Produtores de algodão dos EUA brigam na justiça contra a Cargill

31/10/2012 15:04

 

Associação de produtores alega que a companhia deixou os cotonicultores expostos a quedas de preços

por Globo Rural On-line
 Shutterstock
Pequenos produtores nos EUA são dependentes de grandes empresas, que intermediam o comércio

Um pequeno grupo de produtores de algodão nos Estados Unidos está em clima de briga com a gigante decommodities Cargill, alegando que as práticas de negociações da empresa já lhes custaram US$ 35 milhões e deixaram alguns cotonicultores perto da ruína, segundo uma matéria publicada no The Wall Street Journal

Associação do Algodão Autauga Quality - cooperativa dos produtores - entrou com pedido de arbitragem para tentar recuperar o dinheiro, alegando que a Cargill praticou "um sistema de comportamento imprudente que corresponde à negligência flagrante", segundo a queixa. 

A briga, que está sendo arbitrada pela Bolsa de Algodão de Memphis, oferece um raro vislumbre do mercado de algodão, que é dominado por uns poucos grandes nomes como Cargill, Louis Dreyfus Holding BV e Noble Group. Ela ilustra a dependência que pequenos produtores têm em relação a essas empresas, que agem como intermediários, encontrando compradores para o algodão. 

Essas empresas também negociam nos mercados futuros em nome dos produtores, ajudando-os a se proteger contra variações no preço do algodão. Fortes oscilações de preço nos últimos anos puseram esse relacionamento à prova. Ano passado, os futuros de algodão subiram 51% em pouco mais de dois meses, para um recorde de US$ 2,1515 a libra, ou pouco menos de meio quilo, em março. Então, caíram cerca de 60% até o fim do ano. 

A Autauga, sediada no Estado de Alabama, alega que a Cargill deveria ter feito proteções, ou hedges, nos mercados futuros em nome dos agricultores para ajudá-los a obter bons preços pela produção. Em vez disso, afirma a Autauga, a Cargill fez os hedges a princípio, mas depois os removeu, deixando os cotonicultores expostos a quedas de preços. 

"Acreditamos que a alegação é infundada e que vamos prevalecer nessa questão", disse o porta-voz da Cargill, Mark Klein, em e-mail. A empresa não quis comentar mais, citando confidencialidade do processo de arbitragem. 

A Autauga, que tem 700 membros, vinha fazendo negócios com a Cargill e sua predecessora por 45 anos. Muito embora pequena, a cooperativa era a maior cliente de algodão da Cargill. Em fevereiro deste ano, depois de registrar perdas, a cooperativa parou de fazer negócios com a Cargill, mostra o processo. 

A Autauga alega no processo que em setembro de 2011 a Cargill removeu hedges sem sua permissão, deixando os produtores expostos a quedas repentinas de preço. Como resultado, os produtores receberam só 77 centavos por libra de seu algodão, em vez dos US$ 1,10 a US$ 1,20 que vinham esperando. No total, a discrepância custou cerca de US$ 35 milhões para os produtores, alega a Autauga.

 

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