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Pesquisa mapeia a oferta e o consumo de orgânicos no Brasil
16/11/2012 09:11
Estudo apresentado na Esalq mostra como os brasileiros se comportam em relação à disponibilidade de alimentos livres de insumos químicos
por Globo Rural On-line
A busca por alimentos produzidos de forma mais sustentável, com métodos orgânicos de produção, é uma tendência que vem crescendo em todo o mundo. Apesar de seguir esse movimento, no Brasil ainda faltam dados sobre a disponibilidade desses produtos e o consumo alimentar baseados em pesquisas populacionais. Informações desse tipo permitem conhecer a situação atual e viabilizar o acompanhamento das mudanças ocorridas nos últimos anos. Pensando nisso, a economista doméstica Edinéia Dotti Mooz descreveu no programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/Esalq), a disponibilidade de alimentos orgânicos nos domicílios brasileiros.
O trabalho baseou-se nos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 19 de maio de 2008 e 18 de maio de 2009, considerando uma amostra de 55.970 mil domicílios de áreas rurais e urbanas de todo o território brasileiro. "Descrevemos a disponibilidade domiciliar de alimentos orgânicos no Brasil, de acordo com as regiões, unidades da federação, estrato geográfico (rural ou urbano), rendimento mensal familiar e a contribuição dos grupos de alimentos”, explica Edinéia.
Além disso, o estudo também analisou o conteúdo de energia, macronutrientes, fibras, vitaminas, minerais ecarotenoides, oriundo dos alimentos orgânicos e caracterizou as famílias segundo as condições sociodemográficas. Dessa forma, foi possível ver a diferença na disponibilidade dos orgânicos nas cinco regiões, de acordo com a situação dos domicílios e o rendimento familiar. "Os resultados podem ser considerados referenciais por envolver análises de dados obtidos de forma pioneira no Brasil”, diz a autora da pesquisa, conduzida sob orientação da professora Marina Vieira da Silva.
Os dados mostraram a relação existente entre o aumento da renda e a oferta dos orgânicos em todas as
regiões brasileiras. A disponibilidade média domiciliar é superiores entre as famílias de áreas rurais,
notadamente nas regiões Sul e Centro-Oeste. A menor a aquisição foi observada nas áreas rurais do Norte eNordeste. Segundo a pesquisa, o nível de renda é fator relevante ao consumo de alimentos orgânicos. Em relação aos grupos alimentares, a região Sul se destaca no consumo de produtos de origem láctea. Já o Centro-Oeste supera as médias nacionais para os grupos de aves e carnes. "O consumo de alimentos orgânicos de origem animal se destacou em relação a produtos considerados relativamente mais baratos, como frutas e vegetais”, aponta Edinéia.
O estudo ainda mostrou que, quanto menor o número de moradores por domicílio, maior a disponibilidade
alimentar de orgânicos. O aumento da renda faz crescer a disponibilidade de orgânicos nos domicílios com chefe ou responsável do sexo feminino. Já a propensão ao consumo é maior entre os mais velhos (60 anos ou mais). “No entanto [a pesquisa], evidencia a reduzida quantidade (média) disponível de alimentos
orgânicos para a totalidade das famílias brasileiras”, comenta a economista.
A produção orgânica é considerada estratégica na implementação de políticas públicas de segurança alimentar e nutricional. Por isso, a pesquisadora ressalta a importância do investimento em ações
voltadas para a cadeia produtiva, já que o Brasil se destaca como um dos grandes produtores em área
plantada no segmento. "Sugerimos ações direcionadas ao fortalecimento da agricultura orgânica familiar e para amudança de hábitos alimentares envolvendo atividades relativas à educação para o consumo e o desenvolvimento de técnicas de produção mais seguras do ponto de vista da saúde, da produtividade e da sustentabilidade", completa Edinéia.
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