Notícias dos Principais jornais Brasileiros (18-09-2012)

18/09/2012 14:40

 

AGRONEGÓCIO
BRASIL TEM CAPACIDADE DE MELHORAR GEOPOLÍTICA ENERGÉTICA MUNDIAL

O país tem a oportunidade de liderar programa mundial que melhore a geopolítica global energética. Entretanto, tudo dependerá da política pública adotada daqui por diante com relação ao setor sucroenergético. A posição é do ex-ministro da Agriculturado governo Lula, Roberto Rodrigues, que abordará a temática na 1ª Feira dos Produtores de Cana do Nordeste (Norcana). A palestra será realizada na abertura do evento, na próxima segunda-feira (17), às 18h, na Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP).

 

A política governamental com relação ao etanol e a respectiva cadeia produtiva, iniciada pelos produtores de cana, são indispensáveis para o progresso do segmento no Brasil. “Se não houver esta política pública estimulante, o setor corre sério risco de colapso”, diz Rodrigues. O ex-ministro, que é embaixador da Organização das Nações Unidas para a Agricultura para o Ano Internacional do Cooperativismo, defende a adoção de uma medida estimulante e relembra o exemplo do Proálcool. “Este foi o único grande programa mundial de alternativa energética exitoso”, afirma.

 

Proálcool – O Programa Nacional do Álcool foi criado em 1975, com o objetivo de substituir combustíveis derivados do petróleo, como a gasolina, por uma fonte alternativa e renovável, diante da crise petrolífera mundial. O Proálcool estimulou a instalação de novas usinas de álcool e a modernização da infraestrutura já em funcionamento. No início da década de 1980, o álcool, hoje chamado de etanol, já mostrava ser um combustível alternativo à gasolina. A experiência superou problemas advindos do alto custo do combustível fóssil e criou uma nova matriz energética capaz de diminuiu a poluição e gerar milhares de postos de trabalho.

Norcana – Outros temas relacionados ao setor sucroenergético também serão abordados na 1ª Feira dos Produtores de Cana do Nordeste (Norcana). O evento começa na segunda-feira (17) e vai até quarta-feira (19). A feira é uma promoção da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco. Além de palestras com personalidades do setor e afins, o evento visa contribuirá na transferência de tecnologias e intercâmbio de informações sobre ações e manejo nos canaviais, bem como oportunizará a realização de negócios a preços diferenciados para o pequeno, médio e grande produtor.

 
18/09/2012 
AGRONEGÓCIO
CEENÁRIO DE LUCROS MOVE O LENTO INÍCIO DE PLANTIO DE SOJA EM MT

O que as previsões antecipavam se concretizou: o clima seco, de fato, solapou as chances de que a maior parte dos produtores de soja do Centro-Oeste do Brasil iniciassem o plantio tão logo fosse encerrado o período de vazio sanitário, em 15 de setembro. Em Mato Grosso, principal Estado produtor da oleaginosa, a semeadura começou no fim de semana, mas, basicamente, nas áreas com irrigação.

No município de Primavera do Leste, onde cerca de 30% das lavouras são irrigadas, já é possível ver as máquinas no campo, e a estimativa é de uma colheita da ordem de 65 sacas por hectare.

Em Rondonópolis, as chuvas do fim de semana foram insuficientes e a previsão é de que o plantio ganhe força entre 28 e 30 de setembro. Já em Sorriso, apenas entre 4 e 5 de outubro. "Mas está tudo providenciado para termos uma boa safra", garantiu o presidente do sindicato rural local, Laércio Lenz. Depois que a greve de caminhoneiros e problemas com frete dificultaram a chegada de insumos em meados de agosto no Estado, cerca de 80% dos adubos já estão nas mãos dos produtores, de acordo com cálculos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Se o tempo ajudar, os preços recordes da soja no mercado futuro podem trazer uma rentabilidade média de 25% por hectare para os agricultores de Mato Grosso. O Imea considera uma colheita de 50 sacas por hectare e um custo de 40 sacas - com o preço da saca a R$ 45 (média pela qual já foram negociadas 46% da safra 2012/13). Desse modo, até o momento, os produtores gastaram R$ 1.800 e obtiveram uma receita de R$ 2.250 por hectare - um lucro de R$ 450 por hectare.

Assim como Mato Grosso, o Paraná também deve ter atraso na semeadura, oficialmente liberada a partir de 21 de setembro. Como já são 70 dias sem chuvas significativas, os primeiros tratos culturais ainda não puderam ser feitos. "Esperamos que a chuva seja regularizada mais para o final do mês", afirma José Varago, superintendente técnico da Coamo. Com sede em Campo Mourão (PR), a maior cooperativa agropecuária do país espera colher 6 milhões de toneladas.

Segundo Varago, a estiagem pode estimular mais produtores a desistirem do plantio de milho (também postergado devido à estiagem) para apostar na soja, cuja expectativa de rentabilidade no Estado é ainda maior que em Mato Grosso. Cálculos do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná, indicam uma rentabilidade média de 51,50% se toda a produção fosse comercializada hoje, com o custo de produção a 33 sacas por hectare e uma produtividade de 50 sacas. Em termos de preços, a safra 2012/13 está sendo vendida a R$ 55, diante de custo de R$ 37. Apesar da euforia em torno da soja, o mercado enfrentou ontem um revés na bolsa de Chicago. Os contratos para janeiro (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente as de maior liquidez) recuaram 4%, ou 70 centavos, para US$ 16,70 por bushel. Milho e trigo também despencaram: 4,26% e 4,93%, respectivamente. Pesaram a expectativa positiva para o plantio na América do Sul, o avanço da colheita nos EUA e a reavaliação dos efeitos do recente afrouxamento monetário americano.

Em relatório divulgado ontem, a consultoria Céleres apontou que as vendas antecipadas de soja da safra 2012/13 estão em ritmo mais lento no Brasil: avançaram apenas um ponto percentual na semana passada, para 46% - mas ainda estão 29 pontos percentuais acima da média dos últimos cinco anos. (Colaborou Carine Ferreira)

 
18/09/2012 
AGRONEGÓCIO
CURTAS

Moody's revisa perspectiva de nota do Minerva

 

 

A Moody's revisou para positiva a perspectiva de nota de crédito do Minerva, atualmente em "B2". Segundo a agência, as condições do mercado da carne bovina devem permitir ao frigorífico continuar o processo de desalavancagem e geração de caixa nos próximos trimestres. O relatório destaca que a empresa atingiu liquidez confortável após a emissão de bônus de US$ 450 milhões, no primeiro trimestre. Ao fim de junho, o Minerva registrava uma posição de caixa de R$ 818,5 milhões, o suficiente para cobrir sua dívida de curto prazo.

Balança - Agronegócio mantém destaque no superávit

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 646 milhões na segunda semana de setembro, segundo dados da Secex. O saldo positivo resulta da diferença entre US$ 5,6 bilhões de exportações e US$ 4,9 bilhões de importações. Houve avanço dos produtos básicos em 5,1%, em razão das vendas de petróleo, milho em grão, carnes suína, bovina e de frango. Para os manufaturados, a média cresceu 2,8%, resultado proveniente do aumento nas vendas de etanol, óleos combustíveis, entre outros.

Grãos - Rússia terá colheita menor do que a estimada
A colheita de grãos na Rússia deverá ser menor que o previsto - a estimativa inicial era de 87 milhões de toneladas - e somar 72 milhões de toneladas neste ano, segundo a União dos Produtores de Grãos da Rússia. A seca grave nas regiões produtoras levou a entidade a fazer novas considerações sobre seus cálculos. A associação informou que 63 milhões de toneladas já foram colhidas em 75% da área cultivada no país. No ano passado, a safra de grãos da Rússia alcançou 94,2 milhões de toneladas.

 

 
18/09/2012 
AGRONEGÓCIO
DESACELERAÇÃO DE PREÇOS DE GRÃOS DERRUBA IGP-10 PARA 1,05%

A alta de preços dos grãos perdeu força entre agosto e setembro, mas ainda é cedo para afirmar que daqui para frente a tendência é de normalização da cotação do milho e da soja, avaliam economistas. Para eles, o novo programa de recompra de títulos lançado pelos Estados Unidos na semana passada, o chamado "quantitative easing 3" (QE3), deve manter o mercado de commodities volátil nos próximos meses, influenciando a inflação no Brasil.

Neste mês, o Índice Geral de Preços -10 (IGP-10), subiu 1,05%, menos que a alta de 1,59% de agosto. O indicador também se desacelerou na comparação com os outros índices da família dos IGPs, já que em agosto o IGP-DI subiu 1,29% e o IGP-M avançou 1,43%.

O menor ímpeto inflacionário derivou principalmente dos produtos agropecuários no atacado, que tiveram suas altas no IGP-10 reduzidas de 6,23% em agosto para 3,83% em setembro. O movimento foi uma reação à forte desaceleração nos preços dos grãos, que vinham disparando devido à quebra de safra nos Estados Unidos. A alta da soja, que foi de 15,62% em agosto, foi reduzida a 5,46% neste mês, enquanto o milho, que havia subido 22,17% em agosto, aumentou 5,68% em setembro.

A volta dos preços aos níveis anteriores ao choque de oferta, entretanto, não está no horizonte dos economistas. "Uma queda expressiva de preços está descartada", enfatiza o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otavio Leal, que tem em vista tempos de grande oscilação no mercado de commodities. Ele observa que após o anúncio do QE3, na quinta-feira, as commodities avançaram no mercado internacional, mas ontem o movimento já era de contração.

Com o programa de recompra de títulos, o governo americano vai injetar no mercado mais US$ 40 bilhões por mês. Parte desses recursos, dizem os economistas, pode ir parar no mercado de commodities, elevando os preços das matérias-primas. "Mas não deveremos ter avanços tão agudos como os vistos no fim de 2010", diz Silvio Campos Neto, da Tendências .

Naquele ano, o governo americano lançou o QE2, a fim de acelerar a economia local. Na época, lembra Campos Neto, o mundo passava por um momento de recuperação, após a crise vista nos dois anos anteriores - o que conferia suporte aos movimentos especulativos no mercado internacional de commodities. "Agora, há uma fragilidade econômica generalizada. Essas medidas do governo americano podem prolongar a alta nas matérias-primas, mas não provocar um repique de preços."

Outro ponto que pode influenciar os preços das commodities e, consequentemente, a inflação no Brasil, é o pacote de investimentos em infraestrutura na China. Em relatório, o Banco Fator salienta que essa questão deve fazer com que a deflação no minério de ferro, que chegou a 4,01% no IGP-10 deste mês, se torne menos expressiva nas próximas divulgações.

Nos 12 meses encerrados em setembro, o Índice de Preços ao Produtor Amplo -10 (IPA-10) acumulou alta de 8,91%, a maior variação nessa base de comparação desde agosto de 2011. O avanço, porém, ainda está bastante aquém do visto na virada de 2010 para 2011. Em janeiro de 2011, em meio à retomada da atividade econômica global, o IPA-10 subia 14%.

Embora perceba um risco inflacionário sobre as commodities, a Tendências acredita que os preços no atacado devem continuar se desacelerando, aos menos nos próximos dias. A expectativa da instituição é de que a alta no IPA, que foi de 1,40% no IGP-10, baixe para 1,02% no IGP-M. Com isso, o Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M) subiria 0,80% em setembro, menos que a alta de 1,05% registrada pelo IGP-10 neste mês.

Avaliação semelhante tem Bruno Surano, da Votorantim Corretora. Pelos seus cálculos, o IGP-M deve ficar entre 0,80% e 0,85% neste mês, com a alta dos alimentos no atacado sendo reduzida ainda mais, para 2,86%, mesmo com os aumentos nos preços das carnes.

"As carnes vão continuar pressionando, mas há uma compensação dos in natura, que subiram muito e agora estão voltando", diz Surano. O tomate, que há pouco tempo figurava como o grande vilão da inflação de alimentos, desponta entre as maiores contribuições para a desaceleração do IPA-10, ao cair de 51,09% em agosto em deflação de 6,89% em setembro.


 
18/09/2012 
AGRONEGÓCIO
ELEVAÇÃO DA MISTURA NO BRASIL DEVERÁ FICAR PARA 2013, E UMA NOVA BANDA Á AVALIDA

Superadas as preocupações mais agudas em torno da disponibilidade de etanol no país, voltaram a ganhar fôlego as negociações entre as usinas sucroalcooleiras e o governo federal para que o percentual de mistura do biocombustível na gasolina seja novamente elevado de 20% para 25%.

A participação foi reduzida para 20% em 1º de outubro de 2011, depois que a escassa oferta do produto, por causa de adversidades climáticas que afetaram a produção de cana no Centro-Sul e da redução de investimentos das usinas, chegou inclusive a esgarçar as relações entre as empresas e Brasília.

Durante evento do setor de energia realizado ontem no Rio de Janeiro, o presidente interino da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, confirmou as conversas visando ao incremento da participação a partir do ano que vem. Padua adiantou, também, que as conversas em curso avaliam ampliar a "banda" da mistura para entre 25% e 30% a partir de 2020.

De acordo com o dirigente, as tratativas preveem que o governo combine com o segmento as alterações nos percentuais de mistura de etanol com antecedência e que em todos os meses de setembro exista algum tipo de sinalização que aponte o percentual que tende a ser adotado no ano seguinte.

No mesmo evento no Rio de Janeiro, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Marco Antonio Martins de Almeida, confirmou que o governo espera resolver no curto prazo o problema da oferta de etanol no país, mas não forneceu detalhes da estratégia a ser adotada para isso.

E, enquanto as empresas que produzem etanol reclamam dos reflexos negativos do controle oficial de preços da gasolina no país sobre sua atividade, Martins de Almeida também pediu definições mais claras sobre a oferta do biocombustível. "O planejamento do mercado de gasolina, do mercado de ciclo otto, depende do etanol", afirmou (Com Reuters)

 
18/09/2012 
AGRONEGÓCIO
ESTUDO DA EMBRAPA APONTA O BRASIL EM NONO LUGAR EM PRODUTOS DE NANOTECNOLOGIA PARA FERTILIZANTES


Embrapa Instrumentação

Esse é o resultado de 11 meses de um estudo realizado por um grupo de analistas e pesquisador da Embrapa Instrumentação (São Carlos -SP), que será apresentado no V Encontro Acadêmico de Propriedade Intelectual, Inovação e Desenvolvimento, a ser realizado de 19 a 21 de setembro (Rio de Janeiro – RJ).

A China e os Estados Unidos foram destaque no estudo no que se refere à produção de conhecimento e tecnologias, representando também liderança em produção e consumo de fertilizantes. Segundo o monitoramento, o Brasil empatou com a Austrália na 9ª posição, tanto em número de patentes depositadas quanto na publicação de artigos científicos. O país é o 4º consumidor de fertilizantes e o 5º produtor de fertilizantes fosfatados.

 

A supervisora do Setor de Gestão da Prospecção e Avaliação de Tecnologias e analista de Propriedade Intelectual da EmbrapaInstrumentação, Sandra Protter Gouvêa, responsável pelo estudo, explica que o monitoramento tem como objetivos o uso na reorientação de pesquisas em andamento, na finalização de resultados, evitando duplicação de esforços em Pesquisa & Desenvolvimento, na promoção de melhor inserção da tecnologia na cadeia produtiva, e na decisão estratégica sobre onde (em quais países) proteger resultados como patentes de invenção. “As informações reunidas no estudo serão fornecidas à Embrapa no intuito de orientação a ações de gestão de P&D, da propriedade intelectual, e de transferência de tecnologia” afirma.

A Embrapa Instrumentação é sede do Laboratório Nacional de Nanotecnologia aplicada ao Agronegócio e tem como uma de suas linhas de pesquisa a nanotecnologia aplicada à fertilizantes.

Segundo Sandra, o estudo permitiu avaliar as características desta área de conhecimento – nanotecnologia -, como a evolução temporal de esforços em P&D, países líderes em P&D e mercado de consumo e produção. “O aumento da produção de artigos, como do depósito de tecnologias em nanotecnologia aplicada a fertilizantes, é condizente com o aumento da demanda mundial por fertilizantes, indicativo de área tecnológica promissora no atendimento da demanda mundial por produção de alimentos”, avalia. O aumento reflete também o investimento em P&D para a área de nanotecnologia. Em 2005, foram 7,5 bilhões e, em 2007, 12 bilhões, a partir de recursos de investimento privado, segundo dados de 2010 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

 

O monitoramento tecnológico em nanotecnologia aplicada a fertilizantes está sendo realizado em bases de dados mundiais – patente, artigos e mercado - e com o auxílio de ferramentas bibliométricas para tratamento e análise dos dados. Através do estudo, foram colecionados, ao todo, 369 documentos de patentes. De acordo com a coordenadora do estudo, as tecnologias recuperadas são diversificadas, representativas do emprego de produtos e processos que envolvem a nanotecnologia, como por exemplo, encapsulamentos nanoestruturados ou compostos contendo nanomateriais associados para liberação lenta ou controlada de fertilizante ou de misturas de fertilizantes, e o uso de processos ou de produtos que envolvem nanofiltros ou nanoestruturas para a obtenção de compostos com aplicação como fertilizantes.

 

O projeto de monitoramento tecnológico teve início em outubro de 2011 e deverá ser concluído no próximo semestre, “mas a ideia é que o monitoramento se torne uma ação corporativa da Embrapa, nos temas de interesse”, espera Sandra. O grupo de estudo inclui ainda o pesquisador Caue Ribeiro, a analista Luciana Poppi e a supervisora de patentes da Coordenação de Propriedade Intelectual da Secretaria de Negócios (SNE) da Embrapa, LucianaHarumi Morimoto Figueiredo.

 

O estudo faz parte do projeto INFOAGRO, liderado pela Secretaria de Negócios e que tem como objetivo principal auxiliar as ações de pesquisa e transferência de tecnologias nas unidades da Empresa, por meio do uso da informação tecnológica para o monitoramento nas áreas de nanotecnologia e biotecnologia.

Fertilizantes
Como base de discussão dos resultados do estudo, foram comparados dados de relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, 2010) e da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) em tendências mundiais e nacionais para o consumo de fertilizantes. Segundo a FAO, o consumo mundial foi estimado em 161,7 milhões de toneladas em 2009, com previsão de alcance de 169,7 milhões de toneladas em 2010. Além disso, a demanda mundial por nutrientes fertilizantes deve crescer a uma taxa média anual de 2,6%, entre 2010 e 2014. No ano de 2009, a China destacou-se como o maior consumidor de fertilizantes, seguida da Índia e dos Estados Unidos. O Brasil ficou na quarta posição.

 

 

 

 


 
18/09/2012 
AGRONEGÓCIO
PALNO DE AGROECOLOGIA EM DEBATE

As primeiras propostas para a criação do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica foram apresentadas em reunião da Câmara Temática ontem, em Brasília. O decreto n 7.794, publicado em 21 de agosto, estipulou prazo de 180 dias para que o governo elaborasse proposta para a composição do plano, que visa articular e adequar políticas, programas e ações voltados para o desenvolvimento da agricultura sustentável. O coordenador de Agroecologia do Mapa, Rogério Dias, ressaltou que o plano trará definição de ações e metas. Foram levantadas questões, como a formação de profissionais e a ampliação de financiamentos para a produção e pesquisas.

 
18/09/2012 
AGRONEGÓCIO
PETRÓLEO CARO BLINDA USO DE ETANOL DE MILHO NOS EUA

Em tempos de preços altos do petróleo, usar um percentual de etanol na gasolina representa um bom negócio. E é por isso que, a despeito de toda a avalanche de críticas que recai sobre o uso de milho para produção do biocombustível, esse mercado nos Estados Unidos deve seguir firme.

É o que diz Bruce Babcock, diretor-executivo do Centro para a Agricultura e Desenvolvimento (CARD, na sigla em inglês) da Universidade de Iowa. Posicionado no "coração" do cinturão do milho americano, o especialista acredita que a robustez do mercado de etanol se estenderá ao Brasil e a qualquer outro lugar do mundo onde o bicombustível for produzido. "Basta dizer que continuará havendo uma forte demanda por etanol, não importa onde for produzido, enquanto o preço do petróleo continuar em alta", completa.

No curto prazo, acrescenta Babcock, a força do mercado de etanol nos Estados Unidos, amplificada pela quebra da safra de milho no país em decorrência das perdas provocadas pela mais severa estiagem no país em pelo menos 50 anos, também deverá puxar a produção do cereal no Brasil. "Certamente, a próxima colheita do grão no Brasil será muito demandada para importação".

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a indústria de etanol daquele país vai usar nesta safra 2012/13 em torno de 114 milhões de toneladas de milho, ou 42% da colheita esperada. Na temporada passada (2011/12), a indústria do biocombustível abocanhou 40% da produção, ou 127 milhões de toneladas.

Em entrevista concedida ao Valor uma semana antes de chegar ao Brasil para participar do "Global Agribusiness Forum", evento que será realizado em São Paulo, Babcock afirma que neste momento, nos EUA, as companhias de petróleo - que, em sua maior parte, também atuam como misturadoras - têm percebido que um blend de 10% de etanol na gasolina tem sentido econômico. "Por isso, essas empresas não vão desistir facilmente da grande fatia de milho da safra americana que utilizam", diz.

Assim, continua ele, apesar de toda a pressão das indústrias de alimentos e rações, e também de exportadores de grãos, a produção de etanol de milho no país não deverá declinar. A "preferência" da indústria misturadora por etanol deve equilibrar forças na briga pela oferta de milho entre os mais diferentes setores consumidores do grão. Deve também conter o avanço de movimentos que querem pôr fim ao uso de alimentos na produção do biocombustível".

Sobre as oportunidades para o Brasil, o diretor do CARD afirma que o país continuará com papel relevante no suprimento de etanol ao mercado americano, sobretudo dentro da cota de biocombustíveis avançados, na qual apenas o etanol de cana brasileiro se encaixa nos critérios determinados pela Agência de Proteção Ambiental americana (EPA, na sigla em inglês).

No entanto, ele observa que há dúvidas sobre o excedente exportável que o Brasil terá para atender a essa demanda nos próximos anos (ver matéria ao lado). "O grande crescimento da frota de veículos flex fuel indica que a demanda potencial do Brasil por etanol vai superar a oferta nos próximos anos", calcula Babcock. De qualquer forma, ele diz ser difícil prever quando o mercado de exportação será um destino mais atrativo ao etanol brasileiro.

Em 2007, o Brasil assistiu a um verdadeiro boom de investimentos em novas plantas de etanol para atender ao fundamento "certeiro" de que haveria um grande mercado para a exportação do biocombustível, sobretudo nos Estados Unidos. Mas o fato é que o fluxo de comércio do biocombustível entre os dois países, tradicionalmente instável, inverteu a mão e o Brasil é que passou a elevar a importação do produto americano.

 

Depois de atingir mais de 4 bilhões de litros em 2008, as exportações de etanol do Brasil a todos os destinos recuaram para níveis próximos de 1 bilhão de litros. Neste ano-safra, que vai até março do ano que vem, deve atingir, segundo estimativas do mercado, a marca de 2,5 bilhões de litros, uma boa parcela aos Estados Unidos.

Esse mercado seguirá vigoroso em terras americanas nos próximos anos, segundo o diretor do CARD, especialmente se o presidente Obama for reeleito. "Ele é um forte apoiador dos biocombustíveis e as políticas americanas não tendem a mudar significantemente se ele continuar como presidente", diz Babcock.

No que tange ao programa de etanol, há pouco que os Estados Unidos possam fazer para atravessar esse ano de escassez de milho, segundo ele. E os cenários parecem pouco prováveis. "Ou [o país] renuncia ao mandato de etanol, ou entra em uma política de banimento de exportações de grãos para reduzir os preços internos. Mas considero remotas as chances de os Estados Unidos seguirem outros países que têm adotado o banimento de exportação, como Rússia, China e Índia", avalia Babcock.

 
18/09/2012 
AGRONEGÓCIO
PLANO NACIONAL PARA PRODUÇÃO ORGÂNICA ESTÁ SENDO DELINEADO

As primeiras propostas para a criação do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica foram apresentadas em reunião da Câmara Temática do setor na tarde desta segunda-feira (17), em Brasília. O Decreto nº 7.794, publicado em 21 de agosto, estipulou prazo de 180 dias para que Governo elaborasse proposta para a composição deste plano, que visa articular e adequar políticas, programas e ações voltados para o desenvolvimento da agricultura sustentável.

 

O coordenador de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Rogério Dias, ressaltou que a presidenta Dilma Rousseff quer que essa política não seja apenas carta de intenções. Para ele, o desejo da presidenta é que a sociedade possa acompanhar de fato o que vai ser executado pelo Governo, e que ações concretas sejam tomadas. De acordo com o coordenador, o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica terá definição de ações, metas e atores, com foco nas demandas apresentadas por consumidores e produtores. “A câmara temática está sendo um espaço para que os representantes da sociedade consigam se expressar e ver as suas ansiedades colocadas no Plano. A ideia é que a gente possa discutir essa rede inteira de produção”, enfatiza.

 

Foram levantadas questões, como a formação de profissionais especializados na produção sustentável, a ampliação das linhas de financiamentos para a produção orgânica e de pesquisas voltadas para a área. Rogério Dias acredita que o setor já vem trabalhando uma regulamentação com foco no fortalecimento da ligação entre produtor e consumidor. “O crescimento da população urbana, às vezes afasta as pessoas do entendimento dos processos produtivos. Então, as discussões da política nacional não passam só por uma questão técnica, passam também por discussões básicas de desenvolvimento urbano e rural”, acredita.

 

O universo de produção orgânica está mais concentrado em pequenos produtores que comercializam em venda direta. Por isso, ainda não existe um levantamento preciso sobre o número de produtores e quantidade de alimentos comercializados, ainda que, de acordo com ele, é perceptível o aumento da produção orgânica. Rogério Dias lembra que o cadastro nacional, criado em 2011, está sendo estruturado para que o setor seja avaliado de uma maneira mais precisa.


 
18/09/2012 
AGRONEGÓCIO
PT COMPROU O PP

Na sequência de suas manifestações em sintonia com a denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República, o relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, confirmou ontem em seu voto o ponto mais simbólico do processo: a compra de votos no Congresso para a aprovação de projetos de interesse do Executivo entre 2003 e 2004. Ao iniciar o julgamento sobre o capítulo seis, relacionado aos repasses de recursos para partidos políticos e parlamentares, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu que o PP recebeu dinheiro do PT por intermédio do esquema de Marcos Valério para ingressar na base do governo Lula.

 

O relator deu sinais de que vai julgar procedente acusação de corrupção contra políticos do PP e também do PL (hoje PR), PTB e PMDB que receberam dinheiro do esquema. O julgamento da parte mais explosiva, a participação do ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, ficou para o fim do voto do relator nesse capítulo. Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-presidente nacional da legenda José Genoino respondem por corrupção ativa. Seriam os responsáveis pelos repasses para os partidos. Eram os emissários do dinheiro. O assunto deve ser tratado na quinta-feira.

 

Em seu voto ontem, Joaquim Barbosa se concentrou na atuação do PP. Representantes do partido receberam, segundo o relator, pelo menos R$ 4,1 milhões por meio de duas fontes: saques das contas da SMP&B e pela corretora Bônus Banval. Barbosa vai condenar o deputado federal Pedro Henry (PP-MT) e o ex-presidente do PP Pedro Corrêa (PE) por formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

 

Pedro Henry e Pedro Corrêa foram considerados líderes do esquema no partido. Em 2005, Corrêa teve o mandato de deputado federal cassado por quebra de decoro, em decorrência do escândalo do mensalão. Na ocasião das denúncias, ele era o presidente do PP e Henry, o líder da bancada na Câmara. Os dois ainda integram a executiva do partido.

 

Dinheiro

O relator também vai condenar pelos três crimes João Cláudio Genú, assessor do então deputado José Janene (PP-PR). Servidor comissionado da Câmara, ele recebeu dinheiro em espécie em várias situações da então gerente administrativo-financeira da SMP&B, Simone Reis Vasconcelos. A empresa de Marcos Valério repassou no mínimo R$ 2,9 milhões em espécie para o PP, dinheiro transferido em pastas 007, entregue no banco ou em quartos de hotel.

Morto em 2010, Janene, então tesoureiro do PP, também respondia pelas mesmas acusações. “Não há sombra de dúvida acerca da compra de votos, a essa altura do julgamento”, justificou o relator. E acrescentou: “Não existia qualquer outro motivo que levasse ao interesse do PT em ajudar o PP, a não ser o voto dos parlamentares”. O resultado não foi proclamado ontem porque o relator encerrou antes da conclusão, mas em todas as manifestações apontou a responsabilidade dos réus.

 

O argumento do relator é de que PT e PP não fizeram campanha juntos em 2002 na eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Eram “antípodas”, “opositores” e tinham linha ideológica diferente. Dessa forma, não havia nada que unisse os dois partidos, além da ajuda financeira em troca de apoio no Congresso. O dinheiro começou a ser destinado pelo PT pelo interesse de ampliar a base.

Os líderes do partido, segundo a denúncia, trabalharam na aprovação das reformas Tributária e da Previdência, de interesse do governo. O acordo do PP com o PT teria sido avalizado pela cúpula petista, Delúbio, Dirceu, Genoino e o ex-secretário do partido Sílvio Pereira, ainda de acordo com a ação penal. Donos da Bônus Banval, Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg também serão condenados por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

 

Em análise

 

Confira o que será julgado no item 6 da denúncia do processo do mensalão. O ministro Joaquim Barbosa, relator da ação penal 470, dividiu em quatro partes seu voto sobre o item que trata da compra de votos de parlamentares

 

Primeiro julgou, ontem, o envolvimento de integrantes do PP com o esquema. Cada subitem trata de supostos pagamentos de propina a partidos da base aliada do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Os próximos subitens se referem ao recebimento de dinheiro por lideranças do PL (atual PR), PTB e PMDB em troca de apoio político ao governo Lula Entre os integrantes desses partidos que serão julgados estão o presidente do PTB, Roberto Jefferson, que foi o responsável por denunciar a existência do mensalão. Também terão suas condutas apreciadas o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto; os deputados federais Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP); e os ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE), José Borba (PMDB-PR) e Romeu Queiroz, que era filiado ao PTB de Minas Gerais e atualmente está no PSB Só no fim deste item que Joaquim Barbosa se manifestará sobre a acusação de corrupção ativa contra o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares.

 

Bancada constrangida

 

O PP vive hoje uma situação de constrangimento, tentando se afastar dos dirigentes do partido citados na ação penal em julgamento no STF como os principais negociadores dos repasses recebidos do PT em troca de adesão em votações importantes. “Foi um caso isolado, não pode ter reflexos na legenda como um todo. Um partido é feito por todos seus filiados”, avalia a deputada Rebecca Garcia (PP-AM).

Líder do PP na época em que estourou o escândalo do mensalão, o deputado Pedro Henry (MT) ainda faz parte da bancada do partido na Câmara. “Ele passou pelo crivo do voto popular, quem sou eu para falar qualquer coisa sobre ele”, desconversa Rebecca.

O esforço para deixar o envolvimento com o mensalão no passado é geral na bancada. “O partido não é o centro do esquema, não tem que sofrer desgaste com essa situação”, diz um pepista que preferiu não se identificar. A sigla é citada pelo ministro Joaquim Barbosa como destino de R$ 4,1 milhões provenientes do valerioduto. “Não houve aliança formal, mas, ainda assim, milhões de reais foram repassados pelo PT ao partido”, disse o relator.

 

Integrante da CPI do Mensalão, que funcionou ao mesmo tempo que a CPI dos Correios, o deputado Nelson Meurer (PP-PR) insiste na versão de que o PP teria recebido recursos do caixa dois do PT para saldar honorários advocatícios. “Se os recursos tinham origem indevida, a culpa não é do PP, foi de quem repassou o dinheiro”, dispara Meurer. “Os comandantes eram aqueles que estavam no governo. Eles são os culpados, não nós”.

 

Perda do mandato à vista

 

No julgamento político, o deputado federal Pedro Henry (PP-MT) escapou da cassação em março de 2006, mas se depender do relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, poderá perder o mandato agora. O ministro sinalizou que vai condenar o parlamentar por formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Ex-líder do PP na Câmara, Pedro Henry foi absolvido pelo voto de 255 deputados. No Supremo, ele pode ser considerado culpado de ter recebido dinheiro em troca do apoio ao governo Lula no Congresso. Uma das punições pela condenação é a perda do mandato e, segundo a Lei da Ficha Limpa, a inelegibilidade pelo período de oito anos a contar após o cumprimento da pena.

 

Pedro Henry e os deputados João Paulo Cunha (PT-SP) e Valdemar Costa Neto (PL-SP) são os responsáveis pela tramitação do mensalão no STF. Congressistas, eles têm a prerrogativa de serem processados e julgados criminalmente no Supremo. Como Henry, João Paulo e Valdemar Costa Neto foram considerados inocentes pelo plenário da Câmara.

No primeiro capítulo, os ministros condenaram por maioria João Paulo Cunha pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. A perda do mandato, no entanto, só ocorre com o trânsito em julgado da ação penal, o que pode levar mais de um ano após o fim do julgamento. O relator também deve julgar procedente a denúncia contra Valdemar Costa Neto pelos mesmos crimes que Pedro Henry responde. O julgamento do subitem que envolve o PL (hoje PR) começa na sessão de amanhã. Ontem os ministros decidiram que nesta semana não haverá sessão extra, como havia proposto Joaquim Barbosa.

 
18/09/2012 
AGRONEGÓCIO
SEGUNDA GERAÇÃO, LONGE DE CONCORRER COM A CANA

A demanda dos Estados Unidos por biocombustível avançado - que emite no mínimo 50% menos gases de efeito estufa que a gasolina - sairá dos atuais 1,9 bilhão de litros para atingir 6,6 bilhões de litros no ano que vem. Até agora, apenas o etanol de cana-de-açúcar vem atendendo a essa demanda, por ser o único a ter sido enquadrado nessa categoria pela Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA, na sigla em inglês).

Para o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, a produção brasileira de etanol não conseguirá atender a essa demanda em 2013. "Portanto, dificilmente haverá biocombustível avançado suficiente para atender essa meta. Pelas regras atuais, o EPA pode fazer um remanejamento ou reduzir as metas. Mas, o fato é que a demanda é crescente", afirma Nastari

Em 2014, o mandato americano para biocombustíveis avançados saltará para 7,6 bilhões de litros e, no ano seguinte, para 9,6 bilhões de litros, até atingir em 2022 a marca de 18,9 bilhões de litros.

O diretor-executivo do Centro para a Agricultura e Desenvolvimento (Card, na sigla em inglês) da Universidade de Iowa, Bruce Babcock, explica que a primeira planta de etanol celulósico dos Estados Unidos está sendo construída agora e que o biocombustível de segunda geração deve estar disponível em algum momento do fim de 2013.

"O volume inicial dessas plantas serão de longe abaixo dos níveis especificados no mandato de combustíveis renováveis. Mas se elas operarem como se espera, mais investimentos devem ser feitos e os Estados Unidos poderiam ser o principal produtor de etanol celulósico em cinco anos", afirma Babcock. (FB)


 
18/09/2012 
AGRONEGÓCIO
SISTEMA OCB E EMBRAPA DEFINEM PPROJETOS PARA 2013

Representantes da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) estiveram reunidos na tarde desta segunda-feira (17) com uma equipe do Departamento de Transferência de Tecnologias (DTT) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para definir projetos e prioridades para o ano de 2013.

 

A atividade faz parte do Protocolo de Intenções firmado entre o Sistema OCB e aEmbrapa, em abril deste ano, que tem por objetivo incrementar a transferência de tecnologias e conhecimentos gerados pela pesquisa agropecuária a profissionais ligados ao setor cooperativista.

“A exemplo da experiência que tivemos no final de 2011, quando promovemos uma capacitação para médicos veterinários com o apoio do Cenargen, estamos com uma expectativa muito boa em relação a esse trabalho junto ao DTT com o objetivo de aplicar nas propriedades rurais dos cooperados o aprendizado desenvolvido pelaEmbrapa”, afirmou o gerente Geral de Desenvolvimento de Cooperativas do Sescoop, Maurício Alves.

 

De acordo com a gerente de Formação e Qualificação Profissional do Sescoop, Andréa Sayar, o acordo entre as instituições tem como foco a formação de multiplicadores, o desenvolvimento de estudos e pesquisas em áreas de interesse comum entre as organizações, além da promoção de ações voltadas a sustentabilidade.

“A reunião de hoje serviu para definirmos que tipos de projetos vamos levar à apreciação da Diretoria do Sistema OCB, que definirá, por sua vez, os que terão execução prioritária, a partir de janeiro de 2013”, relatou a gestora.

 

Segundo Andréa, serão desenvolvidos projetos na área de formação de multiplicadores para áreas específicas. “A ideia é trabalhar com as necessidades das cooperativas de forma segmentada, até atingirmos a totalidade das entidades. Assim, procuraremos identificar as demandas mais urgentes e pontuais, por exemplo, para o setor de leite, de grãos, de culturas de inverno, e assim sucessivamente, mas que apresentem resultados efetivos para os cooperados”, detalhou.

O Protocolo de Intenções firmado entre a Embrapa e o Sistema OCB tem prazo de execução previsto de 36 meses. Participaram, também, da reunião o gerente e os analistas de Ramos e Mercados da OCB, Gregory Honczar, Gustavo Beduschi e Paulo César do Nascimento; a gerente de Promoção Social do Sescoop, Maria Eugênia Ruiz Borba; e as analistas de Desenvolvimento e Gestão, Daniela Stella e Soraya dos Santos

 
18/09/2012 
AGRONEGÓCIO
VAIVÉM DAS COMMODITIES

Brasil ultrapassa EUA na exportação de soja A quebra de safra de soja nos Estados Unidos dará uma dianteira folgada ao Brasil na liderança mundial em exportações da oleaginosa. Com o recuo de safra norte-americana para apenas 72 milhões de toneladas, conforme estimativas do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), os norte-americanos colocarão apenas 29 milhões de toneladas de soja em grão no mercado externo durante a safra 2012/13.

O Brasil, cuja previsão de safra é superior a 81 milhões de toneladas, deverá exportar pelo menos 37,5 milhões de toneladas, segundo estimativa da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).

Se as estimativas de produção e de exportações do Brasil se confirmarem, o país ultrapassará os Estados Unidos em 30% na comercialização de soja em grão. Na safra 2010/11, quando os norte-americanos tiveram "safra cheia", produzindo 91 milhões de toneladas, as exportações daquele país atingiram 41 milhões de toneladas de soja.

 

FARELO

O Brasil ganha espaço também nas exportações de farelo de soja, que devem somar o recorde de 15 milhões de toneladas no próximo ano.

As estimativas para os norte-americanos indicam um recuo para 6,4 milhões de toneladas, uma queda de 25% sobre as exportações de farelo de soja neste ano. As receitas brasileiras com o complexo soja deverão atingir o recorde US$ 30 bilhões. O destaque nesse total é para os US$ 21 bilhões vindos dos grãos. Já os norte-americanos deverão obter receitas totais de US$ 24 bilhões. Desafios Produzir mais carne por hectare em uma área cada vez menor é a nova diretriz da pecuária. Para tanto, usar no rebanho uma genética melhoradora torna-se fundamental.

 

Genética A afirmação é do empresário agropecuário Jovelino Carvalho Mineiro Filho. Segundo ele_-que coloca em leilão 300 touros e 200 matrizes no próximo domingo, em Rancharia (SP)-, usar no rebanho uma genética melhoradora torna-se fundamental para a atividade.

Para baixo Os preços de soja e milho começaram a semana com forte queda na Bolsa de commodities de Chicago. Ontem, o primeiro contrato de soja recuou 4% e o de milho, 4,4%.


Se persistir, estiagem afeta plantio da safrinha

 

A estiagem nas regiões de plantio de soja ainda não preocupa o setor. À espera das chuvas, no entanto, os produtores não se arriscam a fazer o plantio no pó. Essa condição de seca só começará a preocupar os produtores se as chuvas não ocorrerem até a segunda quinzena de outubro. A partir daquela data, o plantio começa a entrar na fase de atraso em várias regiões do país. Esse atraso, no entanto, ainda não será tão prejudicial para a soja, mas para o produtor que está optando pela antecipação do plantio da oleaginosa para fazer uma segunda safra de algodão ou de milho. Esse produtor poderá perder a "janela" do plantio da safrinha.

Com KARLA DOMINGUES


 
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18/09/2012 
COMÉRCIO EXTERIOR
SOBE A MÉDIA DÍÁRIA DA EXPORTAÇÃO

As exportações voltaram a subir na segunda semana de setembro frente à média diária vista em igual mês de 2011. As importações recuaram, porém menos que o declínio visto em setembro do ano passado, apontam dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A média das vendas externas até a segunda semana de setembro é de 1,118 bilhão de dólares, alta de 0,9% ante a média de setembro de 2011, de 1,109 bilhão. Na primeira semana deste mês, a alta era de 0,2%.

A exportação de produtos básicos se destaca: subiu 5,1%, de 540,6 milhões de dólares para 568,4 milhões, em média. Os principais são petróleo, milho em grão, minério de cobre, carnes suína, bovina e de frango.

 
18/09/2012 
COMÉRCIO EXTERIOR
VEDAS DO BRASIL Á ARGENTINA JÁ CAÍRAM USS 3 BILHÕES NO ANO

Cristina Ribeiro de Carvalho ccarvalho@brasileconomico.com.br

A crise econômica argentina e as barreiras criadas pelo governo do país vizinho para evitar saídas de recursos já causam impacto significativo na balança comercial brasileira. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações do Brasil para a Argentina despencaram 18,4% nos primeiros oito meses deste ano sobre igual período de 2011 de US$ 14,6 bilhões para os atuais US$ 11,9 bilhões.

 

Há um desvio de foco do governo de Cristina Kirchner sobre sua atual conduta política econômica, afetando diretamente seus parceiros comerciais, principalmente o Brasil, disse ao BRASIL ECONÔMICO uma fonte ligada ao governo argentino. “O governo de Cristina desvia recursos que deveriam ser investidos na indústria, responsável por aumentar o superávit do país, para subsidiar o crescente número de funcionários públicos e suas elevações de salários, simplesmente para aumentar sua popularidade”, afirma a fonte.

 

A Argentina vem usando mecanismos protecionistas, como o aumento da burocracia na importação de produtos, para tentar salvar o saldo de sua balança comercial, estimada em US$ 10 bilhões para este ano. Diante deste cenário, que dificulta a entrada de produtos brasileiros no mercado argentino, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, é enfático ao afirmar que o saldo da balança comercial brasileira deve cair este ano para US$ 12 bilhões, contra o robusto resultado de US$ 29 bilhões em 2011. “Já o resultado com a Argentina, que foi de US$ 5,8 bilhões em 2011, cairá para algo em torno de US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões.”

 

Mas a torcida para que as coisas melhorem por lá não deve ser tão benéfica para o Brasil. Castro lembra que a retomada de fôlego econômico argentino pode levar o vizinho a estreitar suas relações comerciais com a China. “Já há uma aproximação grande entre eles, com o gigante asiático comprando principalmente commodities, um dos setores fortes da economia argentina. E é exatamente isso que a Argentina precisa agora, dinheiro para sua economia. Com essa abertura de mercado entre esses dois países, podemos perder o nosso terceiro maior parceiro comercial”, destaca.

Para tentar contornar essa situação, José Augusto afirma que uma das saídas é o Brasil procurar fazer parcerias com outros mercados fora do MERCOSUL. Mas com o agravamento da crise econômica nos países da Europa, essa possibilidade tem poucas chances de sucesso no curto prazo. “O Brasil está numa camisa de força. Além do problema da crise, nós não temos acordo com países fora do MERCOSUL, o que torna nossos produtos caros e nada competitivos no mercado externo. Estamos em desvantagem”, aponta.

O ex-secretário de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Weber Barral, segue na mesma linha de Castro, mas considera que apesar de o Brasil perder a participação da Argentina nas relações comerciais, o efeito para a balança comercial pode ser compensado pelo aumento das exportações de commodities agrícolas e minerais. “São esses produtos que até então seguram o nosso saldo, o que deve ser mantido”, opina.

 

Segundo o ex-secretário de política econômica do Ministério da fazenda, Júlio Gomes de Almeida, a Argentina precisa do Brasil para poder vender seus produtos. Contudo, isso não é suficiente mesmo que essa crise seja resolvida no curto, médio e longo prazos. “A Argentina quer achatar o mercado brasileiro, mas ao mesmo tempo ampliar as exportações de seus manufaturados.”

 

 


 
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18/09/2012 
ECONOMIA
APÓS OS OBJETIVOS DO MILÊNIO

Em 2000, 189 países adotaram coletivamente a Declaração do Milênio das Nações Unidas, que evoluiu para um conjunto de objetivos concretos denominados Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs). Essas metas ambiciosas - de reduzir à metade a pobreza extrema, baixar em 75% a mortalidade materna, implementação universal do ensino primário e frear (e começar a reverter) a propagação do HIV/aids - têm como prazo de cumprimento o fim de 2015. Com a aproximação do fim do prazo, especialistas em desenvolvimento estão debatendo uma nova questão: O que virá a seguir?

É praticamente certo que muitos dos ODMs não terão sido cumpridos até o fim de 2015, mas houve sucessos notáveis em algumas áreas. Por exemplo, a meta de reduzir à metade a pobreza extrema (medida pelo número de pessoas que vivem com menos de US$ 1,25 por dia) provavelmente será alcançado antes do prazo estipulado, em grande parte graças ao crescimento fenomenal da China. O país implementou políticas que geraram a maior erradicação da pobreza na história, antes, e independentemente, da Declaração do Milênio e dos ODMs.

É evidente, porém, que os ODMs foram um triunfo de relações públicas, o que não significa menosprezar sua contribuição. Como todos os esforços meritórios de RP, os "objetivos" serviram para sensibilizar, mobilizar atenções e alavancar ações - tudo por uma boa causa. Eles ampliaram a discussão mundial sobre desenvolvimento e definiu seus termos. E há evidências de que tenham feito os países avançados prestarem mais atenção aos países pobres.

A Declaração do Milênio foi concebida como um pacto entre países ricos e pobres do mundo. Os pobres prometeram reorientar seus esforços de desenvolvimento, ao passo que os países ricos comprometeram-se a apoiá-los com recursos financeiros, tecnologia e acesso a seus mercados.

Na verdade, os ODMs tiveram, possivelmente, seu mais claro impacto nos fluxos de ajuda dos países ricos aos países pobres. Um estudo realizado por Charles Kenny e Andy Sumner para o Centro para o Desenvolvimento mundial, em Washington, DC, sugere que os ODMs não só impulsionaram os fluxos de ajuda, como também os encaminharam para países menores e mais pobres, e para áreas específicas, como educação e saúde pública. No entanto, a ajuda não foi diretamente vinculada a desempenho e resultados, e é muito mais difícil saber se ela produziu o impacto geral desejado.

Os ODMs abrangem oito objetivos, 21 metas e 60 indicadores. Muitas críticas têm sido focadas na utilização dessas metas e indicadores numéricos, que, argumentam os céticos, foram mal especificados, erroneamente mensurados e desviaram a atenção de áreas igualmente importantes. Mas essas queixas erram o alvo. Qualquer esforço concreto e exequível necessita monitorar os resultados, e definir metas numéricas claras é a melhor maneira de fazê-lo.

Ainda assim, um paradoxo central vitima esses objetivos. A Declaração do Milênio foi concebida na forma de um pacto entre países ricos e pobres do mundo. Os países pobres prometeram reorientar seus esforços de desenvolvimento, ao passo que os países ricos comprometeram-se a apoiá-los com recursos financeiros, tecnologia e acesso a seus mercados. Mas, estranhamente, das oito metas, apenas a última relaciona-se a "parceria mundial", ou a o que os países ricos podem e devem fazer.

Até mesmo nesse ponto, os ODMs não contêm nenhuma meta numérica para a ajuda financeira ou qualquer outro aspecto da ajuda dos países ricos, em contraste com as metas extremamente específicas relacionadas com a pobreza estabelecidas para os países em desenvolvimento. É, talvez, revelador que os "gráficos de progresso" elaborados pelo Programa de Desenvolvimento da ONU, a agência encarregada de reportar o progresso rumo aos ODMs, registrem apenas o uso da internet, contido nesse objetivo.

Não é claro por que precisamos de um esforço mundial para convencer os países em desenvolvimento a fazer o que é bom para eles próprios. Redução da pobreza e desenvolvimento humano deveriam ser a função primordial para os governos desses países.

É verdade, como sabemos, que esses governos muitas vezes perseguem objetivos diferentes, por razões políticas, militares e outras. Mas é ilusão acreditar que possam ser persuadidos a agir de outra forma apenas devido a recomendações internacionais. Se aprendemos uma coisa nas tentativas de promover o desenvolvimento é que reformas reais não podem ser compradas com dinheiro dos doadores, muito menos com vagas promessas de dinheiro.

Igualmente problemático, os ODMs assumem implicitamente que sabemos como atingir as metas de desenvolvimento, e que faltam apenas recursos e vontade política. Mas é duvidoso que até técnicos governamentais bem intencionados têm boa compreensão e controle sobre, por exemplo, como reduzir as taxas de abandono do ensino secundário de maneira sustentável ou como reduzir a mortalidade materna.

Muitos economistas especializados em desenvolvimento discutem que melhorias significativas de governança e quais instituições políticas são necessárias para que tais objetivos possam ser alcançados. O máximo que os países ricos podem fazer é criar um ambiente propício em benefício de países em desenvolvimento empenhados e capazes de tirar proveito dele.

Essas considerações sugerem um rumo óbvio para a próxima iteração dos ODMs. Primeiro, um novo pacto de desenvolvimento mundial deveria focar mais diretamente as responsabilidades dos países ricos. Em segundo lugar, o pacto precisa enfatizar outras políticas, além da ajuda e do comércio, que têm igual, se não maior, impacto sobre as perspectivas de desenvolvimento dos países pobres.

Uma pequena lista de tais políticas devem incluir: impostos sobre emissões de carbono e outras medidas para amenizar as mudanças climáticas; mais concessões de vistos de trabalho para permitir maiores fluxos de migração temporária oriundos de países pobres; controles rigorosos sobre a venda de armas para países em desenvolvimento; redução do apoio a regimes repressivos; e melhoria no compartimento de informações financeiras para reduzir a lavagem de dinheiro e a evasão fiscal.

Observemos que a maioria dessas medidas visam, na verdade, redução de danos - por exemplo, mudanças climáticas, conflitos militares e crimes financeiros - que, em sua ausência, resultam da conduta dos países ricos. "Não fazer mal" é um princípio tão bom, aqui, como em medicina.

Este tipo de reorientação não será fácil. Os países avançados certamente mostrar-se-ão determinados a resistir a quaisquer novos compromissos. Mas a maioria dessas medidas não custa dinheiro, e como os ODMs têm mostrado, a definição de metas pode ser usada para mobilizar a ação de governos de países ricos. Se a comunidade internacional vai investir em uma nova e ousada iniciativa de relações públicas, deveria concentrar-se em áreas onde os retornos potenciais são os maiores. (Tradução de Sergio Blum).

Dani Rodrik, professor de Economia Política Internacional na Universidade de Harvard, é autor de "The Globalization Paradox: Democracy and the Future of the World Economy (O paradoxo da globalização: a democracia e o futuro da economia mundial).. Copyright: Project Syndicate, 2012.

 


 
18/09/2012 
ECONOMIA
BC LEVA DÓLAR A TER MAIOR ALTA DESDE JULHO

O Banco Central iniciou a segunda-feira jogando duro, com a oferta de até 70 mil contratos de swap cambial reverso meia hora após a abertura dos negócios em São Paulo. O resultado foi a maior alta da moeda americana frente o real desde 23 de julho.

Após o leilão, o dólar acelerou os ganhos da abertura e fechou com alta de 0,94%, a R$ 2,030. O BC aproveitou a tendência externa de valorização para afastar a moeda americana da mínima desde o início de julho, R$ 2,011, registrada na última sexta-feira.

O leilão de ontem marcou a quarta intervenção do BC no mercado de câmbio desde a última quarta-feira, sempre com a oferta de swaps reversos, que têm o efeito de uma compra futura de dólares. No total, a autoridade monetária comprou o equivalente a US$ 5,7 bilhões por meio dos swaps, defendendo o piso de R$ 2 da banda informal - estimada entre R$ 2 e R$ 2,05.

"Nos últimos meses, o governo não anunciou mais medidas de peso para o câmbio, mas manteve o discurso de que prefere o real desvalorizado. O mercado fica ressabiado e acaba aceitando esse patamar perto de R$ 2", disse Gustav Gorki, sócio e economista-chefe da Quantitas, maior gestora de recursos da região Sul, com R$ 11,5 bilhões em ativos. "Medidas pequenas como esses leilões de swap já são suficientes para conter eventuais quedas do real e até para fazê-lo subir", afirma.

Para o economista, o mercado está certo em esperar um aumento no fluxo cambial para o Brasil, na esteira das medidas de estímulo do Federal Reserve. O volume, porém, não deve ser suficientemente alto a ponto de tornar inócuas as intervenções do BC.

"Gestores de grandes financeiras no exterior já começaram a sugerir que investidores assumam mais risco, e a bolsa brasileira está bem descontada. Isso deve influenciar o fluxo para o Brasil", disse Gorki. "Esse fluxo também deve ser direcionado para outros emergentes, por isso não vejo dificuldades para o BC defender o piso de R$ 2."

O cenário externo também contribuiu para a alta do dólar ontem. À medida que a euforia com o afrouxamento monetário feito pelo BC dos EUA diminui, investidores voltam a se preocupar com a Europa. A indefinição quanto à união bancária e o cronograma de adoção das reformas bancárias na zona do euro continuam pesando sobre o mercado. A tensão crescente entre China e Japão com a disputa pela soberania de um grupo de ilhas também reduziu o apetite por risco.

"O cenário interno não está gerando notícias suficientes para mexer no câmbio. Estamos totalmente dependentes do cenário externo", disse Octavio Vaz, sócio da Aquila Asset Management. A única pressão interna vem das intervenções do BC, disse


 
18/09/2012 
ECONOMIA
FAZENDA REVISA PROJEÇÕES E JÁ PREVÊ CRESCIMENTO MAIS FORTE NO QUARTO TRIMESTRE

O Ministério da Fazenda aumentou suas expectativas para o crescimento da economia nos últimos meses do ano. Ontem, o secretário-executivo da pasta, Nelson Barbosa, afirmou que a economia já se encontra em processo de reaceleração, retomando um crescimento anualizado entre 4% e 5% neste semestre. Antes, a equipe econômica usava 4% como teto para essa projeção.

Barbosa afirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer entre 1% e 1,3%, em média, no terceiro e quarto trimestres deste ano, na comparação dessazonalizada com o trimestre anterior.

Segundo ele, esse avanço representa taxa anualizada próxima de 5% ao ano, ritmo no qual a economia deve estar crescendo até o fim de 2012, explicou. Para ele, o desempenho fraco do PIB no início do ano será compensado pelo efeito cada vez mais claro do conjunto de medidas de estímulo que vem sendo adotado pelo governo.

O secretário afirmou ainda que, apesar dessa aceleração, o PIB brasileiro em 2012 deve crescer 2% na comparação com 2011. Para 2013, a expectativa da Fazenda, segundo Barbosa, é de crescimento de 4,5% em relação a 2012.

"Será uma recuperação normal, e também fruto de medidas que o governo tomou no fim do ano passado e mais fortemente no início deste ano", afirmou. Barbosa diz que não é possível, ainda, calcular os efeitos da desoneração da folha de pagamento sobre 40 setores da economia e da redução das tarifas de energia elétrica sobre o PIB, mas esses fatores também contribuirão para a manutenção do ritmo de crescimento entre 4% e 5%.

 

O secretário reforçou o compromisso do governo em trazer a inflação para o centro da meta até o fim de 2013, mantendo a taxa real de juros em níveis baixos. "Há um debate sobre se haveria ou não contradição entre esse meta e o objetivo do governo de promover crescimento entre 4% e 5% em 2013. Não há contradição. É perfeitamente possível crescer isso sem gerar pressão inflacionária."

Segundo ele, o país passa por uma "interrupção temporária" no processo de convergência do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para a meta, causado pelo choque no preço de grãos, resultante da seca nos Estados Unidos.

O governo, acrescentou, também trabalha para criar condições para que os juros não subam. Atualmente, a taxa Selic se encontra em 7,5% ao ano. Barbosa disse não acreditar ser necessário elevar a Selic, caso se concretize um cenário de alta do PIB acima de 4% em 2013, e inflação em torno de 4,5%.

O secretário colocou a redução da taxa de juros, as desonerações da folha de pagamento e a redução do custo de energia no país, tanto para famílias como para indústria, numa "cesta" que já começou a ajudar, neste semestre, a aceleração da atividade no país. Barbosa retomou o discurso de que o governo continuará tomando medidas para evitar a apreciação excessiva do real. "A taxa de câmbio entre R$ 2 e R$ 2,05 ainda é bem apreciada."

O governo está atento aos efeitos da terceira rodada de estímulo monetário adotada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), de acordo com Barbosa. No entanto, ponderou que é cedo para saber quais serão os impactos da medida ao redor do mundo. Segundo o secretário-executivo, a elevada injeção de liquidez promovida pelos bancos centrais para fazer frente à crise, bem como as taxas de juros reais negativas praticadas na economia global, têm o efeito indireto de valorizar o real.

"Esperamos que isso [a injeção monetária] fique circulando na própria economia americana e ajude em sua recuperação", disse Barbosa, mas caso o excesso de liquidez gere apreciação excessiva do real, o governo tomará mais medidas cambiais. "Tomaremos todas medidas necessárias para evitar apreciação do câmbio."

De acordo com ele, o Brasil conta com um sistema de câmbio flutuante, em que o governo atua para evitar valorização ou desvalorização excessiva. "Medida cambial a gente não anuncia antes, a gente toma e explica depois."

 
18/09/2012 
ECONOMIA
GREVE POR REAJUSTE PODE PARAR BANCOS EM TODO O PAÍS

TONI SCIARRETTA CLAUDIA ROLLI DE SÃO PAULO

 

Uma das categorias profissionais mais fortes do país, os bancários decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir de hoje.

Eles buscam reajuste salarial de 10,25% (5% de aumento real). Os bancos ofereceram até o momento 6% (0,58% acima da inflação).

Durante a greve, os caixas de autoatendimento, os correspondentes bancários e o internet banking vão funcionar normalmente para atender os clientes, inclusive para pagamentos.

Quem tiver conta vencendo durante a greve não fica automaticamente dispensado do pagamento, diz o Procon-SP (veja quadro acima). Cada concessionária de serviço pode decidir, no entanto, perdoar a multa e os juros de eventuais pagamentos em atraso devido à greve.

 

QUEDA DE BRAÇO

 

Os bancos argumentam que não podem oferecer reajuste maior porque o momento é "crítico". O setor viu-se pressionado a abrir mão de parte do lucro para cobrar juros menores e a se adaptar a uma economia ainda fria

 

"[O aumento] Ficará um pouco acima da inflação, mas não muito. Não seria num ano como este que daríamos um grande salto", disse Magnus Apostólico, diretor da Febraban (federação dos bancos). Insatisfeitos, os bancários preferiram medir forças com os banqueiros.

"Na mesa de negociação, eles dizem que temos reajuste acima da inflação desde 2004 e que neste ano não darão grandes saltos. Mas a rentabilidade dos bancos continua muito alta, e os juros, os maiores do mundo", afirma Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo (CUT).

 

O reajuste dos bancários influencia o de outras categorias com negociação salarial no segundo semestre, como os metalúrgicos, e baliza os ganhos de todo o setor de serviços -um dos que tem maior peso na inflação. Em 2011, os bancários cruzaram os braços por 21 dias e aceitaram voltar ao trabalho com reajuste de 9% (1,5% acima da inflação). Foi a maior paralisação desde 2004.

 

Além de aumento real de 5%, os bancários pedem participação nos lucros equivalente a três salários mais R$ 4.961,25, piso salarial do Dieese (R$ 2.416,38), vales alimentação e refeição de R$ 622, entre outros pedidos A greve foi definida em assembleias na semana passada, que deram prazo até ontem à noite para receber uma contraproposta.

AUMENTOS REAI

Segundo o Dieese, 97% das categorias que fecharam acordo no primeiro semestre de 2012 tiveram aumento real. A média de aumento real recebido foi de 2,23%. Foi o melhor resultado das negociações desde 1996.Segundo o sindicato, o pagamento de bônus a altos executivos dos quatro principais bancos -Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander- cresceu 9,7% entre 2011 e 2012.

 

 

 

 
18/09/2012 
ECONOMIA
MAIS DO MESMO, DURANTE UM LONGO TEMPO

A crise internacional continua dominando o noticiário econômico. Há sinais de recuperação em partes do mundo - a economia americana deva crescer cerca de 2% esse ano, mas o crescimento na Europa deve ser próximo de zero e o risco de um default na dívida de alguns países europeus afetar o sistema bancário em países credores e desacelerar a economia por todo o mundo continua alto.

O impacto da crise no Brasil é visível e a expectativa de crescimento da economia neste ano é de não mais que 2%. Várias perguntas sobre a economia brasileira nos próximos anos estão no ar, algumas relacionadas diretamente à crise. Neste artigo vou arriscar previsões com relação a algumas delas.

Começando então pela crise internacional. A situação dos bancos na Europa ainda parece bastante frágil e a atenção de muitos analistas está agora concentradas na possibilidade de um default na dívida soberana dos países do sul da Europa. Uma crise de dívida soberana tem normalmente sérias consequências negativas para as economias dos países envolvidos. No caso da Europa, esses custos de um calote são ainda maiores que normalmente.

Um default na dívida soberana parece simplesmente uma transferência de recursos de credores para os países devedores: o devedor deixa de pagar parte do que deve ao credor. Bom negócio para o devedor? Bem, o não pagamento da dívida tem consequências negativas sérias para o país que dá default - afinal, é por conta dessas "punições" que países devedores normalmente pagam suas dívidas.

No caso da Europa, o preço do default para os devedores é particularmente alto, pois pode levar o país a sair do euro (o que é visto como um alto custo pelos devedores) e afastá-lo dos outros países europeus que são, afinal, seus principais parceiros comerciais. Em geral, quanto mais integrados são credores e devedores, maior o custo para o devedor de se dar o default. Pelo alto grau de integração entre países da Comunidade Europeia, não pagar a dívida seria bastante custoso para os devedores.

Para os credores, o default implica em receber menos dinheiro que se esperava, o que é claramente um custo. Esse custo é ainda maior se os credores são bancos em uma situação relativamente frágil, que podem ter sérios problemas com uma queda brusca no valor de seus ativos. Nesse caso, o default na dívida poderia até levar alguns bancos a uma situação de insolvência, o que causaria uma crise financeira no país credor e reduziria o volume de intermediação financeira. Nesse cenário, o problema atingiria não só os credores que tomaram o calote mas a economia do país todo.

A conclusão é que países credores tem muito interesse para tentar evitar o default na dívida e países devedores também estão dispostos a pagar um custo alto para reduzir as chances de um default. A consequência é que credores e devedores estão fazendo muito para sair dessa. Os países devedores estão apertando o cinto até onde conseguem. As drásticas medidas de ajuste fiscal são impopulares, têm ônus econômicos e altos custos políticos - mas o default na dívida seria também muito custoso. O Banco Central Europeu (BCE) tem oferecido crédito aos bancos (que por sua vez têm usado esse crédito para comprar títulos da dívida dos países em crise) e, de maneira geral, credores têm se mostrado dispostos a conceder auxílios e incentivos para que os devedores consigam arcar com parte substancial de suas dívidas.

Um problema é que o mundo e, principalmente, os países desenvolvidos estão crescendo pouco ou nada. Para os pequenos países europeus, isso implica em menor demanda por suas exportações, menos apetite para investimentos e, consequentemente, maior dificuldade para conseguir recursos para pagar as dívidas que estão vencendo.

O que vai acontecer daqui para frente? Provavelmente, mais do mesmo. Com a economia mundial dando alguns sinais de lenta recuperação, tem-se a esperança de que será mais fácil para devedores honrarem seus compromissos e os bancos de países credores podem aos poucos melhorar a situação de seus balanços. Mas isso, se acontecer, vai demorar bastante. Nesse meio tempo, credores e devedores vão continuar se esforçando para evitar uma crise drástica. Nesse cenário, essa incerteza vai persistir por mais um bom tempo, com consequências negativas para as economias da Europa que tem efeitos no mundo todo. Os jornais continuarão falando de reestruturações na dívida de um ou outro país com novos nomes, analisando um outro plano de ajuste num país devedor, e mais uma negociação entre os líderes europeus. O cenário mais otimista tem uma saída da crise suave, mas lenta.

Em suma, a economia mundial deve continuar em ritmo lento e o risco de uma desaceleração drástica existe. Com esse pano de fundo, vamos então falar da situação do Brasil no momento. Para começar, está o Brasil no caminho de uma crise financeira como a que ocorreu nos Estados Unidos e na Europa?

Os primeiros sinais da crise em 2007 vieram com uma queda brusca nos preços dos imóveis, depois de um período de severa alta nos preços. No Brasil, o preço dos imóveis tem subido drasticamente. Estima-se que desde 2008, o preço dos imóveis tenha praticamente dobrado em várias cidades brasileiras, em termos reais. Estão os apartamentos mais caros que estarão (descontada a inflação) daqui a alguns anos? Há uma bolha no mercado imobiliário?

A incerteza vai persistir por mais um bom tempo, com consequências negativas para o mundo todo

Não, não há. O aluguel de um imóvel por um ano tem custado em torno de 5% do valor do imóvel. Com juros reais a menos que 3%, um retorno de 5% é razoável - um prédio de apartamentos deprecia, mas o valor do terreno em cidades grandes tem aumentado no mundo todo. Os aluguéis subiram muito nos últimos anos, por conta de um aumento na demanda por moradia mesmo (um aumento no preço de aluguéis poderia em algumas situações estar refletindo expectativas infladas dos proprietários, mas isso levaria a um grande número grande demais de apartamentos vazios para alugar, o que não se observa hoje em dia). O preço dos imóveis aumentou mais ainda. A relação entre preço de imóveis e o valor dos aluguéis subiu no período, mas parte desse aumento está compensando a queda nas expectativas para a taxa real de juros para os próximos anos.

Se a taxa de juros real cai, é esperado que a razão entre preço e retorno de ativos aumente: num mundo com juros de 5% ao ano, um ativo que paga R$ 1,00 por ano vale R$ 20,00; num mundo com juros de 4% ao ano, o mesmo ativo vale 25 reais. Expectativas de juros menores contribuem para um aumento no preço dos imóveis, seja porque o custo de oportunidade do investidor que compra imóveis para alugar seja menor, ou porque as taxas de financiamento para quem compra a casa própria diminuam.

Claro, nos próximos anos, algumas regiões vão se valorizar e outras vão se desvalorizar, mas essa oscilação de preços relativos de imóveis é de se esperar e não tem nada a ver com uma bolha ou um aumento exagerado nos preços dos imóveis. Em geral, os preços de hoje não estão sinalizando uma queda brusca futura.

Então, o que deve acontecer com o Brasil nos próximos anos? Quais são as questões mais importantes?

Começando pelos riscos para o Brasil no futuro próximo: o sistema bancário brasileiro não parece apresentar riscos sistêmicos, não há no momento um risco de uma crise financeira como a que ocorreu na Europa e nos Estados Unidos nos últimos anos. Há de fato uma grande expansão no crédito e algumas atitudes do Banco Central parecem tentar reduzir o ritmo dessa expansão - e eu não tenho nada contra essa prudência. Mas os riscos de uma crise financeira no Brasil num futuro próximo são baixos.

O Brasil é afetado pela crise basicamente porque nossos parceiros comerciais e as empresas que poderiam investir no Brasil estão comprando pouco e investindo menos - assim como um dono de armazém que vê seus negócios minguarem quando a clientela está sem dinheiro. Além disso, os riscos de uma crise internacional maior (seguindo um default na dívida soberana de alguns países da Europa, por exemplo) fazem as empresas postergarem seus planos de investimento e isso também afeta o Brasil. Mas note que isso não tem nada a ver com os fundamentos da economia brasileira.

De fato, crises têm pouco efeito de longo prazo sobre as economias pelo mundo. O noticiário econômico de 1997 e 1998 era recheado de notícias sobre a crise nas economias no sudeste asiático. O Produto Interno Bruto (PIB) de vários daqueles países despencou em 1998, caindo cerca de 6% a 8% em alguns deles. Uma recessão enorme e, ainda assim, quando vemos um gráfico com o PIB per capita naqueles países nos últimos 50 anos, essa queda pode passar despercebida. O que importa é a capacidade da economia de produzir e é para isso que temos que voltar nossas atenções.

Riscos no cenário macroeconômico então? Inflação disparando quando subir a demanda? Não vejo esse risco. O Banco Central tem derrubado as taxas de juros básicas da economia por conta de um cenário de recessão e a inflação continua dentro da meta (ou seja, abaixo de 6,5%). Se o risco de inflação voltar a bater quando a economia estiver crescendo mais, o Banco Central vai de novo aumentar os juros para manter a inflação abaixo de 6,5%. Idealmente, seria melhor termos um intervalo (explícito) um pouco mais estreito para a inflação, mas o efeito disso no crescimento da economia brasileira é relativamente pequeno.

É de fato curioso que a recente queda nos juros básicos tenha tido tão pouco impacto na inflação e na inflação esperada (embutida nos títulos públicos indexados a índices de inflação) apesar da preocupação de tantos analistas. Eu não acho que a explicação esteja só na fraca atividade econômica deste ano. Com os spreads bancários altos como são e dada a grande proporção do crédito direcionado na nossa economia - por exemplo o crédito do BNDES indexado a TJLP (que não tem nada a ver com a Selic) - não deve ser surpreendente que movimentos na Selic tenham um efeito na atividade econômica menor que o efeito de juros no produto observado em outros países.

Minha expectativa então é que tenhamos crescimento em torno de 3,5% ou 4% nos próximos anos, que é o que o Brasil tem crescido nos últimos 10 anos, pois não há nenhuma mudança substancial de trajetória. Com juros reais mais baixos que nos últimos anos, esse é um bom cenário para o mercado de ações. Mas há riscos de solavancos no caminho.

É curioso que a queda do juro básico tenha tido pouco impacto na inflação registrada e na embutida em títulos

No fim de agosto, quando este artigo foi escrito, o índice Bovespa oscilava entre 55 e 60 mil pontos. Não sou especialista no mercado de ações, não faço avaliação de empresas, então não sei o suficiente sobre esses preços para emitir uma opinião. Julgando pelo cenário macroeconômico, e atendendo ao pedido do Valor para arriscar previsões, acho que há espaço para subir, o retorno esperado no mercado de ações está bom. Só que há o risco de uma queda brusca nos preços das ações (por conta principalmente do agravamento da crise na Europa), e pode ser que apareça uma oportunidade ainda melhor para comprar. O bom retorno esperado vem com um risco de oscilação grande.

Ainda que eu esteja menos preocupado com a macroeconomia, vejo muitas pedras no caminho para o Brasil e uma necessidade grande de reformas microeconômicas. É preciso criar um ambiente de negócios melhor para o setor privado investir, produzir, inovar, etc.

Em geral, nos rankings de países de acordo com a renda per capita, o Brasil está entre a 50ª e a 70ª posição, dependendo da metodologia utilizada. Nos rankings de indicadores sociais (analfabetismo mortalidade infantil, por exemplo), o Brasil aparece um pouco pior, por volta da 90ª ou 100ª colocação. Em termos da facilidade (ou da dificuldade) de fazer negócios, estamos em situação ainda pior.

Vale a pena visitar o site do Doing Business (www. doingbusiness.org/). Há alguns anos, o Banco Mundial e alguns parceiros preparam um ranking que visa medir a dificuldade ou a facilidade de se fazer negócio em cada país. No geral, o Brasil está na 126ª posição, logo atrás de Suazilândia, Uganda e Bangladesh (mas ainda um pouco à frente da Cisjordânia and Gaza).

Esses indicadores sugerem que a dificuldade de se fazer negócios no Brasil é um gargalo importante para a nossa economia, e que reformas nessa área podem nos ajudar no que diz respeito à renda e aos indicadores sociais também. Esse índice é o resultado de uma média que leva em conta 10 critérios (relacionados a pagar impostos, resolver insolvências, fazer valer contratos, etc).

As diferenças entre o ambiente de negócios em diferentes países saltam aos olhos. Demora-se menos de uma semana para se abrir uma empresa em um país com a Inglaterra ou os Estados Unidos, mas vários meses na maior parte dos países mais pobres. Economistas hoje em dia tendem a concordar que essa é provavelmente uma parte importante da explicação sobre as grandes diferenças na renda dos países pelo mundo. Investimento em estrutura física, por exemplo, parece ser menos importante que um bom ambiente de negócios para o crescimento.

O desempenho econômico Brasil nas próximas décadas dependerá de se conseguir implementar reformas que tornem mais fácil fazer valer contratos, pagar impostos, exportar e importar, etc. Quanto a isso, não estamos avançando muito. São esses, ao meu ver, os maiores obstáculos para um crescimento sustentado no médio prazo.

Bernardo Guimarães é professor da Escola de Economia de São Paulo - Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV)

Este é o sexto de uma série de artigos sobre a crise econômica atual e seus prováveis desdobramentos no mercado internacional e no Brasil, feitos por renomados economistas a pedido do Valor.

 


 
18/09/2012 
ECONOMIA
OS SINAIS DA MELHORA

A economia brasileira está dando seguidos sinais de que vai confirmar a previsão de melhoria do ritmo de atividade no segundo semestre. Todos os indicadores preliminares do terceiro trimestre mostram que ele será melhor do que o segundo. A dificuldade será a economia internacional, que continua em compasso de espera. Nos Estados Unidos, ainda paira a ameaça do impasse fiscal.

 

O Banco Central está no mais longo período de queda de taxa de juros. Em um ano, houve redução de cinco pontos. A Fazenda fez vários incentivos, com redução setorial de impostos e medidas mais estruturais, como a mudança da forma de cobrança da contribuição previdenciária. Tudo isso estimula a economia.

 

O Boletim Focus mostrou que o mercado continua reduzindo o crescimento do PIB de 2012. Foi para 1,57%, na sétima semana de redução. Mas até o final do ano as notícias serão melhores. Não em todas as áreas. A projeção para a inflação continua subindo. O dado de ontem foi a 5,26%. Há poucas chances de queda da inflação porque os preços de alimentos permanecerão pressionados.

A previsão de colheita de milho no Estados Unidos da safra 2012/2013 foi reduzida de 375 milhões de toneladas, em junho, para 272 milhões, em setembro, ou seja, 103 milhões a menos. Uma redução de 28%. Isso significa uma oferta menor do grão nos próximos 12 meses. No caso da soja, a previsão foi reduzida de 87 milhões de toneladas para 71 milhões. Queda de 19%. Para a economista Ana Laura Menegatti, da MB Agro, Brasil e Argentina vão conseguir repor a oferta menor de soja dos EUA, mas isso significa que não haverá recomposição de estoques até 2014.

 

— As commodities agrícolas estão em alta e há fundamentos para isso. Será difícil separar o que é aumento de preço por razões de mercado do que é alta por especulação financeira. O repasse de preços para o Brasil tem sido imediato por causa da desvalorização do real — afirmou. O cobre subiu 5,4% na semana passada, o ouro atingiu a maior cotação em seis meses. O petróleo está no maior preço em quatro meses. Tudo isso pode se acentuar com a nova rodada de estímulos nos EUA.

 

O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, acredita que pode haver sim um aumento de preços de commodities metálicas por conta da injeção de dólares do Fed. Mas avalia que o baixo crescimento na Europa e nos EUA vai mudar essa tendência ao longo do ano que vem.

 

A incerteza externa continua, enquanto aqui a situação começa a melhorar. O desafio das autoridades brasileiras será evitar a alta da inflação e manter o crescimento com a economia externa ainda fria. Confira no gráfico abaixo a perda de vigor do comércio internacional. O índice CPB World Trade Monitor, que mede as importações mundiais, desacelerou de 14,5% em janeiro de 2011, numa taxa em 12 meses, para 2,9% em junho deste ano. 

Os pontos-chave

 

1 Há sinais de que a economia brasileira crescerá um pouco mais no terceiro trimestre

 

2 Ainda assim, o crescimento fechado de 2012 será baixo, e com a inflação acima do centro da meta de 4,5%

 

3 O comércio internacional está perdendo vigor. Essa é uma das dificuldades que o Brasil terá que superar

COMALVARO GRIBEL

oglobo.com.br/economia/miriamleitao

 
18/09/2012 
ECONOMIA
PIB

O crescimento do Produto Interno Bruto do Brasil este ano está estimado em 1,7%. Haverá aumento de colaboração estrangeira, visto algumas empresas estarem caminhando com destino a Brasília. Há a esperança de incremento na compra
e venda. Produções agrícola e pecuária estão na conta das necessidades de outros países.

 
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18/09/2012 
INTERNACIONAL
ATOS FIRMADOS POR CARACAS SÃO NULOS, DIZ PARAGUAI

O presidente da delegação do Paraguai no Parlamento do Mercosul (Parlasul), Alfonso González Núñez, afirmou ontem que os documentos do bloco assinados por representantes da Venezuela - integrada ao grupo após Assunção ser suspenso, em julho, em virtude do impeachment relâmpago do ex-presidente Fernando Lugo - não terão validade oficial.

A declaração é mais uma mostra da resistência do governo paraguaio ao ingresso da Venezuela no Mercosul, enquanto Assunção permanece suspenso do bloco. Segundo o jornal paraguaio ABC Color, González ratificou a decisão do governo do país de recusar US$ 43 milhões do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) previsto para ser usado na construção de uma avenida em Assunção - em razão de a liberação do recurso estar assinada pelo chanceler venezuelano, Nicolás Maduro.

Na sexta-feira, as autoridades paraguaias afirmaram que pretendem realizar a obra com papéis do Tesouro do país. O governo de Assunção declarou que o recebimento da verba foi adiado "até que seja corrigida a grave ilegalidade cometida contra os direitos soberanos de participação e deliberação" no Mercosul.

No sábado, o Paraguai apresentou um protesto formal aos governos de Argentina, Brasil e Uruguai contra a decisão do bloco de suspender Assunção. Na nota oficial, segundo o ABC Color apresentada "por instruções expressas" do presidente Federico Franco e assinada pelo chanceler José Félix Fernández, o governo paraguaio afirma que "se reserva o direito de exigir reparação moral" contra "graves arbitrariedades". / REUTER

 


 
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18/09/2012 
MEIO AMBIENTE
SOLUÇÃO AGROAMBIENTAL

Xico Graziano

 

Quando o deputado federal Ronaldo Caiado, por fim, abrandou o discurso e aceitou, naquela quarta-feira 29 de agosto, votar favoravelmente ao relatório da Comissão Especial, levantou-se a senadora Kátia Abreu, presidente da poderosa Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), e lhe beijou a face. O carinhoso gesto, aplaudido de pé, simbolizava o recuo dos ruralistas radicais, permitindo o acordo de votação sobre o Código Florestal. Rara unanimidade.

 

No dia seguinte a Folha de S.Paulo estampava: Governo faz concessões a ruralistas. O Estado de S. Paulo também destacava: Novo Código Florestal beneficia ruralistas. Curiosamente, as manchetes invertiam a realidade dos fatos. Interessante. Nessa discussão da lei ambiental, as notícias sempre tenderam a desfavorecer o campo. Por que será?

 

O assunto básico da Medida Provisória 571 recai sobre as chamadas áreas de preservação permanente (APPs), especialmente aquelas situadas nas margens dos rios. Qual a divergência básica entre ruralistas e ambientalistas? Estes propõem regredir a produção nesses locais, obrigando os agricultores a recuperá-los com vegetação nativa, numa distância mínima de 30 metros ao longo dos cursos d'água. Os ruralistas, ao contrário, querem manter os terrenos já ocupados historicamente, consolidando neles a agropecuária.

No acordo de votação, definiu-se a querela: na situação mais comum, de propriedades médias, em rios estreitos a faixa obrigatória de recuperação ambiental será de 15 metros. Nem zero, nem 30 metros, exatamente a metade. Para aceitar o trato os ambientalistas exigiram que os rios intermitentes também participassem da regra ecológica. Os ruralistas, contrariados, tiveram de ceder.

Vários outros detalhes da legislação florestal, agora definida, comprovam ter funcionado o mote anterior. Buscou-se uma composição capaz de assegurar equilíbrio entre as posições da produção agropecuária e da preservação ambiental. Nem lá, nem cá. A concertação política realizada expressa uma decisão típica, em matérias complexas, dos regimes democráticos maduros. Nem vencidos, nem vencedores. Bom para a sociedade.

No Brasil, porém, as coisas se passam de forma um pouco diferente. Certo preconceito da sociedade urbana, exacerbado recentemente pelo discurso agressivo dos ecologistas, leva os formadores de opinião a tomar posição, invariavelmente, contra os produtores rurais. Estes são os "do mal"; os ambientalistas, "do bem". Triste concepção.

No polarizado debate sobre o Código Florestal, os ruralistas jamais defenderam a possibilidade, muito menos a facilidade, de realizar novos desmatamentos nas matas ciliares. O bicho pegou no suposto "passivo ambiental" da agricultura. Esse conceito, moderno, se refere àquelas áreas que deveriam ter sido mantidas com vegetação nativa, mas acabaram sendo incorporadas à agricultura. Parte desses locais - situados nas encostas montanhosas, nas beiradas de rios e lagoas, no topo dos morros - serve hoje à produção rural, lavouras e pastagens. Ademais, eles recebem residências e instalações, geram trabalho e riqueza.

 

Os ruralistas queriam a regularização dessa ocupação histórica, livrando-se da conta de um passivo que, a bem da verdade, se existir, pertence a toda a sociedade. Afinal, foi exatamente a expansãoagrícola do passado que permitiu o desenvolvimento apreciado no presente. Vale o mesmo para a "reserva legal" das propriedades rurais.

Segundo o Código Florestal, além das áreas de preservação permanente, um porcentual da fazenda, variável conforme a região e o bioma, deveria ser excluído da exploração agropecuária. Por aqui, no Sul e no Sudeste do País, esse pedaço de preservação é de 20%. Por várias razões, porém, a lei nunca foi devidamente cumprida. Pois bem, agora o acordo obriga os produtores rurais a compensarem a supressão florestal realizada anteriormente.

 

Não será tarefa fácil. Fórmulas alternativas procuram torná-la viável. O agricultor, por exemplo, pode recompor suas próprias matas; pode, ainda, adquirir florestas noutros locais, mantendo-as intactas, compensando as que não tem na sua fazenda. Todos precisam regularizar, ambientalmente, sua propriedade. Mas, perceba, nenhum ruralista defendeu a extinção das reservas legais, nem quis facilitar a derrubada de florestas virgens. Nada disso. O problema fundamental residia em como regularizar o passado.

 

Na leitura da sociedade, entretanto, ficou a pecha de que os agricultores são "criminosos ambientais". Imperou o raciocínio simplista, estimulado por certo ambientalismo fundamentalista, de tipo messiânico, que agrada aos jornalistas especializados em vender notícias fortes, sensacionalistas. Os verdadeiros dilemas, que denomino agroambientais, cuja resolução significa um difícil acerto de contas entre o passado e o presente, sucumbiram no jogo da comunicação.

O pior, porém, estava por vir. Lendo os jornais daquele dia, a presidente Dilma Rousseff, assustada com o famigerado acordo com os ruralistas, repreendeu de pronto a sua equipe. Resultado: na semana seguinte, prestes a ser votado no plenário da Câmara dos Deputados, o acerto miou. O senador Jorge Viana, petista de carteirinha, engenheiro florestal, o principal fiador da articulação congressual nessa matéria do Legislativo federal, engoliu as suas palavras. Estaca zero.

 

O governo federal preferiu desmoralizar a boa política, que no fundo patrocinara, a vender à opinião pública uma imagem associada ao ruralismo. Daí surgiu a cena do bilhetinho de Dilma, rechaçando a solução de compromisso pelas regras da democracia. Sua atitude maltrata o campo, despreza o passado. Infeliz país que trata com desdém seus agricultores. * AGRÔNOMO, FOI SECRETÁRIO DE AGRICULTURA E SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO E-MAIL: XICOGRAZIANO@TERRA.COM.BR

 

 

 

 
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18/09/2012 
POLÍTICA
BARBOSA: PT COMPROU ALIADOS

Depois de listar pagamentos de propina e cruzar com datas de votações na Câmara, o relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, assegurou que há farto material para atestar que o PT usou o valerioduto para comprar o apoio de parlamentares aliados ao governo Lula.

 

Ontem, o ministro apresentou a primeira parte de seu voto sobre o capítulo que trata diretamente do repasse a políticos e condenou cinco réus ligados ao PP (Partido Progressista). No voto, Joaquim Barbosa indicou que também fará o mesmo com relação a outros partidos citados no processo no Supremo Tribunal Federal: PL (atual PR), PTB e PMDB, que também receberam dinheiro do esquema. Por fim, julgará os supostos corruptores - entre eles, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

 

O ex-deputado e ex-presidente do partido Pedro Corrêa (PE), o deputado Pedro Henry (MT) e o assessor parlamentar João Cláudio Genu foram condenados por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Os empresários Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg, donos da corretora Bônus Banval, foram condenados por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Barbosa vai formalizar essas condenações na sessão de amanhã.

- Há farta demonstração documental e testemunhal referente aos pagamentos realizados aos parlamentares beneficiados, não havendo qualquer dúvida quanto à existência do esquema de compra de votos a esta altura deste julgamento - afirmou o ministro.

Denúncia não foi vingança política

 

O capítulo tem 23 réus. Barbosa deve prosseguir com seu voto por mais duas sessões. Só depois é que os demais ministros começarão a votar. Na introdução ao voto, o relator concordou com a denúncia do Ministério Público de que o esquema repassou R$ 55 milhões aos partidos. O valor soma a vantagem recebida pelo PT, assunto que será tratado na próxima fase do julgamento.

 

- Nestes autos comprovou-se a realização de transferências milionárias de dinheiro, cerca de R$ 55 milhões, por réus ligados ao PT, em proveito de vários parlamentares de partidos que, diante a sua atuação, passaram a compor a chamada base aliada do governo na Câmara dos Deputados - afirmou. Barbosa afastou a alegação da defesa de réus de que o mensalão foi "invenção" de Roberto Jefferson, presidente do PTB e delator do esquema:

- Apesar de as defesas pretenderem afirmar que o chamado mensalão foi uma invenção de Jefferson para se defender das acusações envolvendo cobrança de propina nos Correios, percebemos, desde o recebimento da denúncia, que as acusações feitas pelo ex-parlamentar estão muito distantes da mera vingança política, ainda que essa possa ter sido a sua motivação inicial.

Apesar de deixar os acusados de corrupção ativa para o fim do voto, Barbosa adiantou sua convicção sobre a participação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares nas ilegalidades. Ele concorda com a versão do Ministério Público de que Delúbio era o responsável por indicar os beneficiários dos recursos: - Os acusados procederam à distribuição de dinheiro em espécie aos parlamentares indicados a Marcos Valério pelo então tesoureiro do PT, Delúbio Soares.

Barbosa: PP recebeu R$ 4,1 milhões

Barbosa disse ainda que, para condenar alguém por corrupção passiva, não é necessário provar que o agente público que recebeu dinheiro do esquema fez algo em troca para merecer. Só o fato de terem recebido o dinheiro já bastaria. No entanto, o relator afirmou que, se fosse necessário, os votos em projetos de interesse do governo configurariam o ato de ofício.

 

O relator citou compra de apoio nas votações das reformas da Previdência e tributária. Mas ressaltou que não foram os únicos casos. Ressaltou que as datas das votações coincidem com as dos repasses aos partidos: - De fato, essas reformas receberam o fundamental apoio dos parlamentares comprados pelo PT e das bancadas por eles orientadas ou dirigidas, exatamente no momento em que foram realizados os maiores repasses de dinheiro aos parlamentares acusados.

Para ele, há ligação direta entre as votações e a propina:

- Fica comprovado que os parlamentares prestaram seu apoio ao governo na Câmara influenciados por esses pagamentos.

 

O relator afirmou que o PP recebeu R$ 4,1 milhões do PT. Para ele, não havia interesse dos petistas em repassar esse valor, a não ser a compra de apoio político. A maior parte do dinheiro veio de saques no Banco Rural, feitos por Genu. Também houve operações trianguladas da corretora Bônus Banval, de Quadrado e Fischberg, e da Natimar, de Carlos Alberto Quaglia. Em algumas ocasiões, o dinheiro era entregue "em domicílio" pelas empresas. - Está cabalmente comprovada a trama arquitetada pelos réus para a lavagem de dinheiro em proveito de pessoas ligadas ao PP - disse o ministro.

Para Barbosa, os dois deputados e o assessor parlamentar formaram uma quadrilha para viabilizar os crimes: - Os recursos foram efetivamente pagos e o apoio foi dado de forma firme e majoritária pelo partido. Houve votações, às vezes muito precárias, com o quórum baixíssimo, em que os votos dos membros desse partido garantiam essas votações. O relator disse que não dará peso a depoimentos de testemunhas com vínculo de amizade com os réus. Nas alegações finais de Dirceu, a defesa ressaltou depoimentos de parlamentares - alguns deles, amigos do réu - que disseram não saber do mensalão.

 

Site do STF divulga penas sugeridas pelo relator

Publicação referente ao crime de lavagem de dinheiro foi feita por engano; Valério levou a pior

 

BRASÍLIA Por um descuido do gabinete do ministro Joaquim Barbosa, o site do Supremo divulgou na sexta-feira passada as penas sugeridas pelo relator para parte dos réus condenados pelo crime de lavagem de dinheiro. A pena mais dura foi dada para Marcos Valério: 12 anos e sete meses de reclusão, além de 340 dias/multa, com cada dia/multa igual a dez salários mínimos, o equivalente a mais de R$ 2,1 milhões.

A dosimetria - o cálculo da pena - já foi retirada do ar. No site do STF, está disponível agora apenas o voto dado pelo ministro na semana passada, sem as penas sugeridas para cada réu.

O relator também sugeriu penas de dez anos de reclusão e 250 dias/multa para os sócios de Valério: Ramon Hollerbach e Cristiano Paz. Para Rogério Tolentino, advogado de Valério, a pena sugerida é a mesma. Barbosa estipulou sete anos e sete meses de reclusão, além de 180 dias/multa, para Simone Vasconcelos, ex-diretora financeira da agência SMP&B, de Valério. Para Kátia Rabello e José Roberto Salgado, dirigentes do Banco Rural, a pena prevista é de 10 anos de reclusão e 250 dias/multa. Barbosa atribuiu a divulgação da dosimetria, antes mesmo de ele se pronunciar, a um erro do seu gabinete. Disse que as penas podem mudar.

 

Para advogado, fatiamento é cruel

 

O advogado Hermes Guerrero, que defende Ramon Hollerbach, ex-sócio de Valério, disse ontem que o julgamento, de forma fatiada, é cruel e desumano com os réus. Para ele, os acusados sofrem um pouco a cada dia. Guerrero defendeu que cada um deveria ser julgado de uma vez só, incluídas todas as imputações apontadas pela ação:

 

- O julgamento é cruel e desumano. Não deveria ser fatiado e, sim, cada um julgado de uma vez só. Assim, há também um fatiamento da honra de cada réu. Cada dia é condenado um pouquinho. Não se sabe nem a pena de cada um já condenado. É uma situação anormal e que atrapalha não o julgamento, mas a Justiça como um todo - disse. Advogados de políticos do PP anunciaram que apresentarão últimos memoriais para tentar absolver seus clientes. José Alvares, defensor do deputado Pedro Henry (PP-MT), disse que ele não conhece os dirigentes da Bônus Banval:

 

- Pedro Henry nunca conheceu Enivaldo Quadrado, Breno Fishberg e quem seja da Bônus Banval. Como também eles nunca conheceram o Henry. E não existiu compra de voto.

 
18/09/2012 
POLÍTICA
MATO GROSSO MAIS FORTE NO MINISTÉRIO

No contexto de um "rearranjo de forças" determinado pela presidente Dilma Rousseff, ummato-grossense deverá assumir a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. O nome com mais apoio da bancada parlamentar do Estado no Congresso é o do atual presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira.

Na semana passada, a presidente pediu ao ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, que nomeasse um representante mato-grossense para a vaga. O Estado é o maior produtor de grãos do país. Mendes Ribeiro procurou o senador Blairo Maggi (PR-MT) e o deputadoHomero Pereira (PSD-MT), que indicaram Silveira.

O senador disse que o objetivo é colocar o Estado na liderança das decisões que serão tomadas. "Resolvemos indicar o Glauber Silveira, que é um técnico e entende do assunto", disse Maggi. Na semana que vem, parlamentares de Mato Grosso deverão formalizar a indicação ao ministro. "A nomeação de Silveira será importante para o Estado", disse Maggi.

O atual secretário de Política Agrícola, Caio Tibério Dornelles da Rocha, que está no cargo desde outubro do ano passado, deverá assumir a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. A ida de Rocha para a secretaria que cuida de cooperativismo é vista, dentro do ministério, como um processo natural para o engenheiro agrônomo gaúcho que já foi presidente da Emater (RS) e secretário da Agricultura de seu Estado durante a gestão do peemedebista Germano Rigotto (2003-2007).


 
18/09/2012 
POLÍTICA
MST ATACA PAI DO FOME ZERO, QUE ELOGIOU AGRONEGÓCIO

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e representantes de sete entidades que atuam na área da defesa dos direitos humanos e de agricultores se disseram ontem "indignados" e com "medo" por causa de artigo do diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, em parceria com Suma Chakrabarti, presidente do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (Berd), no qual os dois afirmam que "o mundo precisa de mais alimentos" na luta contra a fome e sustentam que "o setor privado pode ser o principal motor de tal crescimento". O texto, que saiu no último dia 6, na edição europeia do The Wall Street Journal, tem o título de "Fome por Investimento".

Em sua nota, o MST e seus aliados acusam a FAO e o Berd de pregarem um modelo de agricultura que destrói a produção camponesa. "Indignação e medo foi o que nos provocou o artigo com assinatura de José Graziano da Silva e Suma Chakrabarti", afirmaram. E a nota prossegue: "Ainda que se refiram especificamente à Europa Oriental e ao Norte de África, também fazem um chamado a que os investimentos e a concentração de terras se generalizem em todo mundo".

 

Graziano foi ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome, no início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a ele coube comandar o Programa Fome Zero. Abandonado tempos depois, o programa foi substituído pelo bem-sucedido Bolsa Família.

O artigo dos dois economistas menciona um importante encontro realizado na semana passada, na Turquia, por grandes empresas de agronegócio de vários países da Europa Central. Destacam que "severos períodos de seca, aumento de preço dos grãos e escassez de alimentos (...) constituem um urgente convite à ação". E alinham, a seguir, as avaliações que deixaram os movimentos sociais brasileiros indignados: "Dinâmicas, eficientes empresas privadas transformaram países como Rússia, Ucrânia e Casaquistão, após o colapso de suas fazendas coletivas, em gigantescos exportadores de grãos, em nossos dias".

Esses três países, prosseguiram, "já garantem 15% das exportações mundiais de grãos, e com políticas apropriadas poderão dobrar as suas colheitas". Por fim, eles convidam essas empresas a ampliar seus investimentos em compra de terras. Admitem, porém, que para conseguir mudar o cenário e fornecer mais alimentos ao mundo, "um bocado de trabalho é necessário". E o setor privado "precisa duplicar o investimento em terras, em equipamentos e em sementes". Dizem os dois, por fim, que "o debate sobre o papel do setor privado na segurança alimentar mundial precisa ser levado em conta não apenas na Europa emergente, na Ásia e na África, mas também nos países ocidentais".

 

Reação. Na sua reação às sugestões da FAO e do Berd, a nota do MST e de seus aliados destaca que "(os dois) chamam os governos a facilitar os grandes negócios privados na agricultura". Além disso, trataram "o setor camponês e as poucas políticas de proteção da agricultura que ainda existem como um fardo, um peso que não permite avançar o desenvolvimento agrícola e que deve ser eliminado".

"O que a agricultura e o planeta necessitam é justamente o contrário do que foi proposto pelos srs. Graziano e Chakrabarti. É o sustento das agroculturas do campo, que constituem as formas de vida de metade da humanidade e tornam possível a agricultura camponesa", advertem.

 
18/09/2012 
POLÍTICA
RELATOR DIZ QUE GOVERNO LULA COMPROU VOTOS NA CÂMARA E CONDENA

Felipe Recondo, Ricardo Brito, Eduardo Bresciani e Mariângela Gallucci

BRASÍLIA - O ministro Joaquim Barbosa afirmou nessa segunda-feira, 17, que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comprou votos de deputados e apoio de partidos para aprovar leis na Câmara dos Deputados. Relator do julgamento do mensalão, Barbosa indicou que condenará por corrupção passiva e lavagem de dinheiro todos os parlamentares e ex-deputados acusados de receberem recursos do esquema. Também indicou que vai considerar culpados os acusados de serem os corruptores da Câmara dos Deputados: o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.

 

Os pagamentos a deputados do PP, PMDB, PTB e PR (na época, PL) foram acertados em reuniões com a cúpula do PT e José Dirceu e serviram para garantir votos favoráveis à aprovação das reformas da Previdência, Tributária e Lei de Falências na Câmara, projetos de interesse do governo Lula, segundo o relator.

 

No total, como admitiu o empresário Marcos Valério, R$ 55 milhões foram repassados a parlamentares da base aliada. Recursos que foram pagos por ordem de Delúbio e Genoino, disse o ministro, e só cessaram após o esquema vir à tona em 2005.

 

Barbosa rechaçou a tese de que os pagamentos serviram para pagar despesas de campanha via caixa 2. Não há dúvida sobre a compra de votos”, afirmou. “Esses repasses estão a demonstrar a existência de vinculação do pagamento de vantagens financeiras e o apoio parlamentar dos partidos recebedores.”Ele ressaltou que, mesmo que o dinheiro fosse usado para campanhas, a prática do crime de corrupção estaria configurada. Ele disse ainda que a delação do esquema pelo ex-deputado Roberto Jefferson não foi “mera vingança política”.

 

Barbosa disse que o governo Lula comprou o ingresso do PP na base aliada em 2003. O partido apoiou o adversário de Lula na eleição de 2002, José Serra (PSDB). “Independentemente da destinação dada aos recursos, as provas conduzem à conclusão de que os réus receberam o dinheiro em razão da função parlamentar e em troca da fidelidade do partido ao governo”, disse.

 

O então líder do PP na Câmara, Pedro Henry (MT), e o presidente da legenda à época, Pedro Corrêa (PE), foram condenados pelo relator por crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Os dois receberam dinheiro, no total de R$ 4,1 milhões, por meio de saques do Banco Rural e da corretora Bônus-Banval. “O acusado Marcos Valério foi o elo entre todos os parlamentares e o PT na pessoa de Delúbio que determinava os repasses de dinheiro e as pessoas que seriam beneficiadas”, disse Barbosa, referindo-se ao empresário apontado como o operador do mensalão.

 

O relator chegou a citar o depoimento de um ex-deputado do PP Vadão Gomes, que mencionou haver “notória incompatibilidade ideológica” entre os partidos. “Os deputados do PP praticaram atos de ofício em razão desses pagamentos e coube a Pedro Henry deliberar os votos dos integrantes da bancada na direção que buscavam os corruptores.” O relator também condenou os representantes da corretora Bônus Banval, Breno Fischberg e Enivaldo Quadrado, pelo crime de lavagem de dinheiro. O dinheiro chegou às mãos dos integrantes do PP por meio das empresas.
Na quarta-feira, 19, Barbosa continua a ler seu voto. Serão julgados no item os parlamentares e ex-parlamentares do PR, PMDB e PTB, incluindo Roberto Jefferson.

 

Ao fim do item, o ministro julgará os acusados de serem os corruptores, responsáveis pelo esquema de compra de votos: Dirceu, Genoino e Delúbio. O julgamento desse item pode levar duas semanas ou mais.

 

Decisão do relator ‘não faz sentido’, diz defesa de Henry
Para advogado de Pedro Henry, o voto do relator é "continuidade da acusação"

“Não faz o menor sentido, é subestimar a capacidade dos demais parlamentares, é dar um super poder de ascensão ao Pedro Henry sobre os outros deputados até com mais tempo de Casa”, declarou o advogado José Antonio Duarte Alvares, que defende Henry.

“Ele (Henry) simplesmente refletia a opinião da maioria dos deputados, essa é a posição de um líder da bancada, jamais orientou votos para pagamentos.” Para Duarte, o voto do relator é “continuidade da acusação, leu trechos dos interrogatórios e não os concluiu”.

Ele afirma que Joaquim Barbosa desprezou partes dos depoimentos que, em sua avaliação, mostram que Henry não conduziu a bancada para prática criminosa. “O Janene (José Janene, ex-deputado, morto em 2010) declarou na fase policial que Henry nunca tratou de assuntos financeiros, mas o relator não leu em seu voto.”

“Cada cabeça uma sentença”, disse o advogado Leonardo Yarochewsky, que defende Simone Vasconcelos, ex-diretora financeira de Marcos Valério. “Ela não tinha autonomia.”

 

 

 

 

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