Pesquisa mostra como produzir arroz com baixo consumo de água

13/05/2013 11:04

 

Apesar da economia, produtividade atinge níveis próximos aos da produção irrigada

por Globo Rural 
 Shutterstock
Técnica proporciona uma alta considerável na produtividade do arroz sequeiro, atingindo níveis compatíveis com os do sistema de irrigação por inundação (Foto: Shutterstock)

Uma pesquisa brasileira sobre o cultivo do arroz sequeiromostrou que é possível alcançar um nível de produtividadeelevado, com grande economia de água. Coordenado pelo professor titular da Faculdade de Ciências Agronômicas daUniversidade Estadual Paulista (Unesp), Carlos Alexandre Costa Crusciol, e realizado com o apoio da Fapesp, o estudo aponta que, com o fornecimento de água pelas chuvas e complementado por sistema de irrigação por aspersão nosperíodos secos, a produção de arroz em condições não alagadas tem obtido produtividades de até 6.000 kg/ha (média do arroz irrigado é de 7.000 kg/ha) gastando muito menos água. Sem a complementação hídrica, a média de produtividade é aproximadamente 2.700 quilos por hectare. Isso porque, domesticado em ambientes inundados, o arroz apresenta baixa tolerância à falta d’água, principalmente no período de pré-floração e de floração. 

A produção do arroz pelo sistema tradicional de irrigação porinundação (no qual os cultivares recebem uma lâmina de água de cerca de 7 a 10 centímetros por até 120 dias) consome de 24% a 30% de toda a água doce disponível no mundo. No Brasil, atualmente, 65% dos arrozais utilizam o sistema de sequeiro ou terras altas. No entanto, dependendo unicamente das chuvas para a hidratação, respondem por apenas 35% do arroz produzido no país. Assim, a pesquisa pode representar um grande impacto positivo na produção do arroz sequeiro, comumente produzido no cerrado brasileiro. 

No experimento, apenas 8,7% da água fornecida aos cultivares durante o primeiro ano veio da irrigação por aspersão, enquanto o restante originário das chuvas. Nesse caso, a produtividade teve um incremento de 54,4%. Já no segundo ano, a irrigação por aspeção forneceu 14,5% da água para a cultura, que obteve um aumento de 43,1% na produtividade. Com isso, segundo concluiu o coordenador da pesquisa, mostrou-se que a técnica proporciona uma alta considerável na produtividade, atingindo níveis compatíveis com os do sistema de irrigação por inundação, embora esse aumento não seja proporcional ao volume de água disponível pela irrigação. 

Outro fator que contribuiu para o êxito da pesquisa é a qualidade do arroz do Brasil, que possui os melhores materiais do mundo, resultantes de várias décadas de melhoramento por seleção genética – inicialmente promovida pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e, depois, pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Algumas cultivares brasileiras já têm boa tolerância a curtos períodos de estresse hídrico (deficiência de água). 

Para compensar os altos custos de investimento na irrigação por aspeção - já que o preço do arroz geralmente não compensa, o estudo sugere a rotação de culturas como grãos (feijão, soja, milho doce), fibras (algodão) ou hortaliças (batata, tomate, pimentão etc.). Além do maior valor agregado nessas culturas, a técnica otimiza o uso dos equipamentos e obtém vantagens adicionais, como a interrupção do ciclo de pragas e doenças que afetam essas outras culturas, principalmente no período chuvoso (no qual o arroz é cultivado).

 

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