notícias dos Principais Jornais Brasileiros (17-01-2013)

17/01/2013 21:05

 

AGRONEGÓCIO
CURTAS

Comércio - Exportações de fumo tiveram alta de 10,9% As exportações brasileiras de fumo bateram recorde em 2012 e somaram US$ 3,26 bilhões, com alta de 10,9% sobre o ano anterior. O melhor desempenho do setor havia sido registrado em 2009, com embarques de US$ 3,09 bilhões, conforme o Sinditabaco.

 

Frigoríficos - BRF adquire 49% de distribuidora árabe A BRF - Brasil Foods concluiu a aquisição de 49% da Federal Foods, distribuidora de alimentos de Abu Dhabi, por US$ 37,1 milhões. Segundo a empresa brasileira, a Federal Foods é líder na distribuição de alimentos nos Emirados Árabes Unidos.

 

Tradings (1) - Cargill recebe selo para exportação A multinacional americana Cargill recebeu a certificação da Bonsucro, organização global voltada para a redução de impactos ambientais da produção de cana. O selo permitirá que a empresa exporte açúcar e etanol de alguns terminais para a UE.



Tradings (2) - Louis Dreyfus fecha parceria para algodão A multinacional francesa Louis Dreyfus fará o pagamento de 30,38 milhões de dólares australianos à Namoi Cotton Co-operative por uma participação de 49% no negócios de comercialização e empacotamento de algodão (packing services).

 
 

 
17/01/2013 
AGRONEGÓCIO
FISCALIZAÇÃO BARRA 20% DOS ADUBOS NO PAÍS

Quase um quinto dos fertilizantes fiscalizados no Brasil está fora do padrão estabelecido pelo Ministério da Agricultura. No ano passado, 19,98% das amostras de produtos coletadas até novembro apresentaram níveis de nutrientes fora dos limites previstos pela legislação.

Desde 2008, as avaliações periódicas realizadas pela Pasta resultaram em quase 6,2 mil autos de infração contra empresas do setor.

Os padrões estabelecidos pela legislação visam garantir a eficiência do produto. Há uma margem de tolerância, para cima e para baixo, devido às alterações que podem ocorrer tanto durante a amostragem quanto na análise laboratorial.

 

Em 2008, o Ministério da Agricultura procurou o Ministério Público Federal (MPF) para dar prosseguimento aos processos administrativos. O órgão então encaminhou algumas ações para as regionais, segundo Hideraldo José Coelho, coordenador do Departamento de Fiscalização dos Insumos Agrícolas, do Ministério da Agricultura.

No ano passado, uma ação contra a multinacional norueguesa Yara foi ajuizada na Promotoria de Defesa do Consumidor do Rio Grande do Sul pelo Ministério Público do Estado. Segundo Rossano Biazus, promotor do Ministério Público Federal no Estado, a empresa foi acusada de apresentar diversas amostras que não estavam em conformidade, a partir da autuação do Ministério da Agricultura.

Depois das investigações e da defesa da companhia, o inquérito civil foi encaminhado à Justiça e foi deferida uma liminar pela 15º Vara Cível do Foro Central de Porto Alegre, em 21 de dezembro de 2012, que determina que a empresa não oferte mais esses produtos com especificações em não conformidade, com recolhimento dos lotes de fertilizantes. A Yara estará sujeita à multa de R$ 50 mil por lote não retirado.

O Ministério Público pede que as liminares sejam mantidas e que haja indenização para os produtores. Em nota, a Yara Brasil informou que discorda dos critérios adotados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul e que recorrerá da decisão. A empresa também ressalta que adota padrões de certificação e controle de qualidade mundialmente reconhecidos.

 

A alegação da Yara ecoa no setor. De modo geral, a indústria reclama que a legislação sobre fertilizantes no Brasil é defasada, o que é admitido por representantes do próprioMinistério da Agricultura. Coelho afirma, porém, que os valores das multas às empresas estão defasados - na média, ficam entre R$ 2 mil a R$ 3 mil, podendo chegar a R$ 19 mil.

 

Segundo ele, o problema tornou-se muito frequente. O número absoluto de autos de infração lavrados recuou de 1.264, em 2008, para 722, em 2012 (número preliminar, até novembro), mas porque o número de amostras coletadas diminuiu. Na média, o número de autuações em relação à quantidade de amostras subiu, de 18,17% para 19,98%, no mesmo período. "O processo produtivo não é perfeito, é comum acontecer, mas está frequente", afirma o representante do governo.

 

Coelho explica que a redução de amostras coletadas faz parte de um plano de ação orientado para fiscalizações com maior foco na melhoria do processo de produção das empresas (verificação de equipamentos deficientes, controle de qualidade adotado pelas empresas) em detrimento da quantidade de amostras fiscalizadas.

Por outro lado, na sua avaliação, os números da fiscalização estão caindo em virtude das restrições orçamentárias e financeiras instituídas nos últimos dois anos pela Presidência da República para contenção de gastos com diárias e passagens, o que limita o deslocamento dos fiscais.

 

David Roquetti Filho, diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), que representa as empresas do setor, pondera que, em um mercado que movimenta cerca de 30 milhões de toneladas por ano, não é incomum ter alguma não conformidade pelo tamanho e escala do segmento. Mesmo assim, segundo ele, o número é "ínfimo". "Quando acontecem [as irregularidades], as providências são rapidamente tomadas em benefício dos clientes", garante.

 
17/01/2013 
AGRONEGÓCIO
PRODUÇÃO DE ETANOL NOS EUA TEM QUEDA HISTÓRICA

A tensa combinação entre baixa demanda por gasolina, elevados estoques e altos preços do milho empurrou ladeira abaixo a produção de etanol nos Estados Unidos, que recuou ao menor nível já registrado pela Administração de Informações de Energia (EIA, na sigla em inglês), desde que esses dados começaram a ser compilados, em 2010.

 

Na semana encerrada em 11 de janeiro, a produção americana do biocombustível caiu 5,1%, para 784 mil barris por dia - o que consumiu o equivalente a 2 milhões de toneladas de milho, principal matéria-prima do produto nos EUA. O menor patamar até então havia sido atingido no fim de setembro de 2012, com a oferta de 785 mil barris diários.

Já os estoques subiram 2,6%, para 20,4 milhões de barris, o que reverteu o declínio da semana anterior. Em dezembro, os estoques de etanol nos EUA haviam alcançado o maior volume em seis meses - 20,8 milhões de barris. Na bolsa de Chicago, referência mundial para a formação dos preços do milho, o grão chegou a ser pressionado assim que os dados foram divulgados, mas a tensão com os estoques enxutos da commodity sustentou as cotações. Assim, os contratos com entrega em maio (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente a de maior liquidez) fecharam em ligeira alta de 0,06%, a US$ 7,2125 por bushel.

 

Segundo Stefan Tomkiw, do Jefferies Bache, em Nova York, há uma queda sazonal na produção de etanol no Brasil atualmente, o que pode dar algum suporte às cotações do etanol americano. Além disso, existe um cenário de margens positivas para o "blend" (mistura de etanol à gasolina), e pode haver um repique na produção do biocombustível nas próximas semanas. "O preço do milho não está tão atraente, mas se combinarmos a demanda dos derivados de etanol, a conta acaba fechando mesmo com o custo maior". (Com Dow Jones Newswires).

 

 


 
17/01/2013 
AGRONEGÓCIO
URUGUAI AMPLIA COMPRA DE PRODUTOS SUÍNOS BRASILEIROS

Brasil e Uruguai negociam o certificado sanitário para a retomada do comércio de produtos suínos. Em dezembro de 2012, a Direção-Geral de Serviços Pecuários do Uruguai (DGSPU) aprovou a liberação da importação de carne, produtos, subprodutos e derivados de porcos de 13 Unidades da Federação do Brasil, reconhecidas como zonas livres de febre aftosa.

 

Recentemente, somente Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul tinham permissão para vender produtos suínos para o Uruguai. A nova certificação sanitária vai abrir o mercado para os Estados do Acre, Rondônia, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe, além do Distrito Federal.

 

Na resolução 200/012, a DGSPU reconhece que o Brasil tem desenvolvido políticas sanitárias que garantem uma condição higiênico-sanitária de animais e produtos de origem animal.

O embargo era mantido desde o último caso de febre aftosa registrado no Brasil. Para reverter o quadro, nos últimos anos, o Brasil realizou diversas reuniões com o Uruguai, bem como fez consulta à Comissão de Comércio do Mercosul. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA

 
17/01/2013 
AGRONEGÓCIO
VAIVÉM DAS COMMODITIES

Chuva atrapalha o início de colheita da soja O Brasil inicia a grande safra de soja deste ano com problemas pontuais na colheita da soja precoce. A ocorrência de chuvas fortes em Mato Grosso, Goiás e Paraná, Estados importantes no quadro de produção do país, impede o avanço da colheita.

 

Em algumas regiões, a produtividade está abaixo do esperado, mas esse início de safra não deve comprometer a produção nacional.

As estimativas atuais indicam uma área recorde de 27,3 milhões de hectares e produção entre 82 e 83 milhões de toneladas, um volume também recorde, se confirmado. A queda ocorre mais por problemas no plantio e no desenvolvimento das lavouras, devido à seca, do que pelas chuvas atuais.

 

Otavio Celidonio, do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), diz que houve um avanço grande na área semeada com soja neste ano no país, principalmente em Mato Grosso.

Parte dessa soja foi plantada em área arenosa, mais suscetível à seca. Além disso, essas plantas passaram por um estresse na florada. "Apesar disso, o país vai colher bem." Pouca soja está sendo colhida atualmente, diz Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista da Somar.

A área a ser colhida deveria aumentar na próxima semana, mas a chuva vai continuar dificultando a operação das máquinas, segundo Santos.

"O problema dessa soja precoce não é a chuva atual, mas a falta dela no período da primavera", diz ele. A Bahia vive cenário diferente. Os baianos tinham um sério problema de seca e a chuva recente vai estancar as perdas. "Mas não recupera o que foi perdido", diz Santos.

Os paranaenses que anteciparam o plantio também têm dificuldade para colher, devido às chuvas na região.

A produtividade está abaixo do normal, mas o grosso da produção só virá a partir de 15 de fevereiro. "Não haverá perdas no setor porque as lavouras estão muito boas", diz o analista José Pitoli.

Apesar de a chuva preocupar, os produtores estão de olho mesmo é na ferrugem da soja. "Ela está no campo, mas não se espalhou como se imaginava. A chuva e a umidade devem permitir um avanço agora", diz Santos.

 

Defasagem 
Os preços internos da gasolina estão 13% inferiores aos praticados no mercado internacional, tomando como base os valores dos negócios no golfo do México. Já o diesel tem defasagem de 23%.

Há um mês

Os dados são do CBIE (Centro Brasileiro de Infra Estrutura) e apontam uma evolução em relação aos de há um mês, quando a defasagem era de 7% para a gasolina e de 23% para o diesel.

 

Foi maior

Os percentuais atuais são inferiores, no entanto, aos de abril de 2012, quando a gasolina chegou a custar 30% menos do que no exterior. O diesel custava 28% menos naquele mês.

 

Trigo 
Os preços internos seguem os externos e mantêm alta. Pesquisa da Folha apurou aumento de 50% nos preços do cereal nos últimos 12 meses.

Quanto subiu

No mercado externo, a valorização do cereal foi de 30%, conforme preços praticados na Bolsa de mercadorias de Nova York.

Agrícolas 
Se tudo der certo com as safras da América do Sul, os preços da soja poderão girar abaixo deUS$ 13. A commoditiy chegou a ser negociada a US$ 18 por bushel em setembro. Ontem estava a US$ 14,1 na Bolsa de Chicago.

 

Não muito  O contrato de março não deve ficar abaixo de US$ 12,50 por bushel (27,2 quilos), no entanto. A avaliação é de Pedro Dejneka, da PHD Derivativos.


 

 
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17/01/2013 
COMÉRCIO EXTERIOR
DINÂMICA DAS EXPORTAÇÕES - ABISMO DA COMPETITIVIDADE

Por Otaviano Canuto, Matheus Cavallari e José G. Reis

 

O saldo da balança comercial brasileira atingiu em 2012 o menor valor em muitos anos. Embora esse resultado chame a atenção para os problemas do comércio exterior brasileiro, muito mais preocupante - e relevante para a condução da política economica - nos parece ser a dinâmica recente das exportações brasileiras. Em artigo publicado recentemente na Revista Brasileira de Comércio Exterior, da Funcex, fizemos um detalhado exame do desempenho das exportações brasileiras nos últimos 15 anos, explorando comparações internacionais, bem como novas bases de dados. Os resultados parecem reafirmar a presença de sérios problemas de competitividade no país.

 

Não que a economia brasileira tenha problemas de capacidade para expandir ou diversificar suas exportações. Na esteira do forte crescimento econômico mundial com consequente expansão do comércio internacional e contando com preços de commodities extremamente favoráveis, as exportações brasileiras de bens e serviços cresceram nada menos que 262% entre 2000 e 2010, praticamente o dobro da média mundial (135%). Ademais, ao contrário do que possa parecer, o problema das exportações brasileiras não é a falta de diversificação.

 

Reconhecido como "global trader" e ostentando uma ampla disponibilidade de recursos naturais, além de uma estrutura industrial bastante diversificada, o Brasil mostra uma significativa diversificação tanto de destinos, quanto de produtos, sendo superado apenas por países desenvolvidos e algumas economias emergentes da Ásia, como a China. Isso sugere a existência de um considerável potencial em termos de ampliação das exportações, dado que os custos fixos impostos para entrar em novos mercados já foram em larga medida superados.

A despeito do bom desempenho agregado, um olhar mais atento sugere uma dinâmica recente preocupante. Primeiro, fica claro que as exportações brasileiras se beneficiaram de efeitos de composição setoriais e geográficos. Em outras palavras, as exportações foram mais "puxadas" pelo crescimento acentuado de nossos produtos e do mercado exterior do que propriamente "impulsionadas" por ganhos locais de competitividade. Excluídos esses efeitos de composição, o crescimento das exportações brasileiras associado mais diretamente à competitividade se reduz para pouco menos de 2% por ano em média, ainda significativo, mas inferior ao observado na China, Índia, México e Turquia, por exemplo. No período pós-crise, excluídos esses mesmos efeitos, o crescimento das exportações brasileiras associado mais diretamente à competitividade foi de apenas 1,1%, o menor entre os países em desenvolvimento.

 

Chama ainda mais a atenção a baixa e decrescente entrada de firmas no mercado exportador. A taxa de entrada de exportadores já era baixa no Brasil e reduziu-se para apenas 22% nos últimos anos (ou seja, a proporção de novos exportadores é de 22% - firmas que exportam em um determinado ano sem tê-lo feito no ano anterior). Além de ser muito inferior aos valores observados nos 44 países disponíveis para comparação na base de dados do Banco Mundial (em torno de 35% a 40%), o Brasil mostra a mais baixa taxa de entrada. Esse resultado é corroborado por indicadores recentes apresentados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, sendo bastante preocupante.

 

Afinal, diversos estudos apresentam evidência convincente de que novos exportadores são mais produtivos em média do que os não exportadores. O baixo e decrescente ritmo de entrada de exportadores pode estar associado a níveis baixos de produtividade das firmas, ou a elevados custos para exportar, ou a ambos.

De qualquer forma, trata-se de um "sinal amarelo" que requer um diagnóstico mais detalhado para orientar ações de política econômica.

Nos anos recentes houve uma tendência à menor diversificação de produtos exportados, além de uma clara redução da parcela de maior conteúdo tecnológico nas exportações brasileiras. Os produtos primários e os derivados de recursos naturais ganharam significativa participação entre 2000 e 2010. Contudo, a queda da parcela de produtos de maior conteúdo tecnológico não foi reflexo apenas de um sucesso exacerbado das commodities na pauta brasileira, mas de um desempenho insuficiente em termos absolutos comparativamente às economias emergentes.

 

Em particular, merece atenção o reduzido grau de abertura comercial no Brasil e nossa limitada conexão com as cadeias de produção global. Mesmo quando considerado o nível de renda per capita e o tamanho do mercado interno, a participação dos fluxos de comércio exterior no Produto Interno Bruto (PIB) segue entre as menores do mundo. O incipiente comércio intra-industrial, além de seu pouco dinamismo recente, atesta esta baixa integração com as cadeias globais. Perseguir maior integração internacional da economia brasileira segue sendo um desafio que pode propiciar amplos benefícios no médio prazo.

 

O desempenho exportador brasileiro examinado em detalhe parece refletir os conhecidos problemas de competitividade. A agenda é ampla: o ambiente de negócios no Brasil não pode ser considerado favorável - especialmente quando comparado aos demais países - sendo a carga tributária elevada e os custos logísticos de exportação altos.

O governo tem se mobilizado para enfrentar alguns desses pontos, mas parece clara a necessidade de retomar as reformas microeconômicas e reduzir o custo Brasil, inclusive almejando maior produtividade no setor de serviços. Otaviano Canuto, Matheus Cavallari e José Guilherme Reis são, respectivamente, vice-presidente, consultor e economista-líder no Banco Mundial

 

 

 

 


 
17/01/2013 
COMÉRCIO EXTERIOR
EM NOVO INDICADOR DE COMÉRCIO, EUA SÃO O MAIOR PARCEIRO DO PAÍS

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) lançaram ontem, em Paris, um novo sistema estatístico para medir o comércio mundial, com a pretensão de que ele substitua a balança comercial. A fórmula estatística, desenvolvida nos últimos quatro anos, inclui em seu cálculo, entre outros elementos, a balança de serviços integrados a um bem de consumo.

 

Pelo Indicador de Comércio de Valor Agregado (EaVA), o Brasil teria maior superávit com os Estados Unidos, que superariam a China como maior parceiro comercial do País. Para o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, o indicador deveria substituir a balança comercial como critério de referência.

 

O principal objetivo do indicador é medir a contribuição industrial e de serviços que cada país agrega a um produto. Segundo a OCDE, o EaVA "rompe com as estatísticas comerciais clássicas", que se limitam a medir os fluxos de exportação e importação de brutos de bens e serviços.

A nova fórmula seria mais completa para explicar as relações comerciais internacionais na época da globalização e dos livres mercados. "As estatísticas tradicionais de comércio talvez não contem toda a história", afirmou Angel Gurría, diretor-geral da OCDE, aproveitando a oportunidade para defender a abertura dos mercados, em especial dos serviços. "A capacidade de cada país de vender depende de sua atitude e determinação em comprar do resto do mundo."

 

O EaVA, segundo a OCDE e a OMC, seria também uma prova de que toda medida protecionista representa um prejuízo à competitividade do país. Alterações. Ao considerar a origem do valor agregado, a OCDE e a OMC alteram a lógica da balança comercial, e com isso seu resultado. Segundo o EaVA, as estatísticas de comércio seriam muito diferentes das conhecidas até aqui. Pelo estudo, o "conteúdo estrangeiro" dos produtos eletrônicos fabricados na China, por exemplo, equivaleria somente a 40% do total dos bens. Outro exemplo vem do mercado automotivo: dos veículos produzidos na Alemanha, apenas um terço dos componentes na realidade não são fabricados no país.

 

A nova lógica também altera o que se sabe sobre o comércio brasileiro. O superávit comercial do Brasil com a China, diz o relatório, seria 45% menor - de US$ 12,1 bilhões para US$ 4,9 bilhões - em valor agregado do que em valores brutos, porque as exportações do País se baseiam em commodities. Já o superávit com os EUA seria maior do que a balança comercial sugere - o que faz dos americanos os maiores parceiros comerciais do Brasil, com US$ 6,6 bilhões de excedente em valor agregado, ante US$ 5,6 bilhões brutos.

"Os EUA são o principal parceiro comercial do Brasil, e consomem 17% de suas exportações em termos de valor agregado, enquanto a China responde por mais 10% das exportações de valor agregado", diz o relatório. "Essa inversão de papéis se deve ao fato de que 60% das exportações brasileiras para a China são de produtos primários, muitos dos quais acabam como bens finais consumidos na Europa e nos EUA." O Brasil também apresenta déficits menores com economias europeias e com a Índia, completa o documento.

 

A OCDE aponta ainda que, em média, o conteúdo de valor agregado nas exportações brutas do Brasil (10%) e a parte de seus insumos importados utilizados nas exportações (14%) são menores que em todos os 33 países-membros da organização.

Para Gurría e Lamy, os dados atestam que a competitividade das empresas e o desempenho das exportações é cada vez mais dependente da integração dos países numa rede de produção globalizada. Por isso, seria importante trabalhar pela abertura dos mercados, diz o diretor-geral da OMC. "Esses dados têm profundas implicações em políticas de comércio e em negociações", diz Lamy, para quem "as estatísticas de hoje não estão adaptadas às mudanças".

Embora o governo brasileiro aprecie a nova base de cálculo, por sua complexidade e pelas novas informações sobre o comércio, o País tem restrições ao uso político que possa ser feito nas discussões comerciais. "Nossa preocupação é sobre como isso vai ser instrumentalizado", diz Ricardo Guerra de Araújo, chefe do Escritório de Ligação da Embaixada do Brasil com a OCDE.

 

Eleição para a direção-geral da OMC vira tabu

Em Paris, eleições para a direção da OMC são assunto proibido. A eleição para a direção-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) não foi evocada em nenhum momento, ontem, na OCDE. E, questionado pelo 'Estado', o atual diretor-geral da entidade, Pascal Lamy, se recusou a fazer comentário a respeito da candidatura do embaixador brasileiro Roberto Azevedo. Adversário do brasileiro, Tim Groser, ministro do Comércio Exterior da Nova Zelândia, também escapou, optando pelo silêncio ao ouvir a questão sobre a disputa. / A.N.

 
17/01/2013 
COMÉRCIO EXTERIOR
EXPORTADOR REDUZ PREÇO, MAS NÃO CONSEGUE VENDER MAIS EM 2012

Por Rodrigo Pedroso | De São Paulo

 

O exportador brasileiro reduziu o preço dos produtos vendidos no exterior em 4,9%, mas mesmo assim a quantidade embarcada não aumentou no ano passado em relação a 2011. Já a desaceleração da atividade econômica freou as importações, que caíram 2,3% em quantidade, mas ficaram mais caras: 0,9%. O esfarelamento do preço do minério de ferro e das commodities explica o que ocorreu com as exportações, enquanto o mix das compras externas, por conter maior valor agregado, é a razão pela qual o nível dos preços aumentou, segundo especialistas em comércio exterior. Os números estão em estudo sobre o tema que será divulgado hoje pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

 

Com cerca de 45% da pauta total de exportações concentrada em produtos básicos, o Brasil é vulnerável à desaceleração da atividade econômica. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), enquanto o volume do comércio mundial cresceu 5% em 2011, a estimativa para o ano passado é que o aumento tenha sido menor, de 2,5%. O resultado é reflexo do baixo crescimento americano, da crise na zona do euro e, o que causa mais impacto nas commodities brasileiras, da desaceleração da economia chinesa.

 

Apenas o minério de ferro, produto que corresponde a 13% do total exportado pelo país no ano passado, teve uma queda de 23,5% no preço, de acordo com Rodrigo Branco, economista-chefe da Funcex. Lia Valls, coordenadora de estudos do setor externo do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), fez uma cesta do preço das commodities, que registrou queda de 7,7% ao longo do ano passado. "A quantidade aumenta 1,5%, ajudando a mitigar um pouco a venda mais barata. Mas o incremento não foi igual. Ele foi concentrado em produtos agrícolas e um pouco em combustíveis", diz Lia.

 

Nas exportações de básicos, que além das commodities contêm produtos minerais, o recuo nos preços foi de 8,2%. A queda é a maior entre todas as classes de produtos avaliados no estudo. Com um pouco mais de valor agregado, os semimanufaturados recuaram nos dois recortes: 6,8% em preço e 1,6% em volume.

 

A manufatura "ajudou a segurar o resultado", segundo Lia, pois os preços recuaram 0,3% e o volume 1,3%. "Os EUA ajudaram bastante, especialmente no último trimestre, quando retomaram as compras. As vendas de manufatura ao país aumentaram 3,5% ano passado, puxado muito por óleo combustível."

 

Dentro desse setor de manufaturas, os bens de capital fabricados no Brasil aumentaram a presença no exterior, com 4,3% de crescimento no volume exportado. Contudo, os produtores seguraram os preços, que cresceram 0,9%.

 

A queda na quantidade de importação ocorreu em parte por causa das medidas tomadas pelo governo no ano passado. O aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis importados levou os bens duráveis a cair nada menos que 18,2% em volume em relação a 2011, quando foi verificado aumento maciço de veículos asiáticos no mercado brasileiro.

 

Branco diz que os automóveis possuem uma participação forte nos bens duráveis, tanto na importação como na exportação. De fato, registrou-se também recuo de 15,7% nas vendas ao exterior desse tipo de grupo. No entanto, os preços aumentaram 6,3% para a importação e 5,2% na exportação. Nas compras do exterior, máquinas e equipamentos ficaram em média 2,8% mais caras e veículos 3,7%, por exemplo.

 

Somente as barreiras aos veículos, contudo, não explicam a retração no volume de importações. A razão principal, para Lia, é a desaceleração da economia brasileira, que depois de crescer 2,7% em 2011, deve se expandir cerca de 1% em 2012.

 

Lia também aponta que a desvalorização cambial em 2011 não foi suficiente para fazer os exportadores ganharem terreno. "A depreciação de 10% do real não foi suficiente em um cenário internacional de retração da demanda."

 

 

 
 

 
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17/01/2013 
ECONOMIA
AGRICULTURA INVESTE R$ 200 BI

Sim, a agricultura brasileira voltou a salvar a economia de um ano que poderia ter sido ainda pior. Investiu R$ 200 bilhões em 2012, dados do Ministério da Agricultura, e deve repetir este ano, metade em financiamento do governo, o que é dívida e os agricultores tiveram coragem de assumir e terão de pagar. Em consequência, a produção, que havia aumentado 2,1% no ano passado, deve registrar um crescimento espetacular de 8,6% na safra atual, de acordo com previsão da Conab. Vamos chegar a 180 bilhões de toneladas e isso, atentem, só de grãos e oleaginosas sem contar culturas como café, banana, laranja e - importantíssimo - cana.

Só no ultimo trimestre, a safra cresceu 3,1%. Não fosse essa exuberância de crescimento, certamente o PIB deste ano teria ficado ainda mais abaixo do 1%. Outro Brasil silencioso. Em meio a tanta incerteza, com a indústria recuando, outros setores hesitando, os investimentos caindo, previsões dos analistas do mercado cada vez mais pessimistas, agora falam em 3% este ano, mas poucos acreditam. Os 30 milhões de agricultores brasileiros continuaram plantando, produzindo em silêncio. Pouco se fala deles na mídia, só quando as exportações aumentam, sustentando o único setor que ainda gera superávit. Depois, o silêncio, o esquecimento sobre o que se faz no campo. A exceção foi o excelente e esclarecedor editorial no Estado de segunda-feira "Recordes no campo." Por que esse silêncio? Porque, ao contrário da indústria, da Fiesp, em vez de correr para a imprensa e reclamar, os agricultores absorveram o impacto, plantaram e continuam plantando. E isso vivendo nas mesmas condições, nas mesmas circunstâncias e desafios de todos os outros.

Eles têm o mercado lá fora. Um dos argumentos mais ouvidos para justificar essa diferença de atitude é que a agricultura e a pecuária crescem e exportam porque podem contar com as exportações, com a demanda do mercado externo, onde, apesar da desaceleração econômica, o setor de alimentos é o último atingido. Eles não sofrem a competição dos chineses no Brasil, dizem. É um argumento falso, como todos os outros que pretendem diferenciar a atividade industrial com a agrícola e pecuária dizendo também que a competição interna entre as indústrias instaladas no País é maior que a dos produtores agrícolas. A indústria opera com um número grande e variado de produtos; a agricultura, nem uma dúzia.

Tomem nota disto, leitores. "A agricultura brasileira exporta muito, é líder mundial em vários produtos - porque, repito, porque tem produtividade elevada, produz a custos menores, pode, sabe competir até mesmo com esse gigante agrícola que são os Estados Unidos do qual deve roubar a liderança no mercado de soja este ano! O Brasil já é uma potência agrícola e em ascensão, ao contrário de outros países."

 

Coragem e empenho. É isso o que existe no campo brasileiro, esse "desconhecido", que a coluna pretende divulgar. Querem um exemplo, muito bem lembrado no editorial do Estado de segunda-feira, em 2012 as exportações do agronegócio atingiram o recorde de US$ 95,8 bilhões, mas foram um pouco maior do que no ano anterior por causa da queda da demanda provocada pela crise mundial. Os preços caíram em média nada menos que 7,1% (sim, tudo isso, 7,1%!) Apesar disso, as exportações para a China, basicamente de commodities, e outros países aumentaram 8,9%. Desconte-se minério, fora soja, carne, milho, cana, café e outras lavouras. Mas, como, os preços caem e a receita aumenta? É simples. Em vez de ficarem chorando, os agricultores brasileiros aumentaram o volume físico das vendas, exportaram mais soja, café, milho...para compensar perdas e reduzir prejuízos. E estão plantando novamente, vão investir de novo R$ 200 bilhões, produzir uma safra de mais 8,6%, bater novos recordes. Isso se chama empreendimento.

Não há dúvida alguma, a agricultura salvou e tudo indica que vai continuar salvando a economia. Agora, é esperar pelos outros que não só não veem, mas recuam. Numa luta solitária e silenciosa, a agricultura, os 30 milhões de agricultores brasileiros, mais uma vez salvaram a economia. E tudo indica que vão repetir essa façanha quase "rotineira"em 2013, este ano, como veremos em próxima coluna. Um tema, um exemplo, uma lição da mais alta importância que os brasileiros precisam conhecer.

 
17/01/2013 
ECONOMIA
BC MANTÉM JUROS EM 7,25% MAS VÊ PIORA NA INFLAÇÃO

Em decisão unânime, autoridade monetária também diz que recuperação da economia é 'menos intensa que o esperado'

Copom volta a afirmar que manterá Selic por tempo 'prolongado', mas há quem aposte em alta ainda neste ano

Mesmo com a inflação esperada a caminho do teto oficial, o Banco Central decidiu manter os juros, pela segunda vez consecutiva, no menor patamar desde o Plano Real.

A taxa Selic, que serve de base para o custo dos financiamentos bancários e o rendimento das aplicações financeiras, ficará, segundo decisão unânime do Comitê de Política Monetária, nos mesmos 7,25% ao ano definidos desde outubro passado.

Em comunicado, o BC reconheceu que a inflação "apresentou piora no curto prazo". Mas disse ter considerado também que a recuperação da economia é "menos intensa que o esperado".

Embora nada surpreendente, dado que a aposta central do mercado é a estabilidade dos juros ao longo do ano, a medida está longe de significar conforto para o BC.

Pesquisa feita pela instituição entre analistas e investidores revela que a expectativa geral é de alta da inflação -que já superou o centro da meta de 4,5% anuais oficiais nos últimos três anos- durante este primeiro semestre.

Pela projeção mais consensual, o IPCA (índice oficial de inflação) vai acumular variação de 6,4% nos 12 meses encerrados em junho próximo.

É praticamente o limite máximo aceito para a inflação, de dois pontos percentuais acima da meta. Embora meta e teto sejam estabelecidos para o período de janeiro a dezembro, um estouro da taxa acumulada traria danos adicionais à credibilidade da equipe econômica.

Não por acaso, o governo Dilma Rousseff tem recorrido a expedientes pouco ortodoxos na tentativa de segurar a alta dos preços -por exemplo, pedindo às prefeituras de São Paulo e do Rio o adiamento dos reajustes das tarifas de transporte coletivo, como aFolha noticiou.

Os juros não sobem porque nem o Planalto nem o setor privado têm confiança na prometida recuperação da economia, após o decepcionante crescimento do Produto Interno Brito na casa de 1% no ano passado.

PRESSÕES OPOSTAS

Como os maus resultados da inflação e do PIB pressionam em direções opostas, o BC fala, desde outubro, em manter a Selic "por um período de tempo suficientemente prolongado", palavras repetidas ontem em nota.

Há quem aposte, no entanto, em uma permanência menos prolongada.

O economista-chefe da corretora Votorantim, Roberto Padovani, prevê que o BC vá voltar a elevar a taxa ainda neste ano.

Em sua opinião, a atividade econômica vai acelerar, acentuando a tendência de elevação dos preços, e os juros irão a 8,5% até dezembro.

"A política monetária está desenhada hoje para estimular a economia. À medida que a atividade retomar o crescimento, estímulos monetários serão menos necessários."

Já o Itaú Unibanco, que vê maior fraqueza na economia, chegou a projetar uma redução da taxa para 6,25%. No entanto, em relatório recém-distribuído a seus clientes, o banco aponta que a piora da inflação tornou menos provável esse cenário.


 
17/01/2013 
ECONOMIA
INFLAÇÃO DE 1% EM JANEIRO

A inflação não dará trégua aos consumidores tão cedo. Foi o que avisou ontem o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), Paulo Picchetti, ao detalhar os reajustes nos últimos 30 dias captados pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A segunda prévia do indicador de janeiro apontou alta de 0,89% (ante 0,77% da primeira), indicando que a taxa final do mês será de pelo menos 1%. “Por enquanto, o índice claramente caminha para isso”, afirmou. O único alívio esperado pode vir dos alimentos in natura (verduras, frutas e legumes), cujo encarecimento surpreendeu os especialistas.

Os reajustes de preços estão disseminados — não se concentram apenas nas gôndolas dos supermercados, onde a inflação é mais visível, sobretudo pela população mais pobre, que gasta o grosso do salário com comida. Os cursos de ensino fundamental apontaram aumentos médios de 5,21% nos primeiros dias de janeiro e os de ensino superior, 2,99%. Com isso, o grupo educação, leitura e recreação apontou aumento médio de 2,09%.

Os cigarros, com alta de 7,22%, puxaram a inflação do grupo despesas diversas, cujos reajustes médios passaram de 2,20%, na primeira prévia do IPC-S, para 3,24%. No grupo alimentação, houve aceleração de 1,57% para 1,78%, devido à disparada de 11,2% nos preços das hortaliças e dos legumes. Somente o tomate aumentou 16,3%, a batata-inglesa, 16,6%, e a alface, 8,15%. Segundo Picchetti, se as pressões de aumento dos cursos e dos cigarros já estavam nas contas, o resultado dos in natura foi uma surpresa desagradável. “A culpa é do clima. É o que acontece essencialmente em janeiro, com chuvas demais e, às vezes, de menos a afetar a oferta. Mas, dificilmente, conseguimos mensurar. A depender de como isso evoluir, pode mexer com nossa previsão de 1% para o mês”, afirmou.

Carros mais carosPara desespero do governo, os índices de preços já estão captando o fim da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros, móveis e eletrodomésticos — o que poderá levar este a ser o pior janeiro dos últimos 10 anos em termos de inflação. “O fim da isenção de IPI para alguns bens duráveis já mostra efeito sobre os indicadores”, avaliou Picchetti. Os automóveis novos saíram de uma queda de 0,10%, na primeira prévia do 
IPC-S, para uma alta de 0,49%. No caso dos móveis, a evolução foi de baixa de 0,32% para um aumento de 0,43% e, dos eletrodomésticos, de 0,14% para 0,61%.  Não à toa, o governo adiou ao máximo o reajuste dos combustíveis e pediu aos prefeitos de São Paulo e Rio de Janeiro para só aumentarem as tarifas de ônibus no meio do ano.


 
17/01/2013 
ECONOMIA
INTERVENÇÃO DE DILMA

A presidente Dilma Rousseff assumiu, definitivamente, o bastão de ministra da Economia. Desde o início do ano, tomou para si a missão de convencer, pessoalmente, alguns dos empresários mais importantes do país a retomarem os investimentos produtivos e, com isso, ajudarem na recuperação do crescimento do país. Ela está certa de que, hoje, ninguém da sua equipe econômica será capaz de reverter o pessimismo e a onda de desconfiança que se abateu sobre o capital. Sem o otimismo de volta, está condenada a ver os dois últimos anos de seu governo repetindo os baixos índices de crescimento de 2011 e 2012, complicando seus planos de reeleição.

 

Dilma foi persuadida por seu mentor, o ex-presidente Lula, de que o melhor caminho para despertar o espírito animal dos empresários seria recebê-los individualmente, ouvindo as queixas e sugestões e dizendo o que o governo está fazendo e o que pode fazer para sustentar o avanço do Produto Interno Bruto (PIB), como os projetos de concessão de portos, rodovias, ferrovias e aeroportos. O Palácio do Planalto acredita que a estratégia dará certo e funcionará como contraponto à campanha contra o ministro Mantega “encabeçada pelos que estão perdendo dinheiro com as mudanças impostas na economia pelo governo em favor da maioria da população”.

 

Dilma reconhece que houve falhas importantes na comunicação do governo com os agentes econômicos, sobretudo em relação às contas públicas. Mas, para ela, é inaceitável campanhas feitas, sobretudo, no exterior. Primeiro, foi a revista inglesa The Economist, que pediu a demissão de Mantega. Ontem, foi a vez de o prestigiado jornal Financial Times, referência no mundo das finanças, ironizar “o jeitinho brasileiro” na administração das contas públicas, sempre buscando artifícios para cumprir a meta de superavit primário de 3,1% do PIB. 

 

Nas palavras da publicação, o termo “jeitinho” se refere ao hábito nacional de se desviar de regras ou convenções por meio de táticas “altamente criativas”, beirando a ilegalidade. “Você não tem ingressos para um show ou não passou em sua prova de habilitação para dirigir? Não se preocupe: basta encontrar um jeitinho. Parece que isso também funciona para administrar a economia brasileira”, destacou o texto de um dos blogs mais acessados do jornal.

 

Na cabeça de Dilma, pelo menos neste momento, não há a menor possibilidade de mudanças na equipe econômica, ainda que não faltem candidatos para o comando da Fazenda, como o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. “Dilma está satisfeita com Mantega e vai mantê-lo firme a seu lado. Ele faz o que o governo acredita que deve ser feito. Agora, se está contrariando interesses arraigados no país, não podemos fazer nada. O que importa, na visão da presidente, é o melhor para o Brasil. E Mantega está empenhado em fazer o melhor”, disse um dos assessores mais próximos de Dilma. Isso não quer dizer, porém, que a presidente esteja satisfeita com o imenso desgaste enfrentado pelo governo por causa das manobras fiscais anunciadas pela Fazenda, com o intuito de engordar o caixa do Tesouro Nacional em quase R$ 20 bilhões.

Os encontros com o empresariado começaram na semana passada. Ontem, passaram pelo Planalto o presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau; Eike Batista, presidente do Grupo EBX, e seu pai Eliezer Batista, além do fundador da Kahan Academy, Salman Khan, em companhia do bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann, acionista controlador da Ambev, do Burger King e das Lojas Americanas.  Questionado pelo Correio sobre o que conversou com Dilma, Lemann foi sucinto: “Disse que estamos fazendo o que sempre fizemos: investindo. Temos projetos em todas as nossas empresas e nunca demos muita atenção se a economia está muito aquecida ou não. Sempre mantemos uma visão de longo prazo. Sabemos que, no Brasil, isso dá certo”.

 

GM insiste em demissões O diretor de Assuntos Institucionais da General Motors, Luiz Moan Junior, afirmou ontem que continua negociando o corte de 1,8 mil empregados da fábrica de São José dos Campos (SP). As dispensas seriam necessárias porque a unidade deixou de produzir os modelos Zafira, Meriva e Corsa. Segundo Moan, que se reuniu ontem com o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, as demissões não contrariam o governo.

 Eike promete mais energia

 O empresário Eike Batista, avisou ontem à presidente Dilma Rousseff que ajudará o governo a afastar o risco de racionamento de energia. Segundo ele, duas termelétricas da MPX adicionarão 680 megawatts (MW) ao sistema elétrico nacional até o fim de fevereiro. Antes da conversa com Dilma, o multimilionário se encontrou com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. “Temos vários projetos, plantas, que estão entrando agora e que vão integrar o parque brasileiro para ajudar a não ter racionamento. Não vai ter”, disse. Ao longo do ano, o grupo de Eike contribuirá com um total de 3 mil MW ao sistema por meio de usinas a carvão e a gás natural. O empresário ressaltou que está recorrendo contra a cobrança de R$ 3,7 bilhões em impostos feita pela Receita Federal.


 
17/01/2013 
ECONOMIA
JUROS FICAM EM 7,25%

Mesmo com a inflação em alta e ameaçando bater no teto da meta nos próximos meses, o Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 7,25% ao ano para estimular o crescimento. A decisão, tomada na primeira reunião de 2013 do Comitê de Política Monetária (Copom), foi unânime. Na nota divulgada para informar ao mercado as razões da medida, o BC admitiu, explicitamente, que o ritmo de elevação dos preços se acelerou, mas argumentou que a atividade econômica ainda fraca no país e o cenário externo conturbado justificam a permanência dos juros no patamar atual. 

“Considerando o balanço de riscos para a inflação, que apresentou piora a curto prazo, a recuperação da atividade doméstica menos intensa do que o esperado e a complexidade que ainda envolve o ambiente internacional, o comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta”, diz a nota. 

Além da piora da inflação, a menção à recuperação menos intensa da atividade doméstica não constava do comunicado anterior. O Copom também retirou da nota a expressão “ainda que de forma não linear”, com a qual classificava a trajetória esperada dos índices de preços em direção à meta de 4,5%. 

A Selic vem sendo mantida no nível atual desde outubro do ano passado. O economista-chefe da Gradual Investimento, André Perfeito, não vê outra opção no momento. “Quem critica o Banco Central quer o quê? Que ele eleve os juros e jogue o país na recessão?”, questionou. Para Perfeito, a inflação em 2013 vai cair para 4,8% no fim do ano, com a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 2,8%.

Perfeito acredita que a ata da reunião, que será divulgada na próxima semana, dará destaque à questão fiscal. Os economistas querem saber se o BC se convenceu, finalmente, de que o governo não cumpriu, no ano passado, a meta cheia de superavit primário, equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Uma maior contenção dos gastos públicos contribuiria para o controle da inflação e a manutenção dos juros.

Cautela
Ricardo Denadai, economista-chefe da Santander Asset Management, observou que alta inflacionária dos últimos meses de 2012 surpreendeu, sobretudo num ano de crescimento baixo, estimado em apenas 1%. Por outro lado, permanecem as incertezas sobre a velocidade de recuperação da atividade econômica. “O balanço entre essas duas tendências sugere que o Banco Central manterá a Selic em 7,25% até o fim de 2013”, avaliou.

O economista e professor de Gestão de Risco da Trevisan Escola de Negócios Cláudio Gonçalves acredita que a taxa deve ficar estável durante o primeiro semestre. Ele só vê chances de mudança e, mesmo assim com sinal de baixa, para 7%, se não houver sinais de crescimento. “Caso a economia apresente algum grau de recuperação, podemos esperar uma Selic constante em 7,25% por todo o ano” avaliou.

Para Samy Dana, professor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), o BC está cauteloso. “Como a economia não respondeu às sucessivas quedas da taxa no ano passado, será preciso encontrar outras medidas”, afirmou. “O governo precisa parar de incentivar o crédito desenfreadamente, com sucessivas baixas de IPI, e estimular a ampliação de fábricas e investimentos mais longos”, criticou.


"Quem critica o Banco Central quer o quê? Que ele eleve os juros e jogue o país na recessão?” André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimento


 
17/01/2013 
ECONOMIA
OS ARTIFICIALISMOS

Míriam Leitão

 

Os artificialismos

O problema não é um preço defasado ou um pedido do ministro da Fazenda para que um prefeito adie um reajuste. O grande problema hoje é a profusão de artificialismos na economia brasileira. E se o ministro Guido Mantega cair, resolve? Não, porque quem realmente manda no ministério é a dupla Nelson Barbosa e Arno Augustin. E isso é outro artificialismo. O poder do secretário do Tesouro, Arno Augustin, vai muito além da sua área. Ele fez parte, por exemplo, do reduzido grupo de pessoas que decidiu o formato da MP do setor elétrico. O secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, é mais ouvido pela presidente do que o próprio Mantega.

 

O problema não é uma pessoa, mas a proposta econômica envelhecida que acredita em administração de preço. O prefeito Haddad confirmou que recebeu pedido de Mantega para adiar o reajuste do ônibus. O secretário de Acompanhamento Econômico da Fazenda disse que o preço da gasolina está "defasado". Calcula em 7%, apesar de a Petrobras falar em 15%. Mas diz que não há certeza do reajuste. O órgão que conduz a política econômica admite que um preço está errado, mas diz que não há prazo para consertá-lo.

Em 2012, para evitar que o reajuste do preço para a Petrobras chegasse ao consumidor, o governo subsidiou a gasolina zerando a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Se o nome do imposto valesse e fosse o governo que pagasse a cada intervenção o tributo arrecadaria bilhões.

 

O preço artificial da gasolina produz vários efeitos colaterais: aumento da importação de gasolina, aumento do consumo, desorganização do setor de etanol. A intervenção no domínio dos indicadores fiscais foi tão indevida que provocou enxurrada de críticas ao governo. Até o ex-ministro Delfim Netto, defensor-mor da política econômica, criticou a "alquimia" que levou o governo a fingir ter cumprido a meta fiscal. Para uma manipulação de indicador incomodar o ex-ministro é porque foi mesmo além da conta.

 

Na área fiscal, o transformismo de índices faz com que o BC tenha que se comportar como o último a saber. Durante todo o ano passado, o BC repetiu em suas atas e relatórios que partia do pressuposto que a meta fiscal seria cumprida. Não foi. Mas consta nos números que foi. E aí? O que dirão agora os documentos?

Na área dos preços, os truques, adiamentos, defasagens e subsídios criam uma inflação reprimida. Como sabemos, não adianta esconder, negar, varrer para debaixo do tapete porque a inflação sempre aparece. O consolo é que o Brasil não chegou ao ponto da Argentina, que construiu uma grosseira mentira em torno da inflação. Tudo se passa como se eles não soubessem o poder corrosivo que tem a inflação quando ela resolve se vingar. A diferença entre o dólar paralelo e o oficial no país já está chegando a 50%.

Nosso quadro é diferente. Mas é bom ter em mente que nenhuma inflação some porque o governo deu incentivo fiscal para que o preço de um produto não suba naquele momento, ou combinou com um prefeito o adiamento do reajuste, ou proibiu uma empresa de rever seu preço. Como aprendemos dolorosamente, em economia não dá para apenas quebrar o termômetro.

Contornando reajustes de preços, combinando deduções tributárias com empresários, para que eles não reajustem, ou adiando elevações, o governo está criando um ambiente cada vez mais artificial na economia. No século XIX se inventou a expressão "para inglês ver", referindo-se a uma lei que não era feita para ser cumprida, mas para enganar os ingleses. Agora, nem isso se consegue. Ontem, o "Financial Times" postou texto explicando o que era "jeitinho", dizendo que é isso que Mantega tem feito nos indicadores. Já não dá para enganar nem os ingleses. A hora, portanto, é de usar mecanismos econômicos clássicos para atingir as metas fiscais e de inflação. O jeitinho tem pernas curtas.

 

 


 
17/01/2013 
ECONOMIA
PRÉVIA DO PIB SOBE 0,4%

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou, em novembro do ano passado, o segundo mês seguido de alta. O indicador, que pretende antecipar o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), medida oficial das riquezas produzidas no país, avançou 0,4% na comparação com outubro, quando já tinha subido 0,36%. O crescimento mais forte surpreendeu os analistas, que esperavam uma variação mais tímida, da ordem de 0,11%. 

Mesmo vindo mais forte do que o previsto, o dado não mudou a expectativa de que a variação do PIB no ano passado tenha ficado ao redor de 1% nem alterou as projeções de que a economia deverá ter uma recuperação tímida em 2013. “O carry over (efeito estatístico que mede a influência do crescimento sobre o período seguinte) para este ano vai ser baixo e, para avançarmos mais, muita coisa boa terá que acontecer”, disse o economista André Perfeito, da Gradual Investimento, que calcula para este ano uma alta de 2,8% para o PIB. Previsão semelhante tem Eduardo Velho, da Planner Corretora. As estimativas de ambos são mais pessimistas do que a média do mercado financeiro, que aponta para uma alta de 3,3%, de acordo com o relatório Focus, divulgado semanalmente pelo BC.

O IBC-Br avalia o nível de atividade por meio de variáveis cujo comportamento está correlacionado à produção verificada nos três grandes setores econômicos (agropecuária, indústria e serviços), além da arrecadação de impostos. Em novembro, ele avançou apesar da queda verificada na indústria e da desaceleração das vendas no varejo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial recuou 0,6%, com retração em 16 de 27 setores pesquisados. Já o comércio subiu apenas 0,3% no mês, após a expansão de 0,8% em outubro.

Críticas
Com o resultado de novembro, o IBC-Br acumulou alta de 1,28% em 2012 e de 1,32% em 12 meses, segundo os dados que expurgam do cálculo os fatores sazonais. Sem os ajustes, as altas foram de 1,68% e de 1,66%, respectivamente. No entanto, o indicador não tem conseguido, de fato, antecipar o PIB. No ano passado, ele foi alvo de críticas quando apontou uma alta de 1,15% da economia no terceiro trimestre e o resultado apurado pelo IBGE ficou na metade, em 0,6%. 


Consumidor se retrai

Os consumidores estão menos dispostos a ir às compras neste início de 2013. O indicador que mede a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de janeiro recuou 2,1% em relação a dezembro passado, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A entidade explicou que no início de cada ano as pessoas normalmente têm menor propensão a consumir, já que se preparam para enfrentar as despesas escolares e o pagamento de tributos como IPTU e IPVA, além de estarem endividadas com as compras feitas no período de Natal. No entanto, o indicador também ficou abaixo do de janeiro de 2012, com queda de 3,3% o que demonstra que a situação de fato está pior. De dezembro para janeiro, todos os componentes do ICF se deterioraram, inclusive a expectativa quanto ao mercado de trabalho. Em relação ao  ano anterior, apenas o item 
renda melhorou.

 


 
 recolher POLÍTICA
17/01/2013 
POLÍTICA
OS RUMOS DA REFORMA AGRÁRIA

Gerson Teixeira

 

Na década de 1990, as organizações dos trabalhadores do campo combateram, com êxito, a implantação, no Brasil, das estratégias do Banco Mundial para as áreas rurais da América Latina, centradas na chamada reforma agrária de mercado. No auge do neoliberalismo, pretendia-se delegar ao mercado o poder regulatório sobre a questão agrária brasileira.

 

Restou que os instrumentos de compra e venda de terra ficaram nas franjas institucionais. Tanto que, de 1995 a 2002, a desapropriação de grandes propriedades alcançou 10,3 milhões de hectares contra 4,3 milhões nos oito anos seguintes.

 

Assim, em termos de "obtenção de terras privadas para a política de assentamentos" (grifei), "bons tempos" os anos de 1990! Afinal, por força das lutas sociais, as desapropriações, com as insuficiências e anomalias conhecidas, foram preservadas, e as restritas operações de compra e venda de terras continham uma réstia redistributiva, pois transferiam para os camponeses frações de grandes propriedades.

Hoje, percebemos sinais em sentido oposto. Terras da União sob o controle dos assentados poderão vir a ser transferidas para as grandes propriedades. É o desfecho esperado da proposta de emancipação dos assentamentos abandonados pelos poderes públicos.

Sugerida pela entidade máxima do agronegócio, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a emancipação traduziria a sensibilidade social da sua presidente pela "libertação dos assentados". O alvo real: a expectativa de apropriação, pelo agronegócio, de milhões de hectares dos assentados, a exemplo do que ambicionam com as suas lutas pela subtração dos territórios indígenas, quilombolase das áreas protegidas em geral.

 

Entre as medidas do "pacote da CNA", supostamente acolhido pelo governo, constariam também a regularização "de ofício" dos imóveis localizados às margens das rodovias federais na Amazônia, o que equivaleria ao "carnaval do grilo". E, ainda, a facilitação da ratificação dos títulos das propriedades nas faixas de fronteiras indevidamente emitidos pelos Estados.

 

Nos últimos dois anos, foram desapropriados apenas 130 mil hectares; desempenho tão pífio que, desde 1985, só rivaliza com o período Collor. Comenta-se que tal desempenho resultou da imposição, pela Casa Civil, do limite de R$ 100 mil por família nos projetos de assentamentos. O equívoco do limite deve-se à sua forma irrefletida. Até as cercas dos latifúndios sabem que a desapropriação gera enormes ganhos indevidos aos seus donos, graças à persistência de legislações lenientes e jurisprudências duvidosas.

 

Exemplo: enquanto a taxa Selic, na atualidade, é de 7,25% aa e a inflação, menor ainda, os juros compensatórios, indevidamente aplicados sobre os valores da desapropriação contestados em juízo, são de 12% aa. Então, em vez de se extinguir anomalias da espécie, opta-se por um corte arbitrário que inviabiliza de vez a desapropriação.

Mas, esse é apenas um detalhe de uma mudança essencial. Efetivadas as medidas anunciadas, a política agrária terá "evoluído" do seu tradicional perfil restrito de contenção de conflitos sociais em proteção ao latifúndio/agronegócio para um estágio de funcionalidade direta às necessidades da própria expansão doagronegócio. Transição equivalente ocorre com a política ambiental.

Em suma, a sedução e a rendição política aos quase US$ 100 bilhões gerados pelas exportações do agronegócio poderão levar o Brasil a cenários sombrios de um "abismo agrário-ambiental". A presidente Dilma Rousseff, que vem enfrentando com coragem interesses econômicos poderosos em defesa do povo brasileiro, haverá de rever esses rumos desastrosos das políticas agrária e ambiental.

GERSON TEIXEIRA, 60, engenheiro agrônomo, é presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra)

 

 

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