PIB do campo caiu 0,8% no 1º tri, diz CNA

12/06/2012 18:53

 

Gerson Freitas Jr ( Valor Online)

O produto do agronegócio (PIB) recuou 0,75% no primeiro trimestre de 2012 em relação ao mesmo período do ano passado, apontou estimativa divulgada ontem pela CNA em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ligado à USP


 

 

O produto do agronegócio (PIB) recuou 0,75% no primeiro trimestre de 2012 em relação ao mesmo período do ano passado, apontou estimativa divulgada ontem pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ligado à USP. O cálculo leva em consideração não só a produção agropecuária, mas também os segmentos de insumos, processamento e distribuição.

 

Considerado de forma isolada, o produto da agropecuária (atividade primária) ficou praticamente estagnado no período - expansão de 0,03%. A agricultura foi a vilã, com queda de 0,99%, mas o resultado foi compensado pelo crescimento de 1,41% na atividade pecuária.


 

Os números diferem bastante daqueles apresentados no dia 1º pelo IBGE. Na ocasião, o instituto informou que o PIB da agropecuária despencou 8,5% no primeiro trimestre, o que se explica por uma questão metodológica.

 

Uma das diferenças fundamentais é que o PIB calculado pelo Cepea leva em conta tanto a evolução do volume como dos preços da produção (descontada apenas a inflação do período). No cálculo do IBGE, os preços são constantes, o que evidenciou os efeitos da quebra da safra de grãos no Sul do país. Também há distinções em relação às estimativas de produção e ao peso de cada atividade no cálculo da atividade no primeiro trimestre.

 

Se considerados todos os elos da cadeia, o PIB da agricultura recuou 1,22% no período, pressionado principalmente pelo fraco desempenho da indústria processadora, que encolheu 1,98%. Os setores industriais ligados à agricultura mais afetados foram os de elementos químicos (-9,9%), têxtil (-6,09%), açúcar (-2,76%) e óleos vegetais (-2,17%). Já indústria torrefadora de café registrou expansão de 5,67%, acompanhada pelo segmento de "beneficiamento de produtos vegetais", que cresceu 2,39%. Ainda no agronegócio agrícola, os segmentos de insumos (-0,28%) e distribuição (-0,81%) também tiveram resultados negativos.

 

Já a pecuária teve um trimestre favorável sob a ótica do Cepea. Impulsionado pela alta de 1,41% na atividade primária, o setor encerrou o trimestre com expansão de 0,33%. O PIB da indústria de base pecuária recuou pelo terceiro trimestre consecutivo (-2,2%). Segundo o Cepea, a retração reflete a queda dos preços e do volume produzido nos segmentos de abate e laticínios. "Na indústria do abate, as vendas da carne, em março, ficaram abaixo das expectativas, agravando o recuo de preços no período", observa a instituição.

 

Segundo o levantamento, o alto volume de lácteos importados, especialmente de queijos e leite em pó, também pesou sobre a indústria nacional, "que poderá ter dificuldades para repassar ajustes concedidos à matéria-prima".

 

Já o Ministério da Agricultura revisou para cima sua estimativa para o valor bruto da produção (VBP) das 20 principais culturas agrícolas do país em 0,7% - de R$ 211,2 bilhões para R$ 212,7 bilhões em 2012. A comparação com o cálculo do ministério para 2011 (R$ 218,2 bilhões), porém, ainda indica uma queda de 2,5%.

 

O leve ajuste para cima em relação ao montante divulgado no mês passado decorre da melhora das expectativas para o milho, sobretudo diante da grande safra de inverno projetada pelos órgãos oficiais (Conab e IBGE). Para o grão, o ministério passou a prever VBP de R$ 30,3 bilhões, 3,8% mais que o estimado em maio e quase 20% acima de 2011.

 

Mesmo com a quebra da safra de verão provocada pela estiagem na região Sul, a soja deverá manter a liderança entre as culturas de maiores VBPs do país, com R$ 47,7 bilhões. O valor é praticamente o mesmo que o previsto no mês passado e 13,6% inferior ao resultado recorde de 2011, de acordo com o ministério.

 

A cana-de-açúcar deve ficar em segundo lugar no ranking, com VBP de R$ 43,6 bilhões em 2012, mesmo valor estimado em maio e 8,5% acima do ano passado. (Colaborou FL)

 

 

 

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