tarifas de ônibus urbanos e nos combustíveis, e o retorno do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros e eletrodomésticos, que estavam zerados. “O sinal é de alerta”, disse.

 

“Tivemos que diminuir a quantidade das compras, porque não temos como pagar tudo. Hoje, com R$ 300, R$ 400, não dá mais para levar nem o necessário. E olha que isso é quase a metade de tudo o que ganhamos” Maria Eunice Oliveira, dona de casa

 

Repeteco do Pibinho

 

O mercado financeiro elevou, mais uma vez, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2013. Segundo o relatório Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, a mediana das expectativas para a inflação passou de 5,49% para 5,53%. Para 2014, a taxa projetada permaneceu em 5,50%. Ou seja, serão mais dois anos de IPCA acima do centro da meta, de 4,5%. Enquanto os preços sobem, o ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) cai. A estimativa de expansão neste ano recuou de 3,26% para 3,20% e, em 2014, de 3,75% para 3,60%.

 

Sofrimento para idosos

 

Os produtos de consumo básicos pesaram mais no bolso dos idosos. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3I), as famílias constituídas por pessoas com idade superior a 60 anos enfrentaram alta de 5,84% em 2012, taxa maior do que a inflação dos demais brasileiros (5,74%). Somente no quarto trimestre do ano passado, o indicador medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) computou aumento de 1,59%, puxado pelos gastos com transporte, vestuário, habitação, saúde, educação e recreação.

Apesar de as despesas com alimentação terem pesado menos nos últimos três meses de 2012 (alta de 2,13% ante os 4,05% de julho a setembro), os consumidores da terceira idade precisam apertar o orçamento para conseguir colocar itens básicos dentro de casa. Comerciante no Paranoá, Rosalvo Parralego, 60 anos, tem na comida e nas despesas com saúde os principais gastos mensais. “De forma geral, todas as mercadorias de primeira necessidade, como açúcar, arroz e tomate, aumentaram, o que, às vezes, me obriga a fazer opções na hora das compras”, afirmou. “Saio de casa para adquirir o básico e, se sobrar dinheiro, compro o resto”, completou.

Segundo o vice-presidente da Confederação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (Cobap), Moacir Meireles, entre os aposentados, o que mais pesa no bolso são os gastos com alimentação e medicamentos. “O segurado da Previdência Social não tem condições de bancar o lazer, vive para comer e comprar remédios, e ainda fica devendo todo mês. Infelizmente, quanto mais idade, mais despesas”, afirmou.

 

Eletricidade

Para Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, independentemente da idade, os consumidores devem ficar atentos, pois o governo conta com diversos fatores que podem não se comportar como o desejado para manter os preços sob controle. Um deles é a redução média de 20,2% na conta de luz a partir de fevereiro. O problema é que, com o uso de usinas térmicas, cinco vezes mais caras que as hidrelétricas, o barateamento da energia elétrica pode não ser o prometido pela presidente Dilma Rousseff.

Na contramão dos seus colegas, o economista André Perfeito, da Gradual Investimento, acredita que o governo terá sucesso no controle do custo de vida. Tanto que trabalha com uma inflação de 4,8% em 2013, índice muito próximo do centro da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,5%. Isso porque não vê possibilidade de uma retomada forte do Produto Interno Bruto (PIB) ao longo do ano. Ele projeta expansão econômica de apenas 2,8%. “A taxa de desemprego vai parar de cair e, com isso, os salários não vão subir tanto. Também não acredito, por enquanto, em outro choque de oferta de alimentos”, disse. (VC e PO)

 

 

 

 
15/01/2013 
ECONOMIA
UM MANDATO SEM META

O Copom esta semana deve manter a taxa de juros, em grande parte pelo baixo ritmo de crescimento econômico do ano passado. A previsão de inflação calculada pela pesquisa do Banco Central está em 5,53%, para este ano, e 5,5%, para o ano que vem. Se for isso, o governo Dilma acabará sem que a inflação esteja no centro da meta. Ninguém acredita mais no que o Banco Central promete.

A expectativa dos analistas já é de uma taxa um ponto maior do que o centro da meta este ano e no próximo. Mesmo com a queda do preço da energia, que puxará para baixo a inflação neste começo do ano, ninguém calcula que ela voltará ao nível em que deveria estar. Essa pesquisa feita pelo Banco Central, das projeções das instituições financeiras, costuma ser otimista a médio prazo. Para o ano seguinte, em geral, o mercado prevê que a inflação ficará em torno da meta e que o crescimento vai ser o prometido pelo governo. O que a pesquisa mostra agora é que o BC está perdendo a batalha das expectativas.

Controlar as expectativas é o ponto de partida do sistema de metas de inflação. Funciona assim: o Banco Central diz qual é o seu alvo, ou seja, o centro da meta, e se compromete a levar a inflação para esse patamar, subindo ou reduzindo os juros. A partir daí, o mercado reajusta os preços levando em consideração esse compromisso, explica o economista e consultor Alexandre Schwartsman.

- A importância das expectativas é enorme. Imagine uma universidade que precisa reajustar a mensalidade, o que só acontece uma vez por ano. Se ela acredita que a inflação será de 4,5%, vai subir o preço para se proteger dessa perda. Mas se ela acha que a inflação será de 6%, vai subir um pouco mais. A lógica é a mesma para sindicatos, que brigam por salários, empresários, investidores, para a economia toda - disse.

No começo do governo Dilma, a inflação entrou acelerando e o Banco Central avisou que naquele ano não atingiria o centro da meta, mas em 2012, sim. Não foi o que ocorreu. Em 2011, ficou em 6,5%, e só não houve estouro do teto da meta porque alguns aumentos foram postergados; no ano passado, fechou em 5,84% porque mudanças no cálculo do índice e adiamentos de alguns reajustes, como gasolina, ajudaram.

Alguns economistas calculam que a inflação em 12 meses continuará subindo nos primeiros meses do ano. Schwartsman acha que o IPCA vai encostar em 6,5% ao fim do primeiro semestre e fechará 2013 na casa de 6%. Um dos problemas está na inflação de serviços, que há dois anos roda a casa de 8% e 9%.

 

- A economia cresce pouco, mas a inflação continua alta, em grande parte porque o mercado de trabalho está apertado. O setor de serviços consegue repassar esses reajustes salariais para os preços porque não tem concorrência. Mas o setor industrial não consegue. Isso tira competitividade da indústria e se reflete no crescimento da economia. Temos um tipo de estagflação - disse.

 

O Banco Central manterá os juros exatamente porque está nesse dilema: de um lado, inflação ainda alta, e de outro, crescimento muito fraco. Se fosse apenas pelo nível de atividade, deveria aumentar o incentivo ao crescimento, reduzindo as taxas; se fosse só pela inflação, era hora de elevar a taxa. O problema é que o BC está sozinho nas duas pontas. No crescimento, o governo tem investido pouco; no combate à inflação, o governo aumentou gastos e manipulou índices fiscais.

Para 2013, há a vantagem da queda do preço da energia, no curto prazo, que terá um efeito positivo no índice, mas a médio prazo há várias pressões: o uso das usinas termelétricas aumentará o custo da energia; a gasolina deverá subir de preço para atender a Petrobras, que tem reclamado que o adiamento do reajuste afeta seu caixa e capacidade de investimentos.

 

Se a previsão do mercado se confirmar, a inflação não verá o centro da meta durante todo o mandato da presidente Dilma Rousseff. Mas isso não é o mais importante. O que preocupa é que o regime de metas se baseia na confiança de que o Banco Central levará a inflação ao centro da meta. O espaço de flutuação é apenas para acomodar inesperados. Mas a atitude do BC está cristalizando a convicção de ele aceita um pouco mais de inflação. É essa ideia que a autoridade monetária terá que desfazer

 


 
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15/01/2013 
ENERGIA
O PETRÓLEO NA AMÉRICA DO SUL

Com a criação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em 2008, a articulação do Mercosul com a Comunidade Andina de Nações (CAN), entrou em nova fase. Passou a funcionar o Conselho Ministerial de Energia, ao lado do Conselho Energético Sul-Americano, criado um pouco antes. Um Tratado Energético Sul-Americano será elaborado.

A energia passou a ser considerada setor chave para a integração da América do Sul. O momento não poderia ser mais propício, particularmente pela situação do petróleo hoje em nosso subcontinente.

Apesar da indústria petrolífera existir na América do Sul desde as primeiras décadas do século XX, na Venezuela e na Colômbia, a região nunca teve papel significativo nessa indústria. Sua participação na produção mundial do petróleo sempre foi pequena, nunca chegou a 9%, durante 40 anos. Só a Venezuela teve certo destaque, mas sua produção caiu e nunca voltou ao patamar de 1971. Em 2011, a participação do subcontinente na produção global do óleo continuou baixa, foi de 8,87%. Porém, importantes novidades começaram a acontecer.

O Mercosul, com a entrada de Caracas, passou a ser o bloco organizado que detém a maior reserva mundial de petróleo e algumas das maiores reservas minerais e os maiores recursos hídricos do planeta. O papel geopolítico da América do Sul mudará.

Estudo recente da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP), tomando por base dados da BP Statistical Review, mostra como, nos últimos 40 anos, a partir de 1971, a produção em quatro países sul-americanos - Brasil, Colômbia, Equador e Peru - cresceu simplesmente 800%. A participação desses países na produção petrolífera da América do Sul e Central saltou de 9,8% em 1971, para 51,3% em 2011. Mais que isso, enquanto em 1971 os quatro países contribuíam com 0,92% para a produção mundial, em 2011 participaram com 4,53%. O número ainda é pequeno, mas já não é desprezível. E há outros dados. O consumo de petróleo, por exemplo, no período analisado, foi mais que o dobro da média mundial.

As maiores novidades, contudo, referem-se às reservas de petróleo. A Venezuela galgou uma posição de grande destaque, desde que as reservas do óleo pesado do Orinoco foram "provadas". Com isto, no Relatório da BP de 2011, a Venezuela passou a ter a maior reserva de petróleo do mundo, 296,5 bilhões de barris, deixando a Arábia Saudita em segundo lugar, com seus 262 bilhões de barris.

Mas não foi só. Nas últimas três décadas, petróleo foi descoberto em partes diversas da América do Sul e, mesmo excluindo o fenômeno venezuelano e o pré-sal brasileiro, suas reservas quadruplicaram. No Brasil, Colômbia e Peru elas cresceram, em 30 anos, 630%; saíram de 2,9 bilhões de barris e foram para 18,3 bilhões. O Equador, no mesmo período, multiplicou por seis suas reservas e entrou para o clube da Opep.

Na Argentina, as descobertas anunciadas em maio de 2011, de hidrocarbonetos de xisto ("shale oil" e "shale gas") em Vaca Muerta, na província patagônica de Neuquén, fizeram esse país chegar à terceira maior reserva de hidrocarbonetos não convencionais do mundo, depois dos EUA e da China.

Esses fatos têm um grande impacto global. O Mercosul, com a entrada da Venezuela, passou a ser o bloco organizado que detém a maior reserva mundial de petróleo. Tem, ainda, algumas das maiores reservas minerais e os maiores recursos hídricos do planeta. Nas energias renováveis, avanços significativos também são registrados, em eólica, biomassa, solar, e hidroeletricidade de pequenas centrais. O papel geopolítico da América do Sul mudará.

A potencialização desses recursos requer que se discutam as linhas gerais de um modelo energético sul-americano, fruto dos interesses geopolíticos e das experiências nacionais.

No setor do petróleo esse modelo implica em prestigiar e fortalecer as petroleiras estatais, pois, afinal, sem a antiga Yacimientos, da Argentina, a Petrobras, do Brasil, a PDVSA, da Venezuela, a Ecopetrol, da Colômbia, a Petroperu, do Peru, e a Petroecuador, do Equador, o panorama promissor descrito acima não existiria.

Os grandes desafios, financeiros e tecnológicos, cujos exemplos maiores são Orinoco, Vaca Muerta e o pré-sal devem ser enfrentados. Aí só cabem empresas de alto porte, como as estatais e grandes privadas e a morosidade para o início das licitações, por exemplo, no pré-sal, pode levar a perdas de oportunidades.

A exploração em novas fronteiras, terrestres e marítimas, deve ser intensificada, não interrompida. Há que se buscar "nichos" apropriados a empresas menores, em geral locais. Esse caminho permitiu o surgimento de milhares de empresas independentes nos EUA e no Canadá. Ensejou o aparecimento de mais de uma centena de empresas locais na Colômbia. No Brasil, apesar do decidido apoio da ANP, não sensibilizou por enquanto outros setores oficiais.

O que está em pauta não se resume a uma "interligação energética", necessária e que deve ser feita por meio de gás, de linhas de transmissão, de tecnologias específicas, mas, uma "integração energética" efetiva, que envolva estratégias de desenvolvimento, harmonização regulatória, políticas públicas e relações de governo. O entrosamento entre as Comissões Energéticas, que orbitam a Unasul, e os organismos nacionais especializados, como as agências reguladoras, é fundamental para o desenho das futuras formas integradas. A perspectiva que se abre à frente dos sul-americanos, a de ter um relevante e inédito papel na geopolítica energética mundial, não pode ser desperdiçada.

Haroldo Lima é ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil

 


 
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15/01/2013 
POLÍTICA
COM 9 CANDIDATOS, DISPUTA NA OMC COMEÇA INDEFINIDA

Por Assis Moreira | De Genebra

 

Quando a Organização Mundial do Comércio (OMC) abriu o prazo para candidaturas ao posto de diretor-geral, no começo de dezembro, um comentarista britânico indagou: "E quem se importa com isso?", uma forma de apontar a irrelevância da entidade. Um mês depois, a surpresa foi o surgimento de nove candidatos de todas as regiões. Os comentários passaram a destacar a importância e o interesse por uma entidade-chave na governança global.

Apenas um candidato é de país desenvolvido (Nova Zelândia). Os demais oito representam países autoproclamados em desenvolvimento - três da América Latina (Brasil, México e Costa Rica), dois da Ásia (Coreia do Sul e Indonésia), dois da África (Gana e Quênia) e um do Oriente Médio (Jordânia).

 

A campanha deslancha com a tradicional tentativa de enfraquecer as outras candidaturas, com doses de rumores. A impressão também é de que, a essa altura, para um total de 158 países-membros da entidade, deve haver pelo menos 300 promessas de apoio, significando traições no momento decisivo.

 

O candidato do Brasil, Roberto Azevedo, entra na disputa com mais apoio do que ocorreu quando o candidato brasileiro foi Seixas Correia, na disputa com o atual diretor-geral, Pascal Lamy. Em outro cenário, de conflito com o Uruguai, o Brasil obteve menos de dez votos e foi logo eliminado.

 

Agora, negociadores em Genebra acham que Azevedo "vai longe" na disputa. "Se a escolha fosse unicamente dos embaixadores, Azevedo estaria praticamente eleito", diz importante personalidade da cena comercial, mencionando o bom trânsito do diplomata brasileiro entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e sua qualidade para forjar consensos. "Só que a decisão final de cada país acaba sendo mesmo dos ministros, na capital de cada país, e o resultado pode ser diferente."

 

Partidários de Azevedo esperam contar com os apoios importantes da China e da Índia. Há céticos sobre isso, que preferem esperar para ver. Primeiro, os Brics não têm agido juntos em momentos decisivos. A experiência com os indianos é de "virar a casaca" na fase decisiva. A cúpula dos Brics em março, na África do Sul, poderá sinalizar para onde vai, de fato, o apoio de seus membros.

 

O candidato mexicano, Herminio Blanco, dificilmente vai decolar. Ex-negociador do Nafta (o acordo comercial entre México, EUA e Canadá), ele está fora da cena comercial multilateral há um bom tempo. É considerado agressivo por alguns que o conhecem. Sua candidatura parece ter mais a ver com o jogo político interno, com o novo governo procurando afastar uma tentativa de candidatura do ex-embaixador Peres Motta, ligado ao governo anterior.

A candidata da Costa Rica, a ministra de Comércio, Anabel González, foi diretora da Divisão de Agricultura da OMC. Saiu chamuscada junto a alguns países, num fogo cruzado entre Lamy e o neo-zelandês Crawford Falconner, então mediador da negociação agrícola. Tem pouco apoio de países do grupo ACP (África, Caribe, Pacífico). A expectativa é que dispute com o mexicano votos de países como Chile, Paraguai e Colômbia, que dificilmente votarão no Brasil.

Alguns partidários de Anabel alimentam a esperança de ter apoio dos EUA, China e União Europeia, com os quais a Costa Rica tem acordos de livre comércio. O fato de a Costa Rica ter cortado relações diplomáticas com Taiwan e estabelecido com Pequim seria levado em conta pelos chineses. Partidários da Costa Rica dizem nos bastidores que sua candidata tem apoio chinês.

 

Já um negociador de um país emergente diz que os Brics, e portanto também a China, não aceitarão a Costa Rica no comando da OMC, por causa de sua proximidade com os EUA. Washington, em todo caso, não deve sequer mencionar apoio a candidato no começo das consultas, porque o queimaria imediatamente junto a outros países.

Da Ásia, o candidato da Coreia do Sul, o ministro de Comércio Taeho Bark, terá pouco apoio. Não é considerado "da turma" da cena multilateral de comércio. Além de o país ter a direção da ONU, o presidente do Banco Mundial é de origem coreana. A China também não vai querer um coreano, o que eliminaria sua chance de ficar com um dos quatro cargos de diretor-geral-adjunto.

A candidata forte da Ásia é Mari Pangestu, da Indonésia, que foi deslocada do Ministério do Comércio para o de Turismo e Indústrias Criativas. Ela é conhecida, tem boa reputação e é de origem chinesa. Ocorre que a Ásia já teve um diretor da OMC, o tailandês Supachai Panitchpakdi. O Brasil já avisou que, dessa vez, a vaga é da América Latina ou da África, na prática sinalizando bloqueio a um candidato asiático.

Pelo menos verbalmente, muitos países insistem que a África deveria ter o posto. Nos bastidores, porém, a África é considerada um embaraço político. Países desenvolvidos não querem um africano, por considerar que pode ser mais manipulável.

 

Mas Alan Kyerematen, de Gana, não deve ser descartado. Vem fazendo campanha há um bom tempo e alega ter apoio do grupo ACP, reunindo países que não cessam de pedir tratamento especial no comércio global. Ele tampouco é um desconhecido: foi o representante dos africanos no "green room", o pequeno comitê decisório da conferência ministerial da OMC em Hong Kong, em 2005. Mas vários países africanos não engolem a maneira como ele conseguiu a indicação da União Africana, que surpreendeu até membros de seu governo. Seu apelido, "Cash", reflete um problema de ética.

 

A candidata do Quênia, Amina Mohamed, ex-embaixadora na OMC, foi quem conduziu o processo que levou à seleção de Lamy para a direção da entidade. De volta ao Quênia, foi responsável pela redação da nova Constituição do país. No entanto, analistas veem poucas chances para ela, porque, além de terem dois candidatos para a OMC, os africanos também disputarão a direção da Unctad, a agência da ONU para Comércio e Desenvolvimento.

 

Ahmad Hindawi, da Jordânia, é carta fora do baralho. A única coisa que se sabe dele é que joga basquete. Países árabes hesitam em estragar o apoio com ele. Quanto ao único candidato de um país rico, o ministro de Comércio neo-zelandês Tim Groser, a questão é sobre quem vai apoiá-lo, além dos próprios desenvolvidos, pelo menos na fase inicial. Além disso, a Nova Zelândia já teve um diretor da OMC, Mike Moore. E a Índia já avisou que o selecionado terá obrigatoriamente que ser de país em desenvolvimento, pelo sistema informal de rotação geográfica.

 

A expectativa é sobre quem afinal EUA, China e União Europeia vão realmente apoiar. Os europeus parecem mais interessados em garantir um posto de diretor-adjunto, dessa vez para a Alemanha.

Outra questão é sobre quem vai conduzir o show - ou seja, o processo de seleção - dessa vez. Isso está vinculado a quem está na presidência de alguns órgãos da OMC. Significa que serão o embaixador do Paquistão, que quase todo mundo acha fraco, e dois embaixadores de países desenvolvidos.

 

Os candidatos se apresentarão aos países entre os dias 29 e 31, depois terão fevereiro e março para fazer campanha, em seguida serão feitas rodadas de consultas com os países para apontar seus favoritos, e enfim a escolha deveria estar feita até fim de março.

Para alguns tarimbados negociadores em Genebra, a disputa com nove candidatos poderá abrir maior espaço para qualidades individuais do que para considerações geopolíticas, e um beneficiado seria o candidato brasileiro Roberto Azevedo. Outros observadores acham que na reta final sobrarão três candidatos - da América Latina, da África e da Ásia.

 

Há dois cenários para a disputa: o cenário normal, em que os candidatos aceitam as regras do jogo, por exemplo, de serem eliminados gradualmente, num processo sujeito a boa dose de subjetividade. E o cenário catastrófico, em que um candidato recusa a derrota e bloqueia o processo. Isso aconteceu na disputa entre Supachai, da Tailândia, e Moore, da Nova Zelândia. Após meses de bloqueio, o mandato foi dividido entre os dois. Eles foram os piores chefes do sistema multilateral de comércio até hoje.

 

 

 

 


 
15/01/2013 
POLÍTICA
DILMA COBRA DE TEMER INIÃO DO PMDB

A presidente Dilma Rousseff convocou às pressas ontem, em reuniões separadas, o vice-presidente da República e presidente licenciado do PMDB, Michel Temer, e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para pedir garantias de que as disputas internas na legenda não irão afetar a governabilidade na segunda metade de seu mandato.

O Palácio do Planalto decidiu cobrar explicações por conta do acirramento de uma série de embates no principal aliado, deflagrados após o aval de Dilma para que o PMDB comande a Câmara dos Deputados e o Senado Federal em 2013 e 2014. Além da governabilidade, há receio de que um grupo mais hostil ao governo assuma o comando do partido na convenção nacional em março e de que o partido não esteja fechado para a reeleição da presidente. As reuniões com Temer e com Sarney não estavam previstas inicialmente na agenda da presidente.

 

Sua preocupação foi despertada por causa das três disputas em curso no partido. A mais branda delas ocorre no Senado e é para o posto de líder da bancada, já que Renan Calheiros (AL) deve ser eleito presidente da Casa na eleição do dia 1 de fevereiro. Para seu lugar, Romero Jucá (RR) e Eunício Oliveira (CE) mostraram interesse no cargo e tentam um acordo.

 

O problema maior, porém, ocorre na Câmara. O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), é favorito na eleição para presidente da Casa, marcada para 4 de fevereiro. Só que, além de Júlio Delgado (PSB-MG), ele enfrentará também a correligionária Rose de Freitas (ES).

Para piorar, a vacância do seu cargo na liderança abriu disputa entre Eduardo Cunha (RJ), Sandro Mabel (GO) e Osmar Terra (RS). Favorito, Cunha se indispôs com o apoio inicial de seu outrora fiel aliado Alves a Mabel e se aliou durante sua campanha a Geddel Vieira Lima, vice-presidente da Caixa Econômica Federal, cujos aliados fazem circular seu interesse em que ele seja candidato a presidente do PMDB contra Temer. Geddel também é um dos mais aguerridos opositores do governador da Bahia, Jaques Wagner, um dos petistas mais próximos de Dilma.

 

Ele nega que a candidatura esteja posta. "Ser candidato a presidente do PMDB é uma hipótese que não está colocada agora. O importante é que qualquer que seja o resultado desses embates, o PMDB continua sendo da base", disse Geddel ao Valor.

 

Ocorre que Alves está sob bombardeio de denúncias de irregularidades em seu mandato, como o favorecimento de funcionários na destinação de emendas parlamentares ou a contratação de empresas fantasmas para prestação de serviços em seu gabinete. As suspeitas de que elas decorram de "fogo amigo" causaram preocupação no círculo da presidente Dilma, principalmente pela possibilidade que os maiores interessados na fragilidade de Alves sejam pemedebistas simpáticos a oposição e que poderiam passar o restante de seu governo inviabilizando os interesses do governo no Congresso.

 

Eduardo Cunha avalia que qualquer pemedebista que atente contra Alves é "suicida", mas deixa claro haver concordância de opiniões entre ele e Geddel. "Ninguém prega sair do governo, ficar contra o governo, tirar o Temer da vice. O debate é sobre a forma, não sobre o conteúdo. O que pode fazer o PMDB se dividir é as coisas continuarem como estão, com o partido tendo tratamento secundário pelo governo. A cúpula do PMDB tem que saber mostrar ao governo que as coisas não podem ser feitas desse modo."

 

Tanto Cunha quanto Geddel classificam o momento interno pemedebista como natural e legítimo e avaliam que pode estar havendo um superdimensionamento dele. O certo é que até pouco tempo atrás ambos mal se cumprimentavam. Mas reataram com a perspectiva de poder que se abriu no horizonte. "Demos algumas caneladas sim. Geddel é brigão e briga de frente, mas Geddel também faz política e eu também sou assim. A bancada não precisa de baby sitter, precisa ser tratada com política. É normal que eu me aproxime do Geddel porque preciso conquistar apoios políticos. A liderança tem que estar integrada com todas as instâncias de poder do partido e o Geddel é uma delas", disse Cunha.

 

Apesar da preocupação, Dilma e Temer reafirmaram no encontro os nomes de Alves e Renan para presidir as duas Casas. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, não foram debatidas durante a reunião as recentes denúncias publicadas na imprensa envolvendo ambos.

Reservadamente, Temer avalia que já era esperado o bombardeio contra Renan e Henrique Alves, em função dos postos que pretendem assumir, mas que as denúncias, sobretudo envolvendo o deputado, não foram suficientes ainda para abalar a candidatura. A análise debatida por Dilma e Temer contemplou ainda a necessidade de manter uma aproximação permanente com o aliado PSB. Dilma, inclusive, se reuniu depois com o governador de Pernambuco e presidente nacional da legenda, Eduardo Campos. (Colaborou Bruno Peres)


 
15/01/2013 
POLÍTICA
DILMA SANCIONA LEI QUE CRIA NOVA POLÍTICA NACIONAL DE IRRIGAÇÃO

A presidente Dilma Rousseff sancionou com dois vetos, a Lei 12.787, que cria nova política nacional de irrigação. Os vetos dizem respeito a isenções fiscais adicionadas ao texto pelo Congresso. Publicada na edição desta segunda-feira do Diário Oficial da União, a nova 01
norma tem o objetivo de incentivar a ampliação da área irrigada, de forma a aumentar a produtividade agrícola.

 

Estão previstos vários incentivos fiscais, que serão destinados a planos e projetos públicos e privados de irrigação. A lei prevê, por exemplo, a transferência de projetos públicos de irrigação, já existentes, a agricultores irrigantes agrupados em cooperativas ou associações. O acesso ao crédito rural destinado à aquisição de equipamentos de irrigação será privilegiado, além de estímulos à contratação de seguro rural por produtores que pratiquem agricultura irrigada.

Por meio do programa Mais Irrigação, lançado em novembro, a presidente prometeu investir R$ 10 bilhões em projetos de irrigação do solo. Com isso, o governo quer levar desenvolvimento a regiões que enfrentam falta de água para produzir e terá importante papel no enfrentamento da estiagem no semiárido nordestino. Segundo a presidente, com a irrigação da terra haverá produção e geração de renda e emprego. O programa do governo será desenvolvido em parceria com a iniciativa privada, sendo que a União deverá investir R$ 3 bilhões, e as empresas, R$ 7 bilhões.

 

Dilma disse, na ocasião, que, a partir do programa de irrigação, o semiárido nordestino terá um caminho de desenvolvimento "além dos carros-pipa". A presidente afirmou que o compromisso do governo é derrotar a seca e que, para isso, não medirá esforços e usará a melhor tecnologia disponível.

 

 


 
15/01/2013 
POLÍTICA
FOGO ALTO

Os disparos contra o candidato do PMDB a presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, trouxeram a incerteza para uma disputa que até aqui seguia amena. Embora chamuscado, ele tem, ainda, as melhores condições para vencê-la, mas precisa responder às denúncias, pelo menos em consideração ao conforto político de seus potenciais eleitores. E, depois de ter subestimado o problema que deu origem a tudo, terá que administrá-lo corretamente: a disputa na bancada pelo seu cargo de líder, que colocou em lados opostos atores que manejam bem a artilharia pesada na política. Mais chumbo é esperado para hoje.

 

Em momento recente, Henrique Alves recebeu o aviso, registrado por esta coluna, de que a presidente Dilma Rousseff não aceitaria o deputado Eduardo Cunha como líder da bancada. Além de não gostar de seu estilo trator de esteira, ela e Lula não o perdoam por ter sabotado, como relator, a tramitação da emenda que prorrogava a CPMF, contribuindo decisivamente para sua derrota. Henrique, que sempre teve Cunha como aliado, lavou as mãos, dizendo que não apoiaria nem um nem outro dos candidatos. Mas, na prática, isso passou a significar apoio ao postulante goiano, Sandro Mabel. Osmar Terra continuou correndo por fora. Cunha buscou o apoio do ex-deputado e hoje diretor da Caixa Econômica Federal Geddel Vieira Lima.

Diz um chiste entre os políticos baianos que é Geddel, e não o novo prefeito de Salvador, ACM Neto, do DEM, quem melhor encarna o estilo do falecido ACM em sua versão “Toninho Malvadeza”, anterior ao “Toninho Ternura”, como ele se definiu ao romper com o regime militar e apoiar a eleição de Tancredo Neves, em 1985. Geddel, como o antigo adversário, bate pesado. Embora ele negue, dentro e fora do PMDB, sua participação na difusão de denúncias contra Henrique Alves é dada como certa.

 

Mas por que teria ele entrado na briga, ajudando Cunha na tentativa de detonação a candidatura de Henrique Alves a presidente da Câmara? Um dos melhores conhecedores do psiquismo interno do PMDB garantia ontem: Geddel, que sempre foi um queridinho do vice-presidente Michel Temer, enciumou-se com o apoio do vice à candidatura de Henrique Alves. Embora, como diz este peemedebista, deva a Michel o cargo que tem na CEF, não tendo mandato e sendo oposição ao governador Jaques Wagner (PT) na Bahia. As emendas de Alves para obras municipais que foram executadas por empreiteira de um colaborador passam pelo ministério que ele ocupou no governo Lula. O importante, nessa denúncia, é saber se o empreiteiro ganhou as obras, de valores pouco expressivos, em licitação correta e sem vícios.

 

Ontem Alves estava no Rio e deve ter tido contato, direto ou indireto, com outra turma do armamento pesado. É composto pelo governador Sérgio Cabral, o vice-governador Pezão e o prefeito Eduardo Paes. Deles teria partido um aviso: ou ele faz Eduardo Cunha líder ou levará mais tiros. Se eles vieram, resta saber se Henrique resistirá.

Os concorrentes Júlio Delgado (PSB) e Rose de Freitas (PMDB) naturalmente estão salivando ante a possibilidade de ver o principal adversário abatido na decolagem. Se isso acontecer, tudo pode ocorrer. Setores do PT já se assanhavam ontem pregando o rompimento do acordo de revezamento e o lançamento da candidatura de Arlindo Chinaglia.

 

Tucanos no galho

 

Júlio Delgado, que é de Minas, saiu satisfeito do encontro que teve ontem com o governador mineiro Antonio Anastasia (PSDB) e a bancada federal do estado. Anastasia prometeu até fazer um telefonema de apresentação a seu colega paraense, Simão Jatene, que esta semana recebe Delgado. Mas amanhã, recebe o peemedebista Henrique Alves. O deputado Marcus Pestana resume a objetividade tucana no caso. “Temos muita simpatia pelo Delgado, mas o que nos favorece é a observância da regra da proporcionalidade, não a luta campal. A regra nos garantirá, por direito, a primeira-secretaria.” O cargo é cobiçado pelo PSD, que tem o tamanho, mas não a antiguidade do PDSB. O atual presidente, Marco Maia, baterá o martelo, mas isso também ainda pode parar no STF.

Missão

A primeira parte do despacho de ontem entre Dilma e seu vice, Michel Temer, foi diplomática. Ele relatou suas viagens internacionais e acertaram a atuação dele no esforço para derrubar o embargo russo à carne brasileira. O premiê Dmitri Medvedev está chegando. No fim, tangenciaram o formigueiro político no PMDB.

 

Destino de Lobão

 

O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, tem conversado com seus pares do PMDB sobre a possibilidade de deixar o cargo quando a presidente Dilma deflagrar sua mini-reforma ministerial. Estaria precisando começar a preparar o terreno para a candidatura a governador do Maranhão. Para Dilma, seria mamão com açúcar. Ela poderia colocar um técnico de seus sonhos na pasta que foi dela para enfrentar a questão energética e compensar o PMDB com outro ministério.

 

 

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