Trigo é mais atraente que o milho na safra de inverno

19/02/2013 17:48

 

Segundo o Cepea, grão proporciona remuneração suficiente para o produtor optar pela cultura

por Globo Rural On-line
 Shutterstock
Cotações do trigo recebidas pelo produtor estão em alta e as do milho, enfraquecidas com a entrada da safra verão

Depois de ter perdido área para o milho e ver sua expansão diminuída nas últimas safras, o trigo se recuperou e volta a ser economicamente competitivo diante do cereal, de acordo com cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP divulgados nesta segunda-feira (18/2). 

Segundo o Cepea, o trigo proporciona remuneração suficiente para que o produtor opte pela cultura na safra de inverno. Para os pesquisadores do instituto, o trigo deve se manter vantajoso mesmo com a suspensão dos 10% da Tarifa Externa Comum(TEC) concedida pelo governo brasileiro no início de fevereiro. 

Os estudiosos selecionaram as regiões norte do Paraná ePasso Fundo (RS) para calcular a competitividade econômica do milho e do trigo na safra de inverno que começa a ser cultivada. Em Passo Fundo, considerando-se a produtividade de 52 sacas de trigo por hectare, a rentabilidade seria de 17,3% sobre o preço médio observado nos últimos três meses (novembro a janeiro), de R$ 31,17 sacas por hectare. No norte do Paraná, onde a produtividade média é de 41,32 sacas por hectare, a rentabilidade seria de 38,5%, com base o preço médio de R$ 35,86 sacas por hectare de 60 kg. Já o milho safrinha na região norte do Paraná teria uma rentabilidade de 15,3% com base no preço médio de R$ 26,18 sacas por hectare de 60 kg. 

Em custos totais, o cultivo de trigo em Passo Fundo geraria receita praticamente igual ao custo, com rentabilidade praticamente nula. No norte do Paraná, no entanto, a rentabilidade do trigo seria positiva em quase 23%, enquanto a do milho se limitaria a 5%. 

O levantamento também considera que as cotações do trigo no mercado de balcão (recebidas pelo produtor) estão em alta e as do milho, enfraquecidas com a entrada da safra verão.

TEC

Tarifa Externa Comum do governo prevê a importação de 1 milhão de toneladas de fora do Mercosul entre 1° de abril e 31 de julho. Para o Cepea, se a TEC for liberada para apenas 1 milhão de toneladas e houver aumentos nos preços mínimos, há boas chances de que a área de trigo brasileira não diminua. A possibilidade de exportação e a boa liquidez interna da última safra seriam outros pontos favoráveis ao trigo na tomada de decisão do produtor. 

Com a quebra da safra nacional, o Brasil precisará importar cerca de 2 milhões de toneladas do grão a mais do que em anos anteriores, sobretudo de países de fora do Mercosul, já que a Argentina também produzirá menos neste ano.

 

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