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Rally da Safra termina com elevação de estimativas para safra
27/03/2013 15:54
Colheita da soja deve superar 84 mi de toneladas e milho deve ser de 38 mi de toneladas; logística é o maior gargalo
por Viviane Taguchi - Globo Rural
Os organizadores do 10º Rally da Safra anunciaram nesta terça-feira (26/3), em São Paulo, o balanço final de estimativas para a safra 2012/2013 de soja e milho. De acordo com a Agroconsult, empresa organizadora do evento, após percorrer 90% da área plantada com grãos em todo o Brasil – regiões Centro-Oeste, Norte, Nordeste e Sul – elevou as projeções para as duas culturas. “Nestes dez anos, a agricultura nacional vivenciou um crescimento muito significativo. Na soja, a área plantada cresceu 50%, de 18,5 milhões de hectares em 2002/2003 para 27,8 milhões de hectares em 2012/2013, uma expansão de 4,1% ao ano”, diz André Pessôa, sócio diretor da agroconsult.
De acordo com ele, as estimativas para a produção de soja são de 84,4 milhões de toneladas, em 27,8 milhões de hectares, e produtividade média de 51 sacas por hectare. A produção de milho verão deve ser de 38,1 milhões de toneladas, 7,4 milhões de hectares (na safra anterior, a área plantada com o cereal foi de 7,6 milhões de hectares) e produtividade média de 100 sacas por hectare. Com a safrinha de milho, o volume total deve chegar a 73,4 milhões de toneladas.
Na soja, Mato Grosso continua liderando a produção, com 24,5 milhões de toneladas, em 7,9 milhões de hectares e produtividade média de 52 sacos por hectare. Em seguida, vem o Paraná, com uma produção de 15,8 milhões de toneladas cultivados em 4,7 milhões de hectares e produtividade média de 56 sacas/hectare. Rio Grande do Sul segue como o terceiro maior produtor, com uma safra estimada em 13,5 milhões de toneladas.
Para o milho, o maior produtor continua sendo o Paraná, com estimativa de produzir 7,3 milhões de toneladas em 800 mil hectares. Neste caso, a produtividade média será de 145 sacos por hectare. Em seguida, vem Minas Gerais, com 7,1 milhões de toneladas (1,2 milhão de hectares e 102 sacos por hectare) e o Rio Grande do Sul, 6 milhões de toneladas em 1 milhão de hectares e produtividade média de 97 sacos por hectare.
A ocorrência de pragas, sobretudo lagartas, nas lavouras de grãos foram influenciadas pelos veranicos ocorridos em várias regiões. Segundo André Debastiani, Analista da Agroconsult, pragas antes consideradas secundárias ou terciárias como a helicoverpa armigera, que atacou fortemente as lavouras do Oeste da Bahia, estão se tornando primárias. “É uma mudança de ambiente e precisamos nos adaptar a esta nova realidade”. Por conta deste fator, a próxima safra de grãos também já sairá mais cara por investimentos necessários em defensivos.
Debastiani compara o aparecimento das lagartas com a época em que a ferrugem da soja surgiu por aqui. “O dano foi mais no quesito financeiro (e recursos que o produtor precisou utilizar para controlar a infestação) e não desconhecimento. Em 2004, quando a ferrugem apareceu, ninguém sabia lidar com ela”, lembra.

A falta de infraestrutura logística é a prioridade da atual safra, “um problema emergencial”, considerada Pessôa. “É crônico, que vai se repetir até 2020 ou mais. Porém, não dá mais para esperar mais uma década para começar, tem que começar agora”, diz ele. “Nas próximas safras, 2014 e acredito, até 2015 ainda teremos muitos problemas como estes de hoje, e nesta atual safra, estes problemas persistirão até meados de setembro”.
De acordo com o consultor, as obras de investimento no setor são rápidas e poderiam desafogar grande parte da safra que atualmente é escoada pelos Portos de Santos e Paranaguá. Ele cita como prioridade as hidrovias que ligam os portos da região Norte. “Viabilizar o escoamento pelo Porto de Belém, por exemplo, permitiria exportar mais um milhão de tonelada e por São Luiz, sairíamos dos atuais 4 milhões de toneladas escoadas lá para pelo menos 10 milhões de toneladas”, afirma.
Os problemas imediatos que a falta de infraestrutura traz, além dos congestionamentos, é a queda do preço, influenciada pela demora nos embarques. “As tradings estão sofrendo com custos muito acima das previsões no início da safra”, diz. Segundo ele, isto está acontecendo porque o preço do frete, o prêmio no porto e a demurrage (atraso diário dos navios) subiram. “É uma cadeia que está trabalhando muito no limite, que precisa de antecipação para não elevar muito este custo”. Se o frete continuar subindo no ritmo atual (aumento de 40% para distâncias longas e 25% para distâncias curtas), segundo ele, o governo terá que intervir.
A exportação ficará mais espalhada ao longo do ano, acredita André Pessôa. “Não será tão surpreendente se terminarmos o ano exportando grandes volumes de milho e começar o próximo ano exportando grandes volumes de milho”, diz ele. “Nós temos que nos adequar, é uma transição de modelo de logística. Antes, era caro. Agora, será caro e precário”.
Pelas andanças do Rally da Safra, Pessôa diz que na região do Alto Taquari (MT) e Alto Araguaia (MT), a situação dos portos secos (ferrovias) é muito pior que a de Santos ou Paranaguá. “É um volume imenso de caminhões esperando na fila, é grave”. Ele diz ainda que nas regiões leste de Mato Grosso, Piauí e Bahia as condições das estradas são muito ruins.
Além dos problemas com logística, os próximos desafios da agricultura nacional para os próximos dez anos, de acordo com o balanço final do Rally da Safra são a concentração e consolidação de produtores, seguro agrícola e mecanismos de proteção de renda, lidar com as consequências da biotecnologia, o apagão de mão de obra e a sustentabilidade, que incluem as novas leis do Código Florestal, a conversão de pastos em lavouras e a integração lavoura, pecuária floresta (ILPF).
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