
Para UNICA, custos de conexão à rede limitam bioeletricidade
24/08/2012 17:15
A obrigatoriedade das empresas do setor sucroenergético arcarem sozinhas com os custos da construção de linhas de transmissão, que liguem a usina a um ponto de acesso à rede de distribuição elétrica, pode representar até 30% do total investido em um projeto de bioeletricidade. Este ônus, segundo estudo de pós-doutorado do pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luiz Vicente Gentil, é um dos principais entraves para o crescimento da produção e comercialização de energia elétrica gerada a partir da biomassa da cana no País.
Segundo cálculos de Gentil, as usinas chegam a gastar até US$ 150 mil para poder exportar sua energia excedente, o que acaba inviabilizando o negócio. O estudo, que ele conduziu no âmbito do departamento de Energia da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, inclui dados fornecidos pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA). O pesquisador destaca a necessidade de se encontrar uma forma de adequar a atual regulação, que imputa à fonte geradora todos os custos de conexão à rede controlada pelas companhias distribuidoras.
"Eliminando isso, a bioeletricidade da cana pode atender até 20% de toda a demanda elétrica brasileira, em vez dos atuais 2%. Em um cenário mais pessimista, com 7,7% de participação na matriz nacional, as usinas teriam um faturamento anual de US$ 1,75 bilhão, aproximadamente 6,3% do total de suas receitas,” revela o engenheiro, que também é professor adjunto da Faculdade de Agronomia da Universidade de Brasília.
Outro ponto a ser destacado no trabalho desenvolvido por Gentil no sentido de se aumentar a presença da bioeletricidade no País é um modelo de negócio crescente no setor sucroenergético: a parceria entre usinas e multinacionais do mercado elétrico. “As usinas são responsáveis pela infraestrutura local, enquanto o outro sócio, com boa gestão corporativa e apoio financeiro, assume a produção da energia e tem expertise na comercialização do produto final," explica o professor. Um exemplo recente deste tipo de arranjo ocorreu em março deste ano, com a compra pela CPFL Renováveis de 100% dos ativos de cogeração da usina Ester, associada da UNICA no município de Cosmópolis (SP).
Política setorial
Com ou sem parcerias, na avaliação do gerente em Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Zilmar de Souza, investimentos em cogeração no setor sucroenergético só ganharão força com a adoção de uma política setorial de longo prazo. “Sem uma definição governamental do papel desta fonte na matriz de energia elétrica do Brasil, abre-se espaço para o gás natural, por exemplo, cuja origem não é renovável como o bagaço de cana, concentrando a contratação de energia em poucas fontes de geração,” aponta Souza.
Ele lembra que existem mais de 300 usinas de processamento de cana que podem ser reformadas, passando pelo chamado “retrofit” para aumentar a eficiência do processo de transformação do bagaço em eletricidade. Com o aporte de investimentos, as empresas passariam a exportar excedentes de energia para a rede elétrica nacional. Com isso, a geração de bioeletricidade no País que pode chegar aos 15,3 mil Megawatts médios (MW médios) até 2020, mais do que a energia gerada por três usinas hidroelétricas do porte de Belo Monte.
Apesar disso, a energia elétrica obtida a partir da queima da cana só vem respondendo por pouco mais de 1.000 MW médios, ou seja, 6,5% de seu potencial. Em 2008, o setor sucroenergético chegou a comercializar 600 MW médios nos leilões regulados promovidos pelo Governo Federal, mas de 2009 a 2011, sem política setorial definida, o total comercializado por esta fonte nos leilões regulados ficou, em média, em 90 MW médios.
Para Souza, os leilões ainda são a “porta de entrada” da bioeletricidade no setor elétrico. “Precisamos de uma política setorial de longo prazo que evite a descontinuidade na contratação desta fonte, preservando-se toda uma estrutura tecnológica e operacional de excelência criada para a cadeia produtiva da bioeletricidade, genuinamente tupiniquim” aponta o executivo.
Segundo cálculos de Gentil, as usinas chegam a gastar até US$ 150 mil para poder exportar sua energia excedente, o que acaba inviabilizando o negócio. O estudo, que ele conduziu no âmbito do departamento de Energia da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, inclui dados fornecidos pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA). O pesquisador destaca a necessidade de se encontrar uma forma de adequar a atual regulação, que imputa à fonte geradora todos os custos de conexão à rede controlada pelas companhias distribuidoras.
"Eliminando isso, a bioeletricidade da cana pode atender até 20% de toda a demanda elétrica brasileira, em vez dos atuais 2%. Em um cenário mais pessimista, com 7,7% de participação na matriz nacional, as usinas teriam um faturamento anual de US$ 1,75 bilhão, aproximadamente 6,3% do total de suas receitas,” revela o engenheiro, que também é professor adjunto da Faculdade de Agronomia da Universidade de Brasília.
Outro ponto a ser destacado no trabalho desenvolvido por Gentil no sentido de se aumentar a presença da bioeletricidade no País é um modelo de negócio crescente no setor sucroenergético: a parceria entre usinas e multinacionais do mercado elétrico. “As usinas são responsáveis pela infraestrutura local, enquanto o outro sócio, com boa gestão corporativa e apoio financeiro, assume a produção da energia e tem expertise na comercialização do produto final," explica o professor. Um exemplo recente deste tipo de arranjo ocorreu em março deste ano, com a compra pela CPFL Renováveis de 100% dos ativos de cogeração da usina Ester, associada da UNICA no município de Cosmópolis (SP).
Política setorial
Com ou sem parcerias, na avaliação do gerente em Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Zilmar de Souza, investimentos em cogeração no setor sucroenergético só ganharão força com a adoção de uma política setorial de longo prazo. “Sem uma definição governamental do papel desta fonte na matriz de energia elétrica do Brasil, abre-se espaço para o gás natural, por exemplo, cuja origem não é renovável como o bagaço de cana, concentrando a contratação de energia em poucas fontes de geração,” aponta Souza.
Ele lembra que existem mais de 300 usinas de processamento de cana que podem ser reformadas, passando pelo chamado “retrofit” para aumentar a eficiência do processo de transformação do bagaço em eletricidade. Com o aporte de investimentos, as empresas passariam a exportar excedentes de energia para a rede elétrica nacional. Com isso, a geração de bioeletricidade no País que pode chegar aos 15,3 mil Megawatts médios (MW médios) até 2020, mais do que a energia gerada por três usinas hidroelétricas do porte de Belo Monte.
Apesar disso, a energia elétrica obtida a partir da queima da cana só vem respondendo por pouco mais de 1.000 MW médios, ou seja, 6,5% de seu potencial. Em 2008, o setor sucroenergético chegou a comercializar 600 MW médios nos leilões regulados promovidos pelo Governo Federal, mas de 2009 a 2011, sem política setorial definida, o total comercializado por esta fonte nos leilões regulados ficou, em média, em 90 MW médios.
Para Souza, os leilões ainda são a “porta de entrada” da bioeletricidade no setor elétrico. “Precisamos de uma política setorial de longo prazo que evite a descontinuidade na contratação desta fonte, preservando-se toda uma estrutura tecnológica e operacional de excelência criada para a cadeia produtiva da bioeletricidade, genuinamente tupiniquim” aponta o executivo.
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